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Estado de Minas

Greve no ensino superior deixa alunos apreensivos

Segundo semestre letivo se aproxima e estudantes de instituições federais paralisadas ainda não tiveram acesso às notas do primeiro. Quem depende do diploma está preocupado


postado em 20/07/2012 06:00 / atualizado em 20/07/2012 06:41

 

A greve dos professores e servidores das universidades e dos institutos federais de ensino superior do Brasil passa de dois meses e começa a deixar os estudantes apreensivos. Muitos tiveram problemas na conclusão do primeiro semestre e necessitam de reposição de aulas. Outros até conseguiram concluir as aulas, mas não tiveram as notas lançadas e as matrículas estão suspensas. As 11 federais mineiras aderiram total ou parcialmente ao movimento e, faltando 18 dias para o início do segundo semestre, se as negociações não andarem, mais de 170 mil alunos não vão voltar das férias e terão seus cursos atrasados. Além disso, muitos estudantes precisam dos diplomas para ingressar no mercado de trabalho, o que não vai acontecer enquanto professores e governo mantiverem o impasse.

É o caso da aluna do curso de Artes Cênicas da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Ana Paula Milagres Alfenas Silva, de 25 anos. Ela depende da apresentação do projeto de conclusão de curso para se formar e já está de olho em um concurso que vai fazer em agosto, para a Prefeitura de Lagoa Santa. “Vou fazer um processo seletivo para dar aulas de teatro e, se for aprovada, já posso ser chamada em setembro. Mas preciso do certificado de conclusão da licenciatura”, diz Ana Paula. Ela é favorável à manifestação dos professores, mas também acha que os 63 dias já são muito tempo de paralisação e que estão prejudicando os estudantes. “Só não estou mais preocupada porque já dou aulas em Contagem em um sistema de contratação que não precisa de diploma. Mas lá tem prazo para terminar”, diz Ana.

Já Keila Campanelli, de 22, que também é estudante de Artes Cênicas da Ufop, estava no sétimo período quando a greve começou e perdeu muitas aulas. Ela terá prejuízos, pois não sabe se o semestre será integralizado normalmente ou se terá reposição nas férias. “É claro que seria melhor caso o semestre fosse cumprido na íntegra, mas não temos ideia do que vai acontecer”, diz ela. A assessoria de comunicação da universidade não quis dar detalhes sobre a situação gerada pela greve, apenas informou que as matrículas estão garantidas. Porém, a reportagem conversou com outros estudantes e comprovou que apenas a matrícula dos calouros foi iniciada. Ninguém foi localizado no sindicato que representa os grevistas da Ufop.

Aulas nas férias

Raquel Ferreira está no primeiro período de veterinária na UFMG e até agora só teve três notas lançadas(foto: Marcos Michelin/EM/D.A PRESS)
Raquel Ferreira está no primeiro período de veterinária na UFMG e até agora só teve três notas lançadas (foto: Marcos Michelin/EM/D.A PRESS)
No primeiro período de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Raquel da Silva Ferreira, de 19, ainda não sabe quais disciplinas vai cursar no próximo semestre. Mesmo tendo concluído as aulas, ela só tem notas de três matérias e faltam os resultados de outras três. “Estou na esperança de acabar a greve. Se não voltar vai ser muito ruim, porque pode atrasar a formatura e ter aula nas férias”, afirma. O reitor da UFMG, Clélio Campolina Diniz, confirma que as matrículas estão suspensas por conta das notas. “Atualmente temos 60% das notas lançadas e achamos melhor adiar a matrícula porque muitas matérias dependem da aprovação em outras, o que poderia complicar a situação no futuro”, diz o reitor.

Apesar da indefinição, Campolina diz que o calendário do segundo semestre está mantido, com o início das aulas previsto para 6 de agosto. Segundo ele, também não há nenhum problema com o vestibular, pois a UFMG usa o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como primeira etapa e toda a responsabilidade do Enem é do Ministério da Educação (MEC), inclusive na seleção de aplicadores. “Só vamos fazer mudanças no calendário se a greve ainda estiver em curso quando começarem as aulas”, garante o reitor. O presidente do Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte e Montes Claros (Apubh), João Maurício Lima de Figueiredo Mota, não acredita que o vestibular está prejudicado, mas não vê solução antes do início das aulas. “Provavelmente o segundo semestre não vai começar”, diz ele.

Reunião

O diretor do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Paulo Rizzo, informou que na segunda-feira professores e governo vão se reunir mais uma vez para debater a situação. Segundo ele, a categoria pede carreira única com incorporação das gratificações e variação de 5% entre níveis a partir do piso para regime de 20 horas correspondente ao salário mínimo do Dieese (atualmente calculado em R$ 2.329,35), além de percentuais de acréscimo conforme a titulação e o regime de trabalho. “O reajuste proposto pelo governo dá algum aumento apenas para o topo da carreira. No geral, a proposta perde para a inflação e está sendo rejeitada nas assembleias pelas universidades”, diz o diretor.

Segundo o MEC, a proposta prevê aumento até 2015 para todos os professores. De acordo com o governo, os aumentos chegam a 77,27% acima da inflação para os docentes das universidades e 75,48% para os professores dos institutos federais. A reportagem fez contato com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), mas ninguém foi destacado para comentar a repercussão da greve para a rotina das universidades. 

 


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