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Estado de Minas LEI DO SILÊNCIO

Barulho excessivo próximo a hospitais incomoda funcionários e pacientes

EM percorre hospitais de BH e ouve queixas de muito ruído, sobretudo por causa do trânsito. Médico alerta para riscos e cobra respeito em áreas próximas a unidades de saúde


postado em 28/07/2013 00:12 / atualizado em 28/07/2013 08:19

(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Depois de passar por cirurgia para retirar vasos sanguíneos inflamados, o aposentado José Venâncio Pinto, de 77 anos, achou que poderia repousar ao ser transferido para um quarto do Hospital Belo Horizonte, no Bairro Cachoeirinha. Enganou-se. O barulho que vinha da Avenida Antônio Carlos, principalmente de freadas bruscas na via e manobras de ônibus em garagem nas imediações, mal o deixou pregar os olhos. Foram poucos momentos de sono até que, por volta das 2h, ele não conseguiu mais dormir. “Coloquei os fones do radinho no ouvido para ver se abafava o barulho. Liguei baixinho, num noticiário, mas não funcionou e fui enrolando a noite até clarear”, conta. “No dia seguinte a gente fica cansado, nervoso”, diz José Venâncio.

Problemas como o enfrentado pelo aposentado afligem pacientes de outros hospitais da capital mineira. A combinação de expansão urbana, crescimento da frota de veículos e desrespeito de parte de motoristas à regra que impõe silêncio em áreas hospitalares tem incomodado quem precisa de tranquilidade para recuperar a saúde. A reportagem do Estado de Minas percorreu cinco instituições de saúde públicas e privadas localizadas em alguns dos mais movimentados corredores de Belo Horizonte – Hospital Belo Horizonte, Socor, São Lucas, João XXIII e Centro de Especialidades Médicas/UPA Centro-Sul – e ouviu relatos de dificuldades por parte de pacientes e acompanhantes.

“O barulho de ônibus, carros e motos na avenida (do Contorno) incomoda muito, mas não é só isso”, diz Camila Malloy, de 20, que acompanha a mãe em tratamento no Socor, no Barro Preto. “Em uma noite em que teve jogo de futebol, pacientes acordaram de repente por causa de fogos e buzina”, lembra. Testes de pressão sonora feitos pela reportagem do EM com um decibelímetro em áreas internas dos cinco hospitais dão uma medida do barulho que chega da rua em horários de pico de trânsito. Em todos, os níveis de ruído ficaram acima do determinado pela lei para o horário. A média de aferições nas cinco instituições foi de 71,78dB. “Essas medições são indicativo de que (a poluição sonora) está alta”, disse o especialista em acústica e vibrações Marco Antônio Vecci, professor da Escola de Engenharia da UFMG.

Segundo a Lei Municipal 9.505, de 2008, das 7h01 às 19h a “emissão de ruídos, sons e vibrações” não pode ultrapassar 70 decibéis (dB), o que equivale ao barulho de uma escavação com uso de picaretas. Entre as 19h01 e as 22h, o índice não pode ser superior a 60dB, o mesmo de uma TV ligada em volume normal. A legislação define que infratores, além de terem de cessar a barulheira, podem ser multados. A atividade comercial pode ser interditada, com possibilidade de cassação de alvará. Pessoas ou instituições prejudicadas, o que inclui hospitais, podem ligar para o disque-sossego (156).

Para o médico Cheng T-ping, do Departamento de Otorrinolaringologia da Associação Médica de Minas Gerais, as reclamações de pacientes devem servir de alerta. “Não dormir bem atrapalha a regeneração e traz estresse para o paciente”, observa. Ele reforça que, por “educação e civilidade”, as pessoas devem manter silêncio em ambiente hospitalar.


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