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Estado de Minas

Mineiros vivem mais e crianças morrem menos em Minas

Em três décadas, expectativa de vida no estado cresce 11,9 anos, superando média nacional. Elas têm maior longevidade, alcançando a média de 78,3 anos, quase 6 anos a mais que eles. IBGE mostra também que proporção é de quase quatro homens mortos para cada óbito feminino


postado em 03/08/2013 06:00 / atualizado em 03/08/2013 08:29

(foto: Arte: EM/DA Press)
(foto: Arte: EM/DA Press)
Vida longa aos mineiros e, principalmente, às mineiras. Estudo divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a expectativa de vida no estado aumentou quase 12 anos nas últimas três décadas. Se em 1980 a morte chegava, em média, aos 63,5 anos em Minas, em 2010 a idade passou para 75,4 anos. E a longevidade se estende ainda mais no caso das mulheres, segundo a pesquisa “Tábuas de mortalidade por sexo e idade”. Com esperança de viver até os 66,1 anos em 1980, elas agora alcançam em média 78,3 anos, 5,8 anos a mais em relação a eles, cuja expectativa de vida passou dos 61,1 para os 72,5 anos. Antes, a diferença entre os sexos era de cinco anos.


Com o acréscimo de quase 11,9 anos na esperança geral de vida ao nascer, Minas Gerais superou a média do país, que passou de 62,5 para 73,8 anos, acréscimo de 11,2 anos. A pesquisa também revelou que os mineiros que conseguem romper a barreira dos 60 anos passam a ter esperança de mais 22 anos de vida, chegando, em média, aos 82 anos. Na década de 1980, essa expectativa não ia além de 76,9 anos. Nesse quesito, Minas ficou em terceiro lugar no ranking de maiores expectativas entre os sexagenários.

Aos 70 anos, 1,70 metro, 61 quilos e manequim 40, a escritora Marta Anders diz ter disposição de sobra para viver “eternamente”. Disposição que faz a diferença ao ministrar palestras sobre beleza e juventude. “Dou muito valor à vida e a juventude é uma questão de postura”, diz. Para manter o bem-estar e a saúde, ela dá a receita: “Faço 80 abdominais de manhã, caminho muito. Moro num lugar agradável, tenho dois cachorros e cinco garnizés e ainda recebo a visita de todos os pássaros do mundo em meu quintal”, diz.

O aposentado Dante Romano Peixoto, de 85 anos, só toma um remédio para pressão e também tem seus segredos. “Quando estou desocupado, repito mentalmente: ‘Estou mental e fisicamente mais forte’”, diz, tranquilo na Praça da Liberdade, onde “bate ponto” quase todos os dias. Dante também não vacila na alimentação. “Sou eu quem faço minha comida: pouco açúcar, pouca gordura e pouco sal”, ensina ele, que tem 10 filhos, oito netos e dois bisnetos.

Apesar de exemplos como o de Dante, o panorama revelado pelo IBGE não é tão favorável aos homens. Nos últimos 30 anos, o Brasil viu disparar a sobremortalidade masculina, índice que reflete a proporção de mortes de homens em relação às de mulheres. Minas Gerais registrou aumento de 116,7% no índice, superior ao nacional, com a taxa passando de 1,81 para 3,92. Significa que, a cada mulher morta, quase quatro homens perdem a vida no estado. O índice brasileiro passou de 2,04, em 1980, para 4,39 três décadas depois, salto de 115,6%.

Aos 70, Marta Anders diz ter disposição para viver 'eternamente'(foto: João Miranda/Esp. EM/D.A Press)
Aos 70, Marta Anders diz ter disposição para viver 'eternamente' (foto: João Miranda/Esp. EM/D.A Press)
Mesmo com o aumento, Minas se manteve na 19ª posição no ranking nacional que classifica estados em pior situação. Alagoas lidera o levantamento, com sobremortalidade masculina de 7,41. Integrante do Fórum Brasileiro de Segurança, o sociólogo Robson Sávio explica que a partir da década de 1980 houve aumento expressivo da criminalidade no país, o que influi na taxa. “O mercado da droga assola as periferias das grandes cidades. Tem a ver com a carência ou fragilidade de um sistema de proteção voltado para esse público”, afirma.
O especialista cita como agravantes as altas taxas de desemprego e subemprego dos 16 aos 30 anos, além do funil da educação no ensino médio, dificultando a qualificação profissional. “Os jovens estão no centro de um drama social marcado pela violência”, relata. Robson chama atenção também para as mortes em acidentes de trânsito. “Com o aumento da frota, as vítimas e mortos também cresceram”, completa.

Sexo frágil

Para além da violência e criminalidade, a geriatra Karla Giacomin, do Núcleo de Estudos de Saúde Pública e Envelhecimento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), explica que, desde pequenos, os homens são mais vulneráveis, o que explica o fato de eles terem taxa de mortalidade infantil superior a elas. “Apesar de as mulheres serem consideradas o sexo frágil, desde o nascimento o homem tem uma fragilidade maior, que o acompanha ao longo de toda a vida”, afirma Karla.

A sobremortalidade masculina se reforça ainda pelos estilos de vida diferentes adotados por homens e mulheres. “Os homens se expunham mais aos perigos e a mulher normalmente ficava em casa. Com o tempo, elas também foram assumindo comportamentos de risco, entrando no mercado de trabalho, passando a beber e fumar. Certamente, isso tende a se refletir nas estatísticas futuras.”

Crianças

Os dados do IBGE revelam melhoria nas taxas de mortalidade infantil em todo o Brasil. No Sudeste, destaque para Minas Gerais, que alcançou a maior queda, de 50,4%. Enquanto em 1980, de 1 mil crianças mineiras 71 morriam antes de completar 1 ano, três décadas depois esse número passou para 14,7. As taxas são menores em relação à média brasileira, que no mesmo período passou de 69,1 para 16,7, queda de 75,8%. Seguindo tendência nacional, a mortalidade infantil é mais comum em Minas entre os meninos. A taxa masculina é de 15,6; a feminina é de 13,6. Apesar dos avanços dos índices, a esperança de vida ao nascer no Brasil ainda está distante de países como Japão (83,09), China (82,83) e até mesmo o sul-americano Chile (79,2). “A redução da mortalidade infantil levou a uma melhora expressiva nos índices de esperança de vida ao nascer, mas há espaço para mais ganhos”, afirma a analista do IBGE Luciene Longo.


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