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Estado de Minas

Rapper Emicida afirma em nota que frase foi alterada em boletim de ocorrência

Músico foi detido por desacato após uma apresentação na noite de domingo em Belo Horizonte


postado em 14/05/2012 11:00 / atualizado em 14/05/2012 12:09

Declaração do rapper foi feita pouco antes da música Dedo na Ferida, que fala sobre a polêmica que envolve a polícia e moradores nos casos de desocupações, como no Pinheiro, em São José dos Campos (SP).(foto: MTV/Divulgação)
Declaração do rapper foi feita pouco antes da música Dedo na Ferida, que fala sobre a polêmica que envolve a polícia e moradores nos casos de desocupações, como no Pinheiro, em São José dos Campos (SP). (foto: MTV/Divulgação)


Após ser detido na noite de domingo por desacato, o rapper paulista Emicida, de 26 anos, divulgou uma nota em seu site oficial explicando o motivo da detenção depois de uma apresentação no festival Palco Hip Hop, no Bairreiro, Região Oeste de BH.

Segundo a assessoria de imprensa do artista, ele se recusou a assinar o boletim de ocorrência porque a frase que ele disse no palco teria sido alterada no documento. A nota afirma que Emicida fez o seguinte comentário antes de começar a música "Dedo na Ferida": “Antes de mais nada, somos todos Eliana Silva, certo? Levanta o seu dedo do meio para a polícia que desocupa as famílias mais humildes, levanta o seu dedo do meio para os políticos que não respeitam a população e vem com ‘noiz’ nessa aqui, ó. Mandando todos eles se f..., certo, BH? A rua é 'noiz.'" O momento foi filmado.

Confira o vídeo



Depois da apresentação, militares do 41º Batalhão prenderam o rapper “por incitar o público a fazer gestos obscenos para policiais e para políticos”. Emicida foi levado para a Delegacia Regional Barreiro, onde foi ouvido e liberado. Uma foto do histórico da ocorrência foi reproduzida no site do artista. Na transcrição do documento, consta que o rapper teria dito: “eu apoio a invasão do terreno 'Eliana Silva', região do Barreiro, tem que invadir mesmo, levantem o dedo do meio para cima, direcione aos policiais, pois todos esses tem que se f...”.

O músico, que estava acompanhado do irmão e empresário, Evandro Fioti, e do advogado, preferiu não assintar o B.O.
A Polícia Civil explica que a assinatura do Boletim de Ocorrência não é obrigatória. Nesse caso, uma testemunha assina o documento diante da negação do envolvido. O documento já foi encaminhado à Justiça e a audiência foi marcada para fevereiro de 2013.

Ainda de acordo com a publicação do site, “em nenhum momento o rapper se dirigiu diretamente aos policiais militares que trabalhavam no evento ou pediu que o público fizesse algum gesto obsceno a eles. O show ocorreu sem nenhuma confusão.” Na nota, o músico ainda agradece as manifestações de apoio. A prisão do artista chegou a ser um dos assuntos mais comentados do Twitter no domingo.

PM confirma desacato

Segundo o major Gilmar Luciano Santos, chefe da Sala de Imprensa da Polícia Militar de Minas Gerais, a PM confirma que o rapper incitou o crime. “Mandar as pessoas fazerem gestos obscenos é crime. Está no Código Penal”, explica. Ainda de acordo com o militar, o artista mandou que o público direcionasse o gesto aos policiais, o que todos fizeram. Emicida fez uma referência ao despejo de moradores da Ocupação Eliana Silva.

A letra da música “Dedo na Ferida” diz: "Porque a justiça deles, só vai em cima de quem usa chinelo / E é vítima, agressão de farda é legítima. / Barracos no chão, enquanto chove. / Meus heróis também morreram de overdose, / De violência, sob coturnos de quem dita decência. / Homens de farda são maus, era do caos, / Frios como halls, engatilha e plau! / Carniceiros ganham prêmios, / Na terra onde bebês respiram gás lacrimogênio."

"Quando ele diz 'homens de farda são maus' ele está incitando a violência e desacatando as autoridades que ali estão", afirma o chefe da Sala de Imprensa da PM. "A Constituição prevê liberdade de expressão nos limites da ordem pública. A Polícia Militar, com muito bom senso, aguardou que o show terminasse, mas para evitar mal maior, atuando nos principios de razoabilidade, visto que ele ainda estava em flagrante. O papel dentro do estado democrático foi executado com excelência", finaliza.

Eliana Silva

Famílias que foram despejadas da ocupação no Barreiro montaram acampamento na porta da Prefeitura de Belo Horizonte nesta manhã. O grupo ocupou a calçada da Avenida Afonso Pena, no Centro de BH, para protestar contra a ação de desocupação que retirou cerca de 350 famílias no terreno na Rua Perimetral, Bairro Santa Rita.

Segundo coordenador do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas, Leonardo Péricles, a comunidade Eliana Silva vai ficar acampada na prefeitura até conseguir negociar com o prefeito Marcio Lacerda (PSB) uma moradia para as famílias. A Polícia Militar (PM) informou que são cerca de 70 pessoas na manifestação desta segunda.


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