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Estado de Minas

Iniciativas anônimas servem de exemplo para ajudar a preservar a água

No dia da água, conheça histórias de quem cuida do recurso natural mais importante para o ser humano


postado em 22/03/2014 06:00 / atualizado em 22/03/2014 07:41

Maria Edler sonhou com manacial abundante e trabalhou para concretizar a imagem. Hoje, mina abastece três lagos(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Maria Edler sonhou com manacial abundante e trabalhou para concretizar a imagem. Hoje, mina abastece três lagos (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
No Dia da Água, comemorado neste sábado em todo o planeta, é sempre bom lembrar que apenas 0,5% da água doce está disponível para o consumo humano, que um bilhão de pessoas não têm acesso ao bem natural potável e que 40% do recurso hídrico captado nos mananciais é desperdiçado antes de chegar às torneiras, de acordo a Agência Nacional das Águas (ANA). Neste dia, vale destacar também a previsão da Organização das Nações Unidas de que daqui a 16 anos, em 2030, o consumo da população vai aumentar em 40%. Em um contexto no qual a escassez contrasta com uma demanda cada vez maior, pequenas ações têm feito a diferença. Atitudes de pessoas como a aposentada Maria Verônica Edler, responsável pela recuperação de nascente em Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ou da gerente Renata Melo, que regula cada gota consumida em casa. E qual será a sua contribuição?

Para Maria Verônica, de 72 anos, a inspiração para salvar a nascente no lote nos fundos de sua propriedade veio de um sonho. “Sonhei que estava sentada nas pedras, com uma água com bastante volume correndo”, conta. Naquela época, em 1983, o que se via era apenas uma mina, que secava em boa parte do ano, em um terreno íngreme e descampado. Passados 30 anos, o sonho se transformou em uma realidade bem verde, frondosa e com água em abundância.

O descampado se converteu em uma pequena mata cheia de árvores. A nascente hoje abastece três lagos e ainda corre para receber afluentes até chegar à Lagoa da Petrobras. “Comecei a plantar mudas e a deixar as árvores nativas crescerem. Já chamei muito a atenção de quem arrancava árvore de lá. Ficava brava, falava que ia chamar a polícia. Desde criança aprendi que quem protege as nascentes são as árvores”, lembra Maria Verônica, triste com a falta de educação de parte da população e com uma obra do poder público bem ao lado da mina. “Minha vida foi catar lixo na nascente. Hoje, é uma alegria ver a água correndo muito pura”, diz.

A dificuldade de encontrar água como a que hoje brota nos fundos da casa de Maria Verônica é um dos principais problemas enfrentados atualmente no país, segundo o especialista em recursos hídricos da ANA Marco Neves. “A primeira razão da indisponibilidade é a falta de qualidade. O esgoto é uma grande ameaça”, afirma. A diretora-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Marília Carvalho de Melo, ressalta que os dois grandes desafios da gestão de recursos hídricos são qualidade e quantidade. “Por Minas ser considerada caixa d’água do Brasil, há um problema de conscientização, uma cultura da abundância. Isso, no entanto, aumenta nossa responsabilidade em conservar”, ressalta Marília.

Consciência gota a gota

Renata Melo: água de chuva para abastecer a piscina, timer no chuveiro e conscientização das crianças(foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)
Renata Melo: água de chuva para abastecer a piscina, timer no chuveiro e conscientização das crianças (foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)


Com ações simples incorporadas ao cotidiano, a gerente comercial Renata Melo tem feito sua parte na tarefa destacada pelas autoridades ambientais. Na casa dela, no Bairro Bandeirantes, na Região da Pampulha, não há espaço para desperdício. “A água é o bem mais precioso que temos”, reforça. De maneira artesanal, o marido dela até improvisou um sistema que enche a piscina com a água de chuva. “Ele fez um tubo que liga a calha à piscina por meio de uma mangueira. Nossa intenção, futuramente, é recolher mais água da chuva, para a horta e a limpeza da casa”, ressalta.

Além da engenhoca, equipamentos como a máquina de lavar roupas usam tecnologia com menor uso de sabão e de água. O quintal é varrido, em vez de lavado. Até o banho é cronometrado. “Colocamos um timer no box e, quando o tempo passa de um minuto e meio, ele apita”, conta Renata, que ainda dá dicas: “Na hora de lavar a cabeça, é melhor usar o tanque, pois dá para fechar ao passar xampu. A água fria ainda faz bem para o cabelo”.

Mãe de dois filhos, de 15 anos e 2 anos e 9 meses, Renata vê as lições que aprendeu com a mãe agora serem incorporadas pelos filhos. “Já até aprendi com o mais novo que a água ‘vai dormir’ e que só é para acordá-la quando precisar usar realmente. Com uma linguagem infantil, ele nos mostra que tem consciência em relação ao uso”, reforça.


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