(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Prevenção de inundações: obras seguem à espera de projetos em Belo Horizonte

Das 40 intervenções planejadas para conter as águas de córregos ou impedir alagamentos de ruas e avenidas de BH, apenas 14 foram concluídas e 15 ainda não saíram das pranchetas


postado em 21/11/2012 06:00 / atualizado em 21/11/2012 06:41

Obras de infraestrutura na Avenida Prudente de Morais, no Bairro Cidade Jardim, para melhorar o escoamento da água durante temporais(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Obras de infraestrutura na Avenida Prudente de Morais, no Bairro Cidade Jardim, para melhorar o escoamento da água durante temporais (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)

As obras prometidas pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para sanar de vez inundações e enxurradas engatinham no planejamento desde a temporada de chuvas 2008/2009, quando cinco pessoas morreram. Das 40 intervenções planejadas para conter as águas de córregos ou impedir alagamentos de vias, 14 (35%) foram concluídas, e das 26 não executadas, 15 (57,7%) nem sequer saíram do papel. Ações em locais de fluxo intenso de veículos ou que concentram grande população em áreas ameaçadas ainda estão na prancheta, como no Ribeirão Arrudas, avenidas Cristiano Machado, Bernardo Vasconcelos e Francisco Sá, Córrego da Ressaca e Lagoa da Pampulha, em que já se registraram prejuízos e morte nesta temporada de chuvas.

Na sexta-feira passada, um dia depois da tempestade que fez muito estrago em BH, o prefeito Marcio Lacerda (PSB) foi a público admitir que as obras necessárias para tornar seguras as vias e beiras de cursos d’água da capital mineira só sairiam a partir de 2017 e custariam até R$ 4 bilhões. A listagem fornecida pela PBH ontem à reportagem do Estado de Minas mostra um investimento de R$ 3.296.965.000,00 com aportes do governo de Minas e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2 e da Copa do Mundo. O montante gasto em obras terminadas é de apenas R$ 452 milhões, sendo que parte das que foram concluídas voltaram a apresentar problemas.

Exemplo disso é a drenagem da Avenida Silviano Brandão, na Região Leste da capital. A obra custou R$ 1,2 milhão, mas a via voltou a ficar alagada durante a chuva do dia 15. Na ocasião, as águas das partes mais altas dos bairros Horto e Santa Tereza desceram e se acumularam na avenida, invadindo o comércio, destruindo estoques e arrastando veículos. O Córrego Ressaca, na Pampulha, onde morreu a primeira vítima em BH dessa temporada chuvosa (12º óbito em Minas Gerais), recebeu neste ano a obra de canalização. Foi na confluência com o Córrego Sarandi, de Contagem, na Grande BH. Os dois desembocam no Parque Ecológico. Contudo, o complemento das obras ainda está apenas riscado nas plantas dos engenheiros. Se estivesse concluída, a Avenida Heráclito Mourão de Miranda seria mais segura e a capital até poderia ter passsado o temporal de quinta-feira sem vítimas.

Para o engenheiro hidráulico e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Nilo de Oliveira Nascimento, um dos consultores do mapa de alagamentos da cidade, o erro na Avenida Silviano Brandão foi não ter levado em conta que as ruas do entorno despejariam suas enxurradas nas galerias concluídas há três anos. “Nos bairros mais antigos, como a Floresta, Santa Tereza, Horto e Nova Suissa, não existe drenagem subterrânea e galerias pluviais. A água das tempestades escoa pelo asfalto e desemboca direto nos locais mais baixos. Não se pode considerar apenas a água que corre sobre a avenida”, avalia.

Entre as ações que estão em curso, duas foram prometidas para este ano. Uma dessas é a adequação do Córrego Santa Terezinha, no Alto Vera Cruz, Região Leste de BH. A obra do PAC para evitar que as enchentes inundem moradias próximas e vias da comunidade humilde já atrasou, pois estava prevista para o primeiro semestre deste ano e foi prorrogada para este semestre. Outra medida contra áreas de risco que a PBH planeja inaugurar ainda em 2012 é o programa de reassentamento em prédios populares Vila Viva, na Vila Califórnia, Região Noroeste da capital.

Ficou para o primeiro semestre do ano que vem as intervenções nos córregos Jatobá e Olaria. Nos seis meses seguintes a expectativa é de que parte do Córrego Bonsucesso seja entregue, juntamente com o Córrego da Serra, Córrego do Leitão (Avenida Prudente de Morais), Complexo da Avenida Várzea da Palma, urbanização da Vila São Tomás. Seguro mesmo, o Córrego Bonsucesso, que foi um dos trouxe morte e destruição nas chuvas de 2008/2009, só vai ficar no ano da Copa do Mundo (2014), quando finalmente espera-se que as pessoas que vivem naquele aglomerado da Região Oeste mudem das áreas de risco.

