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Estado de Minas

Serra da Piedade receberá título para ganhar mais recursos e turistas


postado em 26/07/2012 06:00 / atualizado em 26/07/2012 07:05

O professor Flávio Senra, de Belo Horizonte, aproveitou as férias para levar os sobrinhos Luís Felipe e Pedro, de Montes Claros, e Thainá e Maria Eduarda, de Juiz de Fora, para conhecer o santuário situado entre as montanhas(foto: EULER JÚNIOR/EM/D.A PRESS)
O professor Flávio Senra, de Belo Horizonte, aproveitou as férias para levar os sobrinhos Luís Felipe e Pedro, de Montes Claros, e Thainá e Maria Eduarda, de Juiz de Fora, para conhecer o santuário situado entre as montanhas (foto: EULER JÚNIOR/EM/D.A PRESS)

Do alto da Serra da Piedade, em Caeté, na Grande BH, os visitantes têm diante dos olhos um dos cenários mais deslumbrantes de Minas. Num ângulo de 360 graus, surgem no horizonte as montanhas, cidades dos tempos coloniais, matas, pontilhões ferroviárias, espelhos d’água e outras belezas naturais. Mas é nos píncaros do maciço, numa altitude de 1.746 metros de altitude, que se encontra o marco da fé na região: o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, que guarda na ermida do século 18 a imagem esculpida por Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814).

Terça-feira, às 9h, quando serão comemorados os 52 anos de proclamação da “Pietá das Gerais” como padroeira do estado, por determinação do Papa João XXIII, o local vai receber um título para aumentar a visibilidade, fomentar o turismo e canalizar recursos. Na presença do arcebispo metropolitano dom Walmor Oliveira de Azevedo, o governador Antonio Anastasia vai assinar o decreto que declara o conjunto paisagístico, histórico e cultural como Atrativo turístico de especial relevância, o primeiro concedido em Minas. Na oportunidade, Anastasia liberará a ordem de serviço para início da segunda etapa de implantação do Caminho Religioso da Estrada Real – com a sugestiva sigla Crer – trajeto de peregrinação de 850 quilômetros, que ligará a Serra da Piedade ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP), padroeira do Brasil.

O título chega durante as celebrações do Jubileu de Nossa Senhora da Piedade, iniciado no dia 22 e com programação até setembro. Entusiasmado com a novidade, o reitor do santuário, padre Nédio Santos Lacerda, lembra que o turismo religioso cresce no país. “Nos fins de semana, durante o tradicional jubileu, recebemos cerca de 3 mil pessoas aqui na serra. Há ocasiões em que esse número se multiplica por três. Este é um lugar de peregrinação católica, movido pela fé, mas estamos abertos para receber todo mundo. O povo, por sinal, já deu seu reconhecimento à Serra da Piedade”, afirma, lembrando que a temporada é de festa. As palavras do padre têm respaldo técnico. Levantamento do Instituto de Pesquisas da Universidade de São Paulo (USP) mostra que há cerca de 15 milhões de brasileiros interessados em destinos religiosos. Além disso, em 2010, 8,1 milhões de viagens domésticas no Brasil foram motivadas pela fé, o que representa 3,6% dos deslocamentos no país.

“Estamos fazendo justiça à Serra da Piedade, que recebe peregrinos há 200 anos e tem grande importância em Minas. Ao longo do tempo, as pessoas subiram a serra para rezar, pedir graças, agradecer as bênçãos alcançadas e pagar promessas”, destaca o secretário de estado de Turismo, Agostinho Patrus Filho. Ele diz que o ato do governador faz parte da estratégia de implantação do Caminho Religioso da Estrada Real: “O Santuário de Aparecida recebe, por ano, cerca de 10,3 milhões de turistas, 50% deles mineiros. Queremos que essas pessoas se dirijam também à Serra da Piedade, que vai ser o expoente do projeto”. Numa comparação, Patrus destaca que o Caminho de Santiago de Compostela, entre França e Espanha, conforme pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem como terceiro público visitante, depois de espanhóis e franceses, os brasileiros.

