(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Babá depõe nesta quinta-feira sobre bebê em coma

Delegado apura se mulher chacoalhou com violência menina internada em hospital de BH com lesão cerebral. A criança foi diagnosticada com a chamada 'síndrome do bebê sacudido'


postado em 05/07/2012 06:00 / atualizado em 05/07/2012 07:09

Será ouvida nesta quinta-feira na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, a babá E. V. S., de 31 anos, suspeita de ter cometido maus-tratos contra um bebê de dois meses e meio. A menina, filha da empresária A.H., de 39 anos, foi diagnosticada com a síndrome do bebê sacudido, que ocorre quando uma criança, geralmente lactente, é violentamente balançada gerando graves problemas cerebrais. Ela deu entrada há 20 dias em estado de coma no Hospital Mater Dei, no Bairro Santo Agostinho, Região Centro-Sul, onde permanece internada com lesões neurológicas e risco de ficar cega e com paralisia cerebral.

Apesar de ter recebido indicação para trabalhar na casa da criança, a funcionária está sendo considera a principal suspeita pela violência por ter sido a única pessoa que teve contato com a menina no dia em que ela passou mal. A babá já prestou depoimento uma vez e, segundo o delegado Geraldo Toledo, que está à frente do caso, ela prestou informações incoerentes.

Outro forte indicativo de suspeita contra E. está descrito no Boletim de Ocorrência feito pela mãe junto à Polícia Militar. No documento consta que após levar a menina ao hospital, a pedido da mãe que saiu do trabalho para encontrar a filha e a funcionária na unidade de saúde, a babá teria voltado ao trabalho, no Bairro Serra, na companhia do sobrinho da empresária para buscar a certidão de nascimento da criança. Mesmo tendo ido sob orientação da patroa, a babá não retornou ao hospital e nem mesmo ao trabalho. “Os pais acreditam que a babá possa ter maltratado a menina. Ela já depôs, mas vou voltar a ouvi-la tendo em vista que os depoimentos da família e dos antigos patrões trouxeram novos elementos à investigação”, afirmou Toledo.

Depoimento

Delegado disse que profissional saiu para buscar documentos e não voltou(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Delegado disse que profissional saiu para buscar documentos e não voltou (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Conforme o policial, no dia em que depôs, E. negou que tenha sido agressiva com a menina. Disse que estava preparando a mamadeira da criança, enquanto ela estava no carrinho ao lado, e que de repente teria dado um gritinho. Ainda segundo o depoimento da babá ao delegado, a menina teve uma convulsão, momento em que ela ligou para a patroa comunicando o fato. Foi aí que a empresária a teria orientado a pegar um táxi e dirigir-se com a criança até o hospital. O fato ocorreu em 15 de junho.

Na unidade hospitalar, o bebê foi avaliado por neurologistas e oftalmologistas, passou por exames de ressonância magnética e tomografia que detectaram um coágulo no cérebro e o rompimento dos vasos anteriores dos olhos, o que pode causar cegueira. As informações constam em um relatório médico de 200 páginas anexadas ao inquérito. O caso foi denunciado à polícia pela direção do Mater Dei, dois dias depois da internação da criança.

De acordo com o delegado, se comprovada a culpa da babá, ela pode responder por lesão corporal gravíssima ou tentativa de homicídio. A pena pode chegar a 20 anos de prisão caso a denúncia seja confirmada. Se ela não comparecer à delegacia hoje, o investigador afirmou que pode pedir a prisão preventiva dela. Emocionalmente abalados, os pais da criança não estão se pronunciando sobre o caso. No trabalho da empresária, uma funcionária informou que desde o dia da internação ela fica praticamente o dia inteiro no hospital.

Palavra de especialista
"Nunca balancem as crianças"

Marislaine Lumena de Mendonça
Pediatra do Hospital João XXIII

“A síndrome do bebê sacudido é resultado de uma situação de agressão contra a criança, quando ela é severamente balançada. Isso causa consequências sérias, já que o cérebro do bebê, ainda muito frágil, balança fortemente dentro da caixa craniana rompendo vasos sanguíneos e provocando lesões neurológicas. Como resultados imediatos, a criança pode ter convulsões, vômitos, letargia e entrar em coma. A longo prazo, a criança pode ficar cega (devido ao rompimento dos vasos sanguíneos anteriores aos olhos), ter paralisia cerebral, atraso no desenvolvimento, lesões na coluna vertebral e, em casos graves, pode levar ao óbito. Diante de tantos riscos, a recomendação aos pais é que nunca balancem as crianças. A orientação não é tão difundida por especialistas, mas deve ser seguida como um regra geral. Nos casos em que a criança estiver chorando muito, os pais ou a pessoa que estiver com a criança deve-se acalmar e pedir ajuda para conter o choro sem irritar-se com o bebê.”


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)