O assassinato ontem à tarde do taxista Sebastião Baleno da Silva, de 69 anos, reforça a constatação de crescimento da violência contra os motoristas de praça em Belo Horizonte. Ele foi o segundo profissional morto em um assalto este ano na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Dados da Polícia Militar apontam que, nos primeiros sete meses, foram 173 ataques a taxistas na capital, 51,7% a mais que em igual período de 2011, com 114 ocorrências. No começo da noite, ainda no local do crime, o presidente do sindicato da categoria (Sincavir), Dirceu Efigênio Reis, recebeu ligação de solidariedade do coronel Rogério Andrade, comandante do Policiamento da Capital, que prometeu estratégias para conter a criminalidade contra os motoristas.
Sebastião Baleno foi morto depois de atingido por um tiro no peito. O criminoso, um homem moreno, mandou que o taxista descesse de seu Palio Weekend placa HIX 0445 em frente ao número 182 da Rua Hebert Brant Aleixo, no Bairro Itapoã, também na Pampulha. O ladrão assumiu a direção do carro e atirou no motorista. Em seguida, fugiu com o veículo, deixando para trás a carteira e relógio da vítima.
“Eu estava um pouco distante, mas percebi o táxi parado na rua, que não tem saída. Vi quando o senhor de idade desceu do carro e o homem saltou para o banco do motorista. Parecia uma situação normal, mas, quando o senhor disse alguma coisa ao rapaz, este atirou. O taxista deu ainda alguns passos e caiu no chão. Então percebi que era um assalto”, contou uma testemunha.
Uma moradora vizinha disse que ouviu apenas o barulho do tiro e foi ver do que se tratava, já que a rua é muito tranquila. “Quando olhei da varanda, o motorista estava caído. Não cheguei a ver o criminoso, que foi embora com o carro. Fui em socorro do taxista, segurei sua mão e disse que já havia pedido socorro. Ele, porém, não resistiu e morreu em poucos minutos.”
COVARDIA Dirceu Reis e vários colegas de trabalho de Sebastião Baleno foram ao local para acompanhar os trabalho da polícia e dar apoio à família do taxista. “Temos enfrentado ataques na maioria de usuários de drogas, em busca de qualquer quantia em dinheiro para sustentar o vício, já que nesse tipo de roubo não se consegue grandes valores. Nossa orientação aos taxistas é para que não reajam, pois eles estão com as mãos ao volante e o ladrão segurando a arma, o que dificulta a defesa”, disse o presidente do Sincavir. Dirceu Reis lembrou que em abril um taxista de 62 anos foi assassinado a facadas no Bairro Cabral, em Contagem, na Grande BH.
O filho único da vítima, o também taxista Cleison Matos Silva, de 33, acredita que o pai não tenha reagido. “Ele já havia sido assaltado várias vezes e não reagia. Meu pai foi morto na covardia, pois tinha descido do carro, deixando o motor ligado, pronto para o ladrão fugir”, explicou. Sebastião era viúvo e morava com o filho e uma irmã no Bairro Tupi, Norte de BH. De acordo com Cleison, apesar do cerco policial, o veículo em que ele trabalhava com o pai não havia sido encontra até o fim da noite.