Bloqueio de vias em pauta

A intenção da PBH de bloquear vias ameaçadas de inundação durante tempestades pode ser duradoura em pontos cruciais para a mobilidade na capital. A Avenida Cristiano Machado, por exemplo, que liga a Região Norte ao Centro e convive com engarrafamentos, estará sujeita a essa medida até que obras definitivas de drenagem e canalização sejam concluídas. Contudo, de acordo com a administração municipal, essas estão no pacote que pode se estender para depois de 2017. Não há nem sequer prazo para que intervenções de infraestrutura sejam levadas adiante no Córrego Cachoeirinha e ribeirões Pampulha e do Onça. São esses justamente os mananciais que foram canalizados em galerias que cruzam aquela região, acompanhando as avenidas Cristiano Machado e Bernardo Vasconcelos. Ambas ficaram inundadas nas chuvas do dia 15, interrompendo o fluxo de veículos, atingindo comércios e espalhando lama pelas vias. O custo estimado para essas melhorias é de R$ 442,3 milhões.

Moradores e lojistas da Avenida Francisco Sá, no Prado, Região Oeste, podem esperar o mesmo destino, pois as obras de alargamento e canalização do Córrego dos Pintos, que corre sob a via, também não têm previsão de início e conclusão. O custo para dar fim ao sofrimento de quem ano após ano enfrenta pelo menos três inundações é de cerca de R$ 14,5 milhões. A mesma expectativa vale para as obras programadas para tentar pôr fim às enchentes do Ribeirão Arrudas. As ações necessárias para dar maior fluidez e segurança à calha principal do curso d’água que cruza a capital mineira custariam R$ 322 milhões e estão à espera de acertos entre a PBH e o governo federal.

Quando todas essas intervenções forem finalizadas, a expectativa é de que a cidade realmente esteja mais segura, afirma o engenheiro hidráulico e professor da UFMG Nilo de Oliveira Nascimento. “Grosso modo, essa lista de locais para receber obras contempla os locais mais graves quanto a inundações e alagamentos. Não sabemos, contudo, quais são exatamente os projetos, se são os ideais para os trechos. A experiência que temos é de que nem sempre são adequados e as inundações acabam ocorrendo”, avalia.

De acordo com a PBH, “as precipitações pluviométricas ocorridas no dia 15, por suas características de intensidade, tempo de precipitação concentrada e consequências no espaço público, indicaram necessidade de reajustes nos planos de contingências. A administração municipal informou que ações intersetoriais estão em andamento. A Defesa Civil informa que vai realizar estudos relacionados ao aperfeiçoamento da previsão e monitoramento do clima. A Guarda Municipal trabalha ações operacionais que podem permitir o remanejamento de efetivo disponível aos locais sujeitos a alagamentos e favorecer a mobilidade viária. Outros grupos estão envolvidos nos alertas de tempestades.

Lista de demandas para enfrentar temporais

Córrego Barreiro

Córregos Brejo do Quaresma e Joaquim Pereira

Córrego Cachoeirinha e ribeirões Pampulha e Onça (PAC 2012)

Córrego Cercadinho

Córrego Embira/Biquinhas

Córrego Fazenda Velha

Córregos Jatobá/Olaria (Complemento – PAC 2)

Córrego dos Pintos (Avenida Francisco Sá – PAC 2012)

Córrego Ressaca (Complemento – PAC 2012)

Córrego São Francisco (Avenida Assis das Chagas)

Córrego Túnel/Camarões (PAC 2)

Desassoreamento da Lagoa da Pampulha

Ribeirão Arrudas – Calha Principal (PAC 2012)

Vila Sport Club (PAC 2)

frentes em curso

Bacia do Córrego Leitão (Avenida Prudente de Morais – PAC 2)

Bacias de Detenção do Córrego Ferrugem

Córrego Bonsucesso (Complemento PAC 2)

Córrego Bom Sucesso (Via 210)

Córregos Jatobá e Olaria (1ª etapa)

Córrego da Serra

Complexo da Avenida Várzea da Palma (2ª e 3ª etapas)

Córrego Santa Terezinha

Recuperação do Ribeirão Arrudas

Vila Califórnia

Vila São Tomás/Aeroporto

Obras concluídas

Bacia do Córrego Bonsucesso

Bacia do Córrego Engenho Nogueira

Complexo da Avenida Várzea da Palma (1ª etapa)

Córrego Ressaca

Drenagem da Avenida Silviano Brandão

Ponte sobre Ribeirão do Onça

Recuperação do fundo do Ribeirão Arrudas

Rua Ituiutaba

Rua Luiz Souza Lima

Rua Tocantins

Ruas do Bairro Urucuia

Urbanização da Avenida Bacuraus

Urbanização da Avenida Belém

Vila São José

FONTE: PBH


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)