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Estado de Minas

Imóveis antigos resistem ao tempo e abrigam casas comerciais em BH

Alguns são dos primórdios da capital, especialmente restaurantes, cujos donos investiram em obras de restauração


postado em 14/09/2013 06:00 / atualizado em 14/09/2013 12:44

Chef Rommel Couy, proprietário do Restaurante Oroboro, encantou-se pelas histórias dos antigos moradores, contadas pelos vizinhos da casa(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Chef Rommel Couy, proprietário do Restaurante Oroboro, encantou-se pelas histórias dos antigos moradores, contadas pelos vizinhos da casa (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)

Quanto mais próximo do Centro de Belo Horizonte, maior a chance de que prédios sejam erguidos no lugar das antigas belas casas da cidade. Testemunhas das transformações pelas quais a capital mineira passou, elas não se enquadram num estilo arquitetônico específico (que, por vezes, é o eclético), mas podem ser reconhecidas por características em comum, formando padrão que nada tem a ver com a misturas de granito, mármore, cerâmica e vidro temperado, hoje tão populares. E o valor dessas casas históricas não está somente em suas bonitas fachadas.


Por dentro, elas praticamente contam histórias. No piso, nas paredes, no teto e no quintal há elementos que ajudam a entender a época em que foram construídas, quem morou ali e como era o cotidiano ao redor. Fotos, móveis, portões, janelas, assoalhos, árvores frutíferas: todos detalhes preciosos e que funcionam como viagem ao passado, encantando tanto quem viveu essa realidade quanto a geração que nasceu em apartamento. Nesse sentido, poucos tipos de comércio são melhores para preservar isso do que os restaurantes.

Na capital mineira, alguns empresários enxergaram em imóveis antigos oportunidade de conceber ambiente diferente, com atmosfera acolhedora e ar retrô. Preservam fachada, cuidam de quintais, fazem de elementos dessas casas suas logomarcas, revelam velhos documentos e chegam até a recuperar, por conta própria, histórias de seus moradores originais, conquistando a simpatia da vizinhança. Sem sombra de dúvida, ganham os fregueses, ganha a memória da cidade.


Um dos exemplos mais interessantes fica na Rua Monte Sião, no Bairro Serra. Ali o chef Rommel Couy, proprietário do restaurante Oroboro, encantou-se pelas histórias dos antigos moradores, lembradas pelos vizinhos, e resolveu contá-las por meio da decoração da casa, que foi construída em 1951. Deusdedith e Therezinha de Assis moraram lá por décadas: ele era contador e pracinha (recrutado para a Segunda Guerra Mundial), e ela, dona de casa e (nas horas vagas) compositora.

(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
As obras duraram oito meses, sempre tendo como referência o projeto original do imóvel, que é de 1951. As cadeiras na varanda repetem disposição vista por Rommel numa antiga foto do local. Nas paredes, além de velhas imagens em preto e branco, croquis da casa, documentos e alguns objetos que ajudam a contar a história do casal. As cartas que eles trocaram eternizam não só sentimentos e situações comuns a muita gente, mas também algo da história da capital mineira.

CONSTRUÇÃO No Bairro de Lourdes, outra iniciativa do gênero surtiu efeito no cruzamento das ruas Rio de Janeiro e Professor Antônio Aleixo, onde foi instalado o Bar Armazém Medeiros. O imóvel, construído na década de 1940, abrigou comércio com o mesmo nome e, posteriormente, uma padaria. “A primeira ideia dada pela arquiteta foi resgatar o projeto original. Abrimos portas que estavam fechadas, refizemos as janelas como eram antes e tiramos a marquise, que não era original”, conta o empresário Pedro Martins da Costa, um dos proprietários. Do lado de dentro, foi feita releitura do velho armazém – que vendia de fubá a material escolar –, com produtos variados nas prateleiras. “Recuperamos cadernetas de vizinhos que tinham conta lá e até um alvará de funcionamento concedido por Juscelino Kubitschek quando foi prefeito da cidade”, conta ele. Algumas páginas das cadernetas viraram decoração da casa, bem como as do livro de estoque, numa revelação do que se consumia na época – cera Parquetina, óleo A Patroa, chocolate Bhering, entre outros.

O imóvel restaurado recentemente para abrigar o Restaurante Baldaratti, na Rua Santa Rita Durão, na Savassi, é mais que uma bela casa. Foi originalmente erguido para abrigar a Comissão Construtura da Nova Capital de Minas, responsável pelo planejamento urbano e execução das obras de edificação de Belo Horizonte, chefiada pelo engenheiro Aarão Reis, no final do século 19. “O imóvel já havia passado por restauro, e quando o aluguei, fizemos projeto complementar. Segui a linha de trabalho que havia sido feita, intervindo o mínimo possível”, diz o proprietário Luís Borba.

A reforma durou um ano, incluindo a revitalização da área externa, que ganhou jardim, horta e mesas. As ferragens e os ladrilhos hidráulicos originais (instalados entre o salão e a cozinha, lugar da antiga copa) foram recuperados e o afresco na entrada da casa descoberto durante o restauro do imóvel, também. “Ela está preservada e servindo as pessoas. O tempo todo ela funcionou como residência e ficou um bom tempo sendo restaurada. Só agora foi aberta ao público”, conclui Luís.


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