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Estado de Minas

Associações de bairros de BH cujas praças têm areia contaminada cobram providências

Como mostrou o EM, teste da UFMG indicou alta quantidade de coliformes em espaços de lazer


24/12/2011 06:00 - atualizado 24/12/2011 06:58

Bióloga da UFMG retira amostras de areia na Praça Ney Werneck, no Belvedere: laudo apontou presença de coliformes totais e fecais
Bióloga da UFMG retira amostras de areia na Praça Ney Werneck, no Belvedere: laudo apontou presença de coliformes totais e fecais (foto: Renato Weil/EM/D.A Press)


A qualidade das areias de espaços públicos de Belo Horizonte preocupa dirigentes de associações de moradores, que pedem providências às autoridades municipais para evitar riscos à saúde, principalmente das crianças. Conforme mostrou Estado de Minas nessa sexta-feira, o Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) testou, a pedido da reportagem, o material de três praças e um parque da Região Centro-Sul, verificando a presença de coliformes fecais e ovos de vermes. As amostras foram coletadas na Praça Nova York, no Bairro Sion, no Parque Municipal Juscelino Kubitschek, no Mangabeiras, na Praça Carlos Chagas, no Santo Agostinho, e na Praça Ney Werneck, no Belvedere.

A Praça Ney Werneck, no Belvedere, foi reprovada nos itens coliformes totais (633 mil para 100g de areia) e coliformes fecais (20mil). O presidente da Associação dos Amigos do Bairro Belvedere, Ubirajara Pires Glória, disse que o resultado assusta, mas não surpreende. Ele estima em 4 mil o número de cães em apartamentos e casas do bairro e critica o desrespeito de muitos moradores, que querem ter animais de estimação e não se movem para recolher as fezes dos bichos.

Para Ubirajara, a situação da Praça Ney Werneck serve para expor outro problema da região, na Lagoa Seca. “Ela recebe muito esgoto doméstico, água de lavagem de passeios, da rede pluvial e de outras fontes poluidoras. Trata-se do vertedouro de 70% das águas pluviais do bairro. Sempre orientamos as pessoas a não entrar nesse local”, diz Ubirajara, destacando que a Ney Werneck também é contaminada pelas águas pluviais. A consequência, portanto, é mau cheiro e pernilongos.

Na Praça Carlos Chagas (Assembleia), os resultados foram regulares no item coliformes totