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Estado de Minas

BR-040 é rodovia com muitos problemas e contrastes

EM flagra entulho, lixo e acostamentos pouco equipados para diminuir impacto do transporte sobre o meio ambiente em trecho da BR-040 administrado pelo Dnit. Medidas adotadas na parte privatizada mostram que é possível reduzir danos


postado em 25/06/2012 06:35 / atualizado em 25/06/2012 07:25

Entulho na BR-040 na parte administrada pelo Dnit, perto de Nova Lima: autarquia promete melhorias (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Entulho na BR-040 na parte administrada pelo Dnit, perto de Nova Lima: autarquia promete melhorias (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

Juiz de Fora e Petrópolis (RJ) – Quem sobe as serras fluminenses com destino a Minas ou pega a BR-040 rumo às praias do Rio de Janeiro encontra maneiras diferentes de lidar com o meio ambiente. De Juiz de Fora a Belo Horizonte, o trecho da rodovia administrado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) tem problemas de limpeza e pouco aparato para minimizar impacto do transporte rodoviário sobre o entorno das estradas. Ao longo de 240 quilômetros, bota-foras nos acostamentos, drenagens entupidas, placas cobertas por pó de minério de ferro, animais mortos em atropelamentos e mananciais expostos à poluição são cenas comuns.

Do outro lado, no trecho de 180 quilômetros concedido à iniciativa privada entre Juiz de Fora e o Rio de Janeiro, motoristas precisam desembolsar R$ 8 para ingressar em cada uma das três praças de pedágio – caminhoneiros pagam esse valor por cada eixo. Em contrapartida, a adoção de medidas como a criação de equipe para atuar em caso de vazamento de produtos tóxicos reduz em parte o prejuízo ambiental e mostra que seria possível fazer o mesmo no trecho estatal. Na segunda reportagem de série sobre o impacto do transporte sobre o meio ambiente, o Estado de Minas revela contrastes na BR-040 no que diz respeito ao meio ambiente. Ontem, o EM mostrou como a dependência de um ainda precário sistema de transporte ameaça a fauna, rios e polui o ar nas rodovias que cortam Minas.

No trecho sob responsabilidade do Dnit, entre Belo Horizonte e Juiz de Fora, os problemas se sucedem. A reportagem flagrou entulho de construções e lixo espalhados por áreas de domínio e acostamentos, inclusive aos pés da Serra da Moeda – patrimônio histórico e cultural mineiro, de biodiversidade rara, espécies ameaçadas de extinção e mais de 50 nascentes.

Da entrada para o distrito de São Sebastião das Águas Claras (Macacos), em Nova Lima, na Grande BH, até Conselheiro Lafaiete, 80 quilômetros adiante, um desafio é o transporte de minério. O vaivém de caminhões espalha pó por áreas de cerrado e mata atlântica. “Cada carreta que desce a estrada traz o pó junto. A gente que trabalha perto fica o dia inteiro cuspindo terra vermelha, esfregando os olhos e tossindo”, descreve o frentista José Alfredo Barres, de 47 anos, que trabalha num posto em Itabirito. Nas entradas de São Sebastião das Águas Claras e de Belo Vale, o asfalto da BR-040 fica manchado pela terra das estradas que levam às mineradoras e as canaletas chegam a reter um palmo de minério de ferro. Quando chove, parte desse material vai para o leito de córregos. Procurado, o Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais (Sindiextra) não se pronunciou.

A falta de proteção para a fauna no entorno das estradas também é problema no trecho estatal da BR-040 e em outras rodovias administradas pelo governo federal. Levantamento feito pelo EM indica que o Dnit instalou ou está instalando cercas para barrar a passagem de animais pela pista ou túneis para permitir a travessia em apenas oito rodovias sob sua tutela. Seis concessionárias consultadas pela reportagem informaram que 20 vias administradas por elas já contam com esses dispositivos. Em Minas, apenas o trecho de Juiz de Fora da BR-040 tem esse tipo de aparato.

Vazamentos

As estradas administradas pelo Dnit têm poucos equipamentos para minimizar poluição de mananciais por conta de vazamentos de óleo, combustíveis, pó de asfalto e eventuais derramamentos de cargas. Segundo informou a autarquia federal, “rodovias mais recentes e com significativo tráfego de veículos que transportam produtos perigosos estão sendo providas com dispositivos que possam impedir o derramamento de algum produto danoso ao meio ambiente.”

“Quando uma via é projetada, ou vai ser ampliada, deve haver previsão de impactos na fauna, flora, população local e recursos hídricos. Mas, quando o processo precisa ser viabilizado, os primeiros custos a serem cortados são da área ambiental”, critica o engenheiro e consultor de infraestrutura viária Everaldo Cabral.

Telas e limpeza em rodovia sob concessão
Na porção da BR-040 concedida à iniciativa privada, iniciativas têm contribuído para minimizar os danos ao meio ambiente provocados pelo transporte. Equipes de limpeza e conservação rodam o trecho em escalas para remover veículos enguiçados, lixo, entulho e animais mortos. O trecho administrado pela Conser é dotado de séries de telas de metal que impedem a aproximação de animais silvestres das rodovias.

“Muitos desses locais são como armadilhas. O animal deixa a mata para procurar comida ou parceiros para acasalamento e quando cruza a estrada encontra um paredão”, descreve a bióloga Cecília Bueno, responsável por um dos programas de preservação da concessionária.

As telas não são suficientes para a preservação das espécies. Passagens subterrâneas também foram instaladas para que os animais consigam atravessar com segurança as vias. “Cada animal age de uma forma. Agora no inverno a frutificação das árvores diminui e a água também, obrigando-os a percorrer territórios mais extensos, o que aumenta os conflitos”, diz a bióloga.

Um desafio na proteção de animais tem sido o roubo das telas de plástico para barrar animais menores. Num trecho sem a tela, no km 818, a reportagem encontrou um furão atropelado. Aparentemente, o animal passou pela malha mais larga e, ao cruzar o asfalto, foi atropelado e jogado no acostamento. A empresa informou que uma nova variante está sendo construída e terá 12 passagens de fauna.

O trecho concedido tem outros problemas. Não há, por exemplo, sistemas de drenagem que escoem resíduos do transporte, como óleos, graxas, pó de asfalto e pedaços de carga, para áreas controladas. Parte desse material, sobretudo no período de chuva, pode parar em áreas de domínio onde há matas e mananciais. Na ponte sobre o Rio Paraíba do Sul, cada pista tem 65 canos para escoar água e rejeitos da pista, mas o material vai diretamente para um curso d’água.

 


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