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Estado de Minas

Comissão cobra cerco a traficante


postado em 30/06/2012 06:00 / atualizado em 30/06/2012 07:07



A Comissão Especial para o Enfrentamento ao Crack vai apresentar ao estado proposta para tratamento de dependentes químicos que cometem pequenos crimes baseada em modelos semelhantes aos adotados por Portugal e pela Flórida, nos Estados Unidos. O relatório elaborado pela comissão, que será apresentado em agosto, prevê ações de conscientização, cobra investimentos na prevenção e defende que os esforços de repressão policial se concentrem no combate à lavagem de dinheiro, atingindo, assim, os grandes traficantes. Ontem, a Assembleia Legislativa organizou ato contra o crack e outras drogas, reunindo cerca de 5 mil estudantes da rede pública para um de show Wilson Sideral.

Presidente da comissão, o deputado estadual Paulo Lamac (PT) diz que o estado gasta mais com o dependente preso que comete pequenos delitos – em torno de R$ 2 mil mensais – quando deveria ampliar o apoio às comunidades terapêuticas, que gastam menos da metade, cerca de R$ 900 por mês, no tratamento de cada usuário. Lamac diz que a comissão está trabalhando no relatório final e defende o reequipamento da polícia e a alteração da legislação federal, para dar prioridade ao combate aos grandes traficantes.

Em Portugal, o tratamento é compulsório. O detalhe é que o dependente químico que comete furtos ou crimes de menor potencial ofensivo relacionados ao uso de drogas é atendido por uma equipe multidisciplinar, que orienta a melhor intervenção para cada caso. Na Flórida, o usuário pode escolher se vai responder criminalmente ou se prefere se submeter a um programa de tratamento. Como o estado americano, diz Lamac, o Brasil tem um sistema judicializado, mas não distingue o dependente que pratica crimes por causa do vício do grande traficante de drogas. Para o deputado, a maneira de “estancar a epidemia” do crack passa por um trabalho com foco no usuário e na prevenção, impedindo que outros experimentem a droga.

“Esse indivíduo que vende droga para sustentar o vício não tem influência alguma na organização criminosa e os presídios estão abarrotados de gente assim. É preciso atacar os ganhos do grande traficante, combatendo a lavagem de dinheiro e usando esse recurso no próprio combate contra o tráfico. O estado gasta mais com o dependente preso do que no seu tratamento, por um período bem mais curto, em torno de nove meses. As penitenciárias não recuperam ninguém e a reincidência criminal é da ordem de 90%. É preciso mudar este cenário”, afirma o deputado, lembrando que o índice de recaída de usuários de crack chega a 70% depois do tratamento.

O presidente da Assembleia, deputado Dinis Pinheiro, também acredita que esta lógica precisa ser invertida. “Esse combate requer tempo e intensidade, mas ainda gastamos mais com o preso do que com o tratamento. Cerca de 80% dos crimes estão ligados ao uso de crack e outras drogas”, afirmou, durante o evento que reuniu alunos de escolas públicas e particulares, no Pátio das Bandeiras, na manhã de ontem, quando foi lançado um concurso de redação sobre o tema.

O subsecretário de Políticas Sobre Drogas da Secretaria de Estado de Defesa Social, Cloves Benevides, diz que o estado encaminhou a Brasília projetos diversos, que englobam também ações assistenciais e de saúde, em valores que superam R$ 200 milhões. Para o cantor Wilson Sideral, que venceu há 15 anos o vício, a conscientização e mobilização social são elementos importantes na luta. “Vou dar o recado na linguagem deles, intercalando com as músicas. Tenho experiências negativas e uma mensagem de esperança, porque consegui superar o vício. Essa é a época de formação do caráter e a garotada precisa ouvir abertamente que não deve entrar nessa. Aqueles que estão passando por isso precisam ter apoio da família e fé na religião, seja ela qual for.”


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