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Estado de Minas

Japoneses ensinam moradores de Montes Claros sobre como agir em tremores de terra


postado em 19/03/2013 09:03 / atualizado em 19/03/2013 09:38

A doméstica Lucília Batista dos Santos, de 25 anos, moradora do Bairro Bela Paisagem, área de baixa renda de Montes Claros, não consegue esquecer o drama que viveu na madrugada do último dia 19 de dezembro, quando a cidade foi sacudida por dois tremores de terra (um de 3.5 e outro de 3.6 graus nas escala Richter) e ela, muito assustada juntamente com o restante da família, saiu às pressas para o meio da rua. Ontem de manhã, Lucília recebeu a orientação de como deve agir quando a situação de repetir. A instrução foi foi dada por uma especialista que veio de muito longe, do outro lado do mundo, de um lugar onde as pessoas já estão “acostumadas” com os terremotos: a professora Hiroko Kondo, supervisora de Educação em Prevenção de Desastres do Centro de Pesquisas e Mitigação de Desastres da Universidade de Nagoya.

Hiroko Kondo integrou uma missão japonesa, que visitou Montes Claros para participar de um seminário internacional sobre prevenção de desastres e orientar os moradores sobre as medidas devem ser adotadas para prevenir dandos quando ocorrem abalos sísmicos. Há três anos sucessivos tremores de terra vêm sendo registrados em Montes Claros. O mais forte deles, de 4.2 graus na escala Richter, ocorrido em 19 de maio de 2012, atingiu cerca de 60 casas, sendo que oito delas foram interditadas na região da Vila Atlântica, situada perto do epicentro dos abalos e também próxima ao local onde mora Lucília.

De acordo com os estudos do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade de São Paulo (USP), os tremores são provocados por uma falha geológica, de 2 quilometros de extensão, situada uma profundidade de 1 a 2 quilometros, próximo da área urbana (entre a Vila Atlântica e o Parque Estadual da Lapa Grande). Segundo os estudos, devido a à falha geológica, os abalos deverão continuar, embora com poucas chances de ocorrência de tremores de intensidade maior, capaz de provocar danos. Com isso, o Governo do Estado, por intermédio da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), fez contatos com os especialistas japoneses, a fim de orientar a população para a convivência com o fenômeno.

“Quando ocorrer um tremor, as pessoas devem sair de casa ou devem se proteger debaixo de uma mesa. Se saírem de casa imediatamente devem deitar no chão. Isso é uma técnica de segurança”, orientou a professora Hiroko Kondo, com o auxílio de uma interprete, ao ouvir o relato de Lucília. A mulher mora num barraco de três cômodos, junto com o marido, o pedreiro Junior César de Jesus Silva e os três filhos pequenos (um de nove anos, outro de cinco e o caçula, de apenas sete meses). “Na madrugada dos tremores, todo mundo saiu correndo pra rua. Passei muito medo”, recorda Lucília, que, apesar do susto, não teve danos.

A missão japonesa, integrada por quatro professores e especialistas, participou ontem de manhã, de uma reunião com a direção e professores da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), que, em parceria com a UnB, vai implantar um Núcleo de Sismologia em Montes Claros, para aprofundar os estudos os tremores. Também participou de encontro na prefeitura e logo, em seguida, visitou a região da Vila Atlântica, a área mais atingida pelos abalos.

Ontem à tarde, a equipe visitante japonesa  repassou informações sobre como os moradores devem proceder em casos de tremores no Seminário Internacional Brasil/Japão para a gestão do risco de desastres – tremores de terra. O evento aconteceu na 1ª Rede Integrada de Segurança Pública (RISP), no bairro Ibituruna. Também esteve presente o representante da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) no Brasil, Chiaki Kobayashi, que articulou a vinda do grupo a Minas Gerais.

“A ciência não tem como evitar que os tremores de terra aconteçam. A população tem que aprender a conviver como os abalos. Por isso, trouxemos os técnicos japoneses aqui para verificar a situação de Montes Claros de perto e preparar os moradores para a convivência com os tremores”, afirmou o coronel Luiz Carlos Martins, coordenador Estadual de Defesa Civil e chefe do Gabinete Militar do Governador.

Durante o seminário, o publico teve oportunidade de fazer perguntas para os técnicos japoneses e tirar dúvidas em relação aos abalos sísmicos. A professora Hiroko Kondo ministrou palestra sobre “como realizar uma educação de prevenção de riscos contra terremotos, apresentação do método de ensino para fomentar uma cultura de prevenção”. Ela destacou que a importância de orientar diretamente as comunidades, ressaltando também a necessidade do trabalho educativo com as crianças em relação as medidas que devem ser adotadas para prevenir prejuízos quando ocorrerem abalos sísmicos. “Temos que ensinar as crianças para que elas possam saber como se protegerem, pois elas são o futuro. Se não educarmos as crianças, no futuro, não teremos cidadãos preparados para a convivência com os tremores”, assegurou a especialista da Universidade de Nagoya.

O TRABALHO NAS ESCOLAS

A professora Hiroko Kondo mostrou como é feito o trabalho pedagógico junto as crianças no Japão para ensinar as medidas preventivas em relaçao aos terremos, exibindo cartilhas e outros materiais usados nas escolas japonesas. Ela também salientou a necessidade de construção de casas com estrutura reforçada. Ainda durante o encontro, os técnicos mostraram como é feito a evacuação de prédios durante os terremotos. O seminário contou também com as presenças de cinco representantes da entidade japonesa Higashura Bosai Net que atuam como voluntários nas medidas de prevenção de terremotos na Província de Aichi. Eles falaram sobre a importância da mobilização social para diminuição dos impactos dos tremores.


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