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Estado de Minas

Gate começa negociação por rádio com detentos em rebelião na Nelson Hungria

Os presos mantêm reféns um agente penitenciário e uma professora. Os rebelados, com rostos cobertos, quebraram telhas e ameaçaram colocar fogo em um detento


postado em 21/02/2013 13:09 / atualizado em 21/02/2013 14:06

(foto: Juarez Rodrigues/EM DA Press)
(foto: Juarez Rodrigues/EM DA Press)

Policiais do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) inciaram as negociações com detentos em rebelião na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os militares estão do lado de fora do Pavilhão 1, onde ocorre o motim, e se comunicam com os líderes do movimento com rádios. Os presos mantêm reféns um agente penitenciário e uma professora, que não estão feridos, conforme informou o assessor de comunicação da Polícia Militar, major Sérgio Dourado. A educadora dá aulas há mais de 10 anos para os albergados da unidade prisional e foi surpreendida pelo motim quando chegou para trabalhar.


Os presos usaram lençóis para escreverem as palavras "opressão" e "sistema". Os bombeiros também foram para a unidade, como prevenção, caso haja incêndio nas celas. Há fumaça saindo do pavilhão, mas segundo os militares, não existe fogo a ser debelado. Do lado de fora, foi possível ouvir barulho de bomba e tiros no pavilhão, mas a PM nega que ocorreram disparos. Os rebelados, com rostos cobertos, quebraram telhas e ameaçaram colocar fogo em um detento. Segundo o major Dourado, há informações de que os presos estão com duas armas, mas ainda não há a constatação dessa suspeita.

Três ambulâncias chegaram na penitenciária para atender possíveis vítimas. O major Dourado negou que a rebelião tenha se espalhado para outros pavilhões apesar de haver fumaça também no Pavilhão 6. Segundo o militar, a equipe do Gate está tentando convencer os presos a sair do telhado, para que sigam os trabalhos, mas a PM não descarta a possibilidade de invadir a cadeia. O subsecretário da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), Rômulo Ferraz, e o subsecretário de Administração Prisional, Murilo Andrade de Oliveira, estão acompanhando as negociações. Um gabinete de crise foi montado no local, com a presença de autoridades da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi), PM e Polícia Civil.

O motim começou por volta de 9h, com cerca de 100 rebelados. Eles exigem a mudança nas regras de visitação e alegam que mulheres grávidas foram proibidas de entrar na unidade há cerca de três semanas. Os albergados também dizem que será barrada a entrada de crianças. A Seds ainda não confirmou as informações sobre proibições de visita.

Além do Gate, estão na unidade equipes da Rotam e Ronda Ostensiva com Cães Adestrados (Rocca), o Batalhão de Choque e não há informação de fuga. Um helicóptero da PM faz voos rasantes pelo complexo e PM ocuparam muros da unidade. O caveirão, veiculo blindado da corporação, chegou para ajudar na operação. Do lado de fora, alguns familiares buscam informações sobre parentes presos, mas a direção da penitenciária e a PM ainda não tiveram condições de atender as essas pessoas.

Ligação para rádio

Um dos presos que comanda a rebelião, Daniel Augusto Cypriano, de 29 anos, ligou para a Rádio Itatiaia e exigiu a presença da imprensa na penitenciária. Os detentos querem chamar atenção para problemas internos e regras de visitação. Eles exigem também a chegada do deputado estadual Durval Ângelo (PT) da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

O parlamentar está viajando de Mutum, na Zona da Mata de Minas, para Belo Horizonte e informou que não foi avisado para comparecer ao presídio. Ele só vai até a unidade se for acionado pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), com garantia de segurança. “Eu ando com escolta policial 24 horas. Só vou lá com segurança para evitar incidentes. Se alguém for ferido eu posso ser responsabilizado”, afirma.

O líder do motim também pediu que compareçam ao presídio um procurador de Justiça e um juiz da Vara de Execuções Penais. Cypriano informou no telefonema que está preso há 10 anos. Muito nervoso, disse que só libertará os reféns, após cumprimento das exigências. Ele é conhecido pelos apelidos de Carioca e Snap e tem seis condenações, cinco por roubo e uma por homicídio.

O complexo

A Penitenciária Nelson Hungria foi inaugurada em 1º de abril de 1988 e tem 17 pavilhões. Entre os detentos mais conhecidos do complexo masculino de segurança máxima estão o goleiro Bruno Fernandes - preso no Pavilhão 4 - e seu amigo, Luiz Henrique Romão, o Macarrão - albergado no Pavilhão 5. Os dois são acusados de envolvimento no desaparecimento e morte de Eliza Samudio, sendo que Macarrão já foi condenado. O líder do Bando da Degola, Frederico Flores, também está preso na Nelson Hungria aguardando julgamento.

Segundo o cadastro do Ministério da Justiça, o presídio não possui bloqueador de sinal de celular. Em nota, a Seds informou que agentes do Comando de Operações Especiais da Suapi (COPE) isolaram o local para chegada da PM e que não há feridos.


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