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Estado de Minas

Casarão do Século XIX é reconstruído em Nova Era

Restauração se torna exemplo da união de esforços dos moradores e das autoridades para manter viva a memória local


postado em 26/08/2012 09:07 / atualizado em 26/08/2012 09:24

Anos de abandono levaram a estrutura do imóvel a quase ruir. Janelas foram roubadas, o terreno estava tomado pelo mato e havia infiltrações e buracos no telhado(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Anos de abandono levaram a estrutura do imóvel a quase ruir. Janelas foram roubadas, o terreno estava tomado pelo mato e havia infiltrações e buracos no telhado (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

Os estudantes já podem andar livremente pelo interior do casarão, correr pelo amplo terreno e curtir a natureza, sem medo de se machucar com telhas soltas, madeiras podres ou pregos enferrujados. Da mesma forma, os adultos já desfrutam da beleza do patrimônio, admiram a arquitetura em estilo colonial e aguardam, ansiosos, o início de atividades culturais que valorizem ainda mais o bem público. Com a sua sede – um sobrado de 1840 – restaurada há um ano, a Fazenda da Vargem, localizada a seis quilômetros do Centro da cidade, entra agora na segunda fase de obras que contemplam a reconstituição do antigo paiol, pavimentação com paralelepípedos das áreas frontal e lateral, implantação de projeto paisagístico e construção de uma pista de 1,6 quilômetro para caminhada. “Aqui será um grande espaço de arte e lazer para todos os moradores, em especial as famílias”, informa o diretor municipal de Cultura e Turismo, Albany Júnior Dias. A expectativa é de que tudo fique pronto até o fim do ano.

Desapropriada há mais de três décadas pela prefeitura para ser o parque da cidade, e tombada em 2005 como patrimônio municipal, a Fazenda da Vargem é um dos principais símbolos da história de Nova Era, na Região Central do estado, a 130 quilômetros de Belo Horizonte. Durante anos, no entanto, a construção imponente e os 10 mil metros quadrados no entorno se transformaram num melancólico retrato da decadência, como foi denunciado pelo Estado de Minas em março de 2007.

Na época, de acordo com a reportagem, chamavam a atenção a falta de portas e janelas, muitas madeiras quebradas, mato crescendo entre as tábuas do assoalho, teias de aranha em todos os cantos, galinhas ciscando no pátio de pedras e muitas roupas penduradas em varais. Camisas, calças e outras peças pertenciam a uma família desabrigada pelas chuvas que havia feito do prédio o seu refúgio. Um cenário de abandono totalmente oposto ao do século 19, tempo de intensa produção agropecuária, principalmente de açúcar e de café, e também da década de 1980 e início da de 1990, quando a propriedade foi palco de eventos com apresentação de artistas de renome nacional.

“Conseguimos deixar o casarão de pé”, conta, com entusiasmo, a engenheira civil Stael Pinto Coelho Lott, responsável pelo projeto de restauro e fiscalização da obra. Na primeira fase da empreitada, que demandou recursos de R$ 625 mil, do Fundo Estadual de Cultura (FEC) e da prefeitura, o foco esteve dirigido para a estrutura e cobertura, com troca do telhado, dos esteios e vigas e do piso de madeira, reforma dos banheiros e recuperação das janelas, que eram 44 e agora são 47. Num contraste com a pintura azul e branca do casarão, as janelas, refeitas no atual projeto, ganham destaque por dois motivos: pela cor amarela forte e por desempenharem o seu papel de proteger a casa: antes, não havia nada, apenas os marcos.

SEGURANÇA Ao lado de Albany e da funcionária do Departamento de Cultura e Turismo Consuelo Batista Bueno, Stael mostra o piso do segundo pavimento, substituído totalmente tal a degradação; os novos pilares de madeira; extintores de incêndio e outros detalhes que fazem a diferença para garantir a integridade do prédio e segurança da comunidade. Embora esteja aberto diariamente para visitação, o sobrado ainda não tem mobiliário, equipamentos ou peças que remetam aos tempos de construção. Há apenas uma sala, com quadros de primeiros proprietários e moradores, entre eles Joaquim Martins da Costa, nascido em 1800 e idealizador da casa sede, e cenas da propriedade no início do século 20, com curral, animais e a dinâmica natural do meio rural.

De acordo com informações do Departamento Municipal de Cultura e Turismo, gestor da Fazenda da Vargem, o funcionamento do local (eventos permitidos, programação etc.) vai depender de um regimento interno a ser elaborado em parceria com o Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Artístico de Nova Era. “A fazenda está tão bonita que têm vindo noivas até de Ipatinga, no Vale do Aço, para fazer o álbum de fotografias aqui”, diz Consuelo, lembrando que este ano, por causa das obras, não houve eventos na fazenda.


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