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Estado de Minas

Condenado, Bruno pode ficar livre da prisão em 2019


postado em 09/03/2013 07:35 / atualizado em 09/03/2013 07:58

Bruno entre o promotor Henry Wagner (E) e o advogado de defesa, Lúcio Adolfo, durante julgamento em que foi condenado(foto: Marcelo Albert/TJMG)
Bruno entre o promotor Henry Wagner (E) e o advogado de defesa, Lúcio Adolfo, durante julgamento em que foi condenado (foto: Marcelo Albert/TJMG)

A discussão sobre a sentença do goleiro Bruno Fernandes das Dores de Souza, condenado no processo por desaparecimento e morte de sua ex-amante Eliza Samudio, não terminou com o julgamento no Fórum Pedro Aleixo, em Contagem. Um novo round entre acusação e defesa já está marcado para tentar mudar a pena do atleta. O promotor do caso, Henry Wagner Vasconcelos de Castro, anunciou que apresentará recurso na segunda-feira para que Bruno receba punição mais pesada que os 22 anos e três meses definidos pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues. Ele defende pena entre 28 e 30 anos. Os advogados de defesa já haviam protocolado na madrugada de ontem recurso para diminuir o tempo que o goleiro ficará preso.

O promotor considerou baixa a pena estabelecida pela juíza Marixa Rodrigues. Segundo especialistas consultados pelo Estado de Minas, Bruno terá direito a passar para o regime semiaberto a partir do final de 2016. O prazo de pouco menos de quatro anos leva em conta os dois anos e nove meses que ele já cumpriu, o eventual benefício de redução da pena por trabalho e o bom comportamento. Henry Wagner calcula que o goleiro levará um pouco mais de tempo – cinco anos – até ter direito ao regime semiaberto, mas ainda assim pretende ampliar a pena. “A sentença assumiu contornos bastante maternais”, disse o promotor a uma emissora de TV. Ele reclamou do fato de a juíza ter reduzido a pena de Bruno por homicídio triplamente qualificado, de 20 anos para 17 anos. “Ele não merecia o benefício da redução porque não confessou”, considerou.

Bruno foi condenado a 17 anos e seis meses em regime fechado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima). A pena, inicialmente de 20 anos, teve aumento de seis meses porque o goleiro foi considerado o mandante do crime, mas foi reduzida em três anos devido à confissão do jogador. A sentença inclui condenação de três anos e três meses por sequestro e cárcere privado e ainda um ano e seis meses por ocultação de cadáver, que devem ser cumpridos em regime aberto.

Volta aos campos?

A possibilidade de Bruno retomar a carreira divide especialistas. A avaliação é de que o goleiro, mesmo saindo do regime fechado no fim de 2016 – quando terá 32 anos –, precisará ficar pelo menos três anos no regime semiaberto, que prevê que o detento durma na prisão todas as noites, além de passar feriados e fins de semana encarcerado. Atuar em equipes de futebol só seria possível com uma autorização especial da Justiça para que ele saísse temporariamente para viajar e jogar. “Diante de um contrato de emprego firmado e do comportamento dele, o juiz poderá conceder autorizações permitindo que ele viaje. Mas vai depender do entendimento do magistrado”, afirma o advogado criminalista Eduardo Lopes.

Pelas contas dele, o atleta deve cumprir o regime fechado em cerca de três anos e sair para o semiaberto em 2016. A liberdade de Bruno deve sair entre 2018 e 2019. “Jogar bola ou não é uma decisão que depende de Bruno. Ele precisa manter seu condicionamento físico na prisão e continuar trabalhando para sair mais rapidamente”, afirma Eduardo Lopes. Já o advogado Adilson Rocha considera difícil Bruno retomar a carreira. “Ele não terá condição física nem emocional para ser um atleta quando estiver em liberdade”, opina Rocha, presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da seção mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

O advogado avalia como quase impossível a volta de Bruno aos clubes de futebol no regime semiaberto. “Bruno não poderá jogar porque as regras do regime carcerário são incompatíveis com a profissão dele, que exige tempo disponível para viagens, treinos, concentração e jogos que podem ocorrer à noite ou aos fins de semana”, disse.

Enquanto acusação e defesa continuam a disputa sobre a pena, Bruno manterá a rotina anterior ao julgamento no Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem. Segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), ele permanecerá em uma cela individual de seis metros quadrados com cama de alvenaria e banheiro, que tem chuveiro, pia e vaso sanitário. Além disso, cada preso tem direito a um kit com cobertor, colchão, uniforme e material para higiene pessoal. O goleiro tem à disposição uma televisão de 14 polegadas e um rádio, presentes de familiares permitidos pelo regulamento da penitenciária. Ele recebe visitas que se alternam entre íntimas e sociais, a cada 15 dias. O goleiro trabalha na lavanderia da unidade prisional, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 15h. Bruno está nessa função há dois meses por vontade própria e não recebe salário, apenas o benefício de redução do tempo que ficará preso.

Enquanto isso...

...Boa à espera


O Boa, que disputa o Campeonato Mineiro e a Segunda Divisão do Brasileiro, mantém interesse na contratação do goleiro Bruno. Na quarta-feira, o Tribunal de Justiça negou pedido de habeas corpus, baseado na oferta de trabalho do clube de Varginha. Para preparadores físicos, a idade na chegada ao regime semiaberto (32 anos) dificultaria o retorno dele aos gramados e exigiria uma carga de treinamentos severa. (Bruno Freitas)

R$ 70 mil para Bola?

A promotoria investiga movimentações bancárias dos réus para confirmar suposto pagamento de Bruno ao ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, para executar Eliza e se desfazer do corpo da ex-amante do goleiro. O promotor Henry Wagner Vasconcelos disse que apresentará os dados “na ocasião certa ” à Justiça. Assistente de acusação, o advogado José Arteiro sustenta que Bruno pagou R$ 70 mil a Bola, que vai a julgamento em 22 de abril.


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