Músicos que tocaram no Carnaval de BH ainda não receberam cachês

Apesar de ter anunciado no sábado edital para financiamento de eventos durante a Copa do Mundo, a Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur) ainda não pagou vários artistas que se apresentaram durante a programação de carnaval organizada pela prefeitura na capital mineira. Entre artistas que preferem não comentar o caso temendo represálias e outros calejados por atrasos anteriores, já tem gente acionando o Ministério Público.

“Nunca me senti tão humilhado. Estou vendendo equipamentos meus, pois estou sendo ameaçado de despejo e músicos que não são da minha banda e foram contratados para virem tocar aqui estão me ameaçando. Estou entrando com denúncia no MP contra a prefeitura e a Belotur para que todos saibam o que está acontecendo com os músicos”, reclama Túlio Araújo, percussionista do grupo Samba de Luiz.

Ele relata ter tido problema com a prefeitura em outras ocasiões, quando chegou a receber cachê cerca de 90 dias depois do previsto. “Tive que comprovar até estado civil, além de fornecer todo tipo de certidão. Gastei uns R$ 500 reais para pegar uns 30 documentos antes do show, alguns que nunca precisei tirar antes. Pediram até notas fiscais de shows que fiz anteriormente, para provar que eu não estava inflacionando valores. Nunca mais quero tocar para a prefeitura”, desabafa.

A mesma reclamação é feita por Ângela Lopes, produtora e mulher do violeiro Chico Lobo, que também tocou no carnaval de BH. “Antes eram cinco os documentos. Este ano tive de apresentar certidão de casamento original, coisa que nunca precisei antes e olha que trabalho há 20 anos na área”, afirma. Ela diz ter ficado quatro anos sem trabalhar com a Belotur devido aos atrasos.

A maioria dos músicos prefere aguardar o pagamento sem entrar na Justiça, embora adotem rotineiras ligações para a Belotur. O receio é que, ao envolver o judiciário, a resolução do problema demore ainda mais. “Ligo lá umas duas vezes por semana e falam que o sistema deu problema, que o caso está pendente no setor jurídico”, diz Felipe Bastos Barros, percussionista Trem dos Onze.

A Belotur informou nessa quarta-feira que começa a fazer o repasse aos artistas hoje e garantiu que até amanhã todos serão pagos. Segundo a empresa municipal, foram contratados 65 artistas a um valor total de R$ 900 mil, sendo que R$ 460 mil já teriam sido pagos.