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Estado de Minas

Crescimento da frota e falta de manutenção dos ônibus entre as causas de acidentes


postado em 28/03/2012 06:00 / atualizado em 28/03/2012 07:20

A intensificação do tráfego de ônibus, principalmente para destinos no interior onde os acessos melhoraram nos últimos anos em questão de pavimento, e não pela ampliação de pistas e duplicações, tem contribuído para um salto de acidentes e mortes. A avaliação é de especialistas em transporte e trânsito que apontam o inchaço da frota mineira como evidência dessa maior procura. Nos últimos 10 anos, o número de ônibus e micro-ônibus cresceu 94%, passando de 48.558 unidades em 2002 para 94.084 em janeiro deste ano. É muito acima do aumento da frota nacional, que no mesmo período subiu 74,5% (451.737 para 788.457), de acordo com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

"É uma questão estatística. Se temos mais ônibus circulando nas estradas, mais acidentes ocorrem. O problema é que, quando ocorre um desastre no transporte coletivo, temos número maior de vítimas", analisa o chefe do Departamento de Transportes e Geotecnia da Escola de Engenharia da UFMG, Nilson Tadeu Nunes. "Os aviões são muito seguros, mas quando cai um, muitos morrem e isso causa uma comoção muito grande. Observamos mais acidentes também com aeronaves devido ao aumento dos voos", compara.

Ainda de acordo com o Denatran, de janeiro do ano passado ao mesmo mês deste ano, houve acréscimo de 7.570 ônibus e micro-ônibus, uma adição de 8,7% no período, passando de 85.514 para 94.084. No país, o crescimento foi de 61.015 veículos, o que representou incremento de 8,3% na frota. O índice é pouco inferior ao registrado em Minas.

A situação das estradas é outro problema. "O estado de conservação das rodovias federais é muito ruim e não vemos grandes obras de ampliação em andamento em Minas Gerais", avalia Nunes. Atualmente no estado, de acordo com o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER/MG), apenas 1,3 mil quilômetros de estradas são duplicados em Minas Gerais, o equivalente a 3,6% da malha rodoviária total do estado, que soma 35.960 quilômetros.

A obrigação de cumprir horários para não atrasar o cronograma das empresas de transporte, tanto as de passageiros comerciais quanto as especializadas em conduzir trabalhadores de firmas, também têm efeito decisivo nas condições dos motoristas. Essa cobrança sobre os condutores incentiva comportamentos imprudentes. "Principalmente nos feriados e altas temporadas, vemos muito isso: motoristas precisam cumprir os horários de viagem para não travar as rodoviárias ou o esquema de logística das empresas", observa o professor de engenharia de transportes da PUC Minas e especialista da consultoria Localett, Paulo Rogério da Silva Monteiro.

VEÍCULOS PRECÁRIOS
As condições dos veículos e dos motoristas também deixam a desejar principalmente no interior, de acordo com o especialista em transporte e trânsito. "Muitos ônibus usados nas cidades acabam se transformando em veículos de viagem intermunicipais e até interestaduais. São veículos desgastados e cuja manutenção deixa a desejar", acredita Monteiro. Ainda de acordo com ele, os motoristas deveriam receber treinamento mais rígido para trabalhar em linhas e nas viagens. "São profissionais que deveriam estar em constante treinamento e reciclagem. O ideal é que tenham cursos de direção defensiva. As empresas também precisam respeitar o limite de seus funcionários, não os expondo a jornadas excessivas nem prazos muito exíguos", diz.

Segundo o assessor de imprensa da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Minas Gerais, Adilson de Souza, o aumento do número de vítimas de acidentes envolvendo ônibus não indica que haja mais mortes. "O acidente com 15 mortos (em Felixlândia) provocou uma distorção na estatística. Não é que saiu da normalidade. Continuamos com poucos acidentes", afirma.

Ainda segundo o policial, Minas não tem tradição em grandes desastres de ônibus em rodovias federais. "Os estados onde ocorrem mais esses acidentes são os do Sul, como Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde há ingresso intenso de motoristas estrangeiros, que não conhecem bem nossas estradas e regras de circulação e por isso se envolvem em batidas", avalia o assessor da PRF.

Apesar de a frota de ônibus norte-americana ser pouco maior que a brasileira, com pouco mais de 800 mil veículos, só 1 mil pessoas ficaram feridas e 50 morreram em 2008 inteiro, de acordo com a Administradora da Segurança de Transportes Automotores dos EUA, órgão que projeta medidas de segurança e estuda acidentes em âmbito federal.


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