O decreto também prevê a organização das políticas públicas do turismo, levando-se em consideração o estímulo ao desenvolvimento do potencial turístico, preservação da diversidade biológica no entorno do santuário e o incentivo ao investimento privado em infraestrutura turística.

CONJUNTO DA OBRA  Aproveitando as férias, o professor Flávio Senra, de BH, apresentou o santuário aos sobrinhos Luís Felipe, de 13, e Pedro, de 6, de Montes Claros, no Norte de Minas, e Thainá, de 8, e Maria Eduarda, de 11, de Juiz de For a, na Zona da Mata. As crianças visitaram a capela ontem, percorreram o amplo adro pavimentado de pedras e admiraram a paisagem. Já na sacristia da singela ermida, o empresário Valdir Nobre, de 44, morador do Bairro Fernão Dias, na Região Nordeste, rezava em silêncio. “Venho sempre ao santuário, que representa refúgio. Saio da planície para buscar forças nas montanhas. Este é um lugar de peregrinação e, com o título, vai aumentar a aliança entre o turismo e a fé”, acredita.

DEVOÇÃO SEM FIM

Impossível não ficar um longo tempo admirando “o mar de montanhas” que se forma no horizonte, pontuado pelos rios, casario, estradas e traços históricos. Mas é na ermida ou capela dedicada a Nossa Senhora da Piedade, chamada de “magnífica arquitetura divina”, por dom João de Resende Costa, que olhos e ouvidos se abrem mais, para apreciar a imagem da santa ou ouvir histórias. A fama do lugar teria começado entre 1765 e 1767, conforme a tradição oral, com a aparição de Nossa Senhora, com o Menino Jesus nos braços, a uma menina, muda de nascimento, cuja família vivia na comunidade de Penha, a seis quilômetros da serra. Nesse momento, a menina teria recuperado a fala. Na sequência, em 1773, o templo seria construído pelo ermitão português Antônio da Silva, o Bracarena.  Nessa história de quase três séculos, dom Walmor faz questão de destacar personagens importantes, a exemplo de padre José Gonçalves, irmã Germana; frei Luís de Ravena, monsenhor Domingos Evangelista Pinheiro, com suas religiosas auxiliares de Nossa Senhora da Piedade, cardeal Motta, a figura monumental de frei Rosário Jofylly (1913-2000), frade dominicano que ficou 51 anos à frente do santuário e o missionário italiano padre Virgílio Resi. “Nesta história, tesouro de Minas, a devoção a Nossa Senhora da Piedade é tão antiga quanto são remotas as origens do desbravamento de Minas”, afirma.

Memória
Entre as Sete Maravilhas


O conjunto arquitetônico e paisagístico do Santuário Estadual da Serra da Piedade foi tombado nacionalmente em 1956. Em 1989, para fins de conservação, ganhou nova proteção, ao ser declarado Monumento Natural e Cultural de Minas Gerais. Em 2001, foi a vez de Caeté, que tombou o patrimônio cultural, arquitetônico, paisagístico e natural. Em setembro de 2005, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) entregou oficialmente o título de “reserva da biosfera” ao trecho mineiro do maciço da Serra do Espinhaço, parte a Serra da Piedade. Também nessa data, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas (Iepha/MG) deliberou e aprovou a área de entorno do Monumento Natural e as diretrizes de proteção para Intervenções no Conjunto Paisagístico da Serra da Piedade. Em maio de 2006, o então governador Aécio Neves homologou o Tombamento do Conjunto Paisagístico da Serra da Piedade, em Caeté e Sabará. E, em 2007, o governo de Minas comprovou as inscrições do tombamento da Serra da Piedade. Recentemente, numa votação popular pela internet, para escolha das Sete Maravilhas da Estrada Real, a Serra da Piedade foi eleita hors-concours.


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