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Estado de Minas

Para alunos e motoristas, vans são principais responsáveis por caos nas universidades


postado em 10/06/2013 06:38 / atualizado em 10/06/2013 07:20

Transporte escolar por todos os lados: desrespeito a regras de trânsito na hora de buscar alunos ajuda a travar o tráfego no entorno de faculdades(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Transporte escolar por todos os lados: desrespeito a regras de trânsito na hora de buscar alunos ajuda a travar o tráfego no entorno de faculdades (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Vencido o horário de pico, que normalmente se encerra depois das 19h30, as vans do transporte universitário invadem ruas e avenidas da cidade. Em cima de calçadas, na fila dupla ou em locais proibidos, elas dão um jeito de parar e esperar pelo fim das aulas da noite, às 22h30. Para a maioria das pessoas que participam da rotina das áreas de Belo Horizonte vizinhas a universidades, esses veículos – 1.916, considerando apenas os credenciados pela BHTrans – são os maiores vilões do trânsito noturno. Já os motoristas se dizem perseguidos, mas reconhecem que alguns cometem infrações sem preocupação e agem prejudicando a vida dos demais condutores. Polícia Militar e BHTrans acreditam que a criação de espaços dentro das faculdades para o embarque e desembarque dos alunos poderia resolver o problema, mas há resistência entre as instituições.

Mesmo nas que permitem acesso das vans aos seus câmpus, a providência não se mostra viável, como demonstra o caso do UniBH do Bairro Buritis, Oeste da capital, onde os veículos de transporte de alunos acabam ficando presos. O motorista de van Alex José Queiroz, de 36 anos, é credenciado para entrar no estacionamento, mas prefere ficar na rua. “Quando eu entro, fico parado no meio da confusão dos carros. Não consigo sair”, diz ele.

Na Rua Líbero Leone ele e outros condutores de van têm à disposição uma área regulamentada com placas para estacionar entre as 19h30 e as 22h30, mas quem ocupa o espaço são os carros particulares. “Nosso serviço é importante para diminuir o número de carros. O certo seria criar baias específicas para pegar os estudantes. Os ônibus também atrapalham bastante, pois se acumulam nos pontos, segurando o trânsito”, diz ele. Na última quinta-feira, um dos carros posicionados na área de vans era do analista de redes Weberson Augusto de Figueiredo, de 22. “Eu sei que estou errado, mas não costumo sair do carro. Se vier uma van, eu tiro na hora”, afirma.

FISCALIZAÇÃO Responsável pelo policiamento de trânsito na capital, o tenente-coronel Roberto Lemos considera que o problema das vans é responsabilidade das instituições de ensino. Lemos acredita que são as faculdades que devem oferecer um espaço para embarque e desembarque de alunos, contribuindo para desafogar o trânsito do entorno desses locais. “Não creio que essa situação seja um problema de polícia. Temos apoiado as equipes municipais com nossos agentes, mas não temos efetivo para estar em todos os lugares”, diz. Já o superintendente de Operações da BHTrans, Fernando de Oliveira Pessoa, afirma que não pode obrigar as escolas a criar essas áreas. “Essa deveria ter sido uma medida mitigatória na época do licenciamento, mas naquela época essa demanda não tinha a força que tem hoje”, diz.

De acordo com o pró-reitor de Logística e Infraestrutura da PUC Minas, Rômulo Albertini, a universidade tem incentivado o transporte por vans para diminuir o volume de carros e, consequentemente, melhorar a fluidez do tráfego no entorno. Ele considera viável a possibilidade de permitir o estacionamento do transporte escolar dentro do Câmpus Coração Eucarístico e garante que vai começar a viabilizar o processo. “O número de vans não é pequeno, mas temos um estacionamento próximo à biblioteca que pode atender essa demanda. Vamos providenciar o cadastro dos veículos”, diz.

Em nota assinada pela vice-reitora do UniBH, Vânia Café, a entidade se mostra atenta às questões de mobilidade, mas afirma que a crescente verticalização do Buritis e o movimento de outras faculdades e moradores que estudam em outras regiões são decisivos para os transtornos. Segundo o texto, há um estacionamento para 1,3 mil vagas no Câmpus Buritis, em que é permitida a entrada das vans cadastradas. O UniBH destaca que não pode se responsabilizar pelas infrações de trânsito cometidas na rua e considera normal o atraso na saída dos alunos, já que são milhares de pessoas deixando a unidade ao mesmo tempo.

A assessoria de imprensa da UNA informou em nota que a universidade encomendou um estudo de tráfego que será apresentado à BHTrans para propor soluções de trânsito, especialmente para circulação das vans na Raja Gabaglia. Também por meio de nota, a assessoria da Newton Paiva informou que está em contato com a associação de moradores do Buritis para melhorar o trânsito do entorno de seus câmpus.

Palavra de especialista
Dorinha Alvarenga
Diretora de Cidades do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-MG)

Correção no licenciamento


Acredito que para tentar reduzir os impactos no entorno das universidades caberia a aplicação de um licenciamento corretivo no momento da renovação do alvará de funcionamento de cada instituição de ensino. Como a maioria delas já está implantada há mais tempo, agora seria o momento para colocar as condicionantes que não foram contempladas em outras épocas, quando a questão da mobilidade não tinha tanto destaque. O que percebo é que vivemos um completo caos do ponto de vista do planejamento urbano. Estamos à mercê de paliativos imediatos sem pensar em um planejamento participativo, que busque uma solução conjunta para os problemas de mobilidade.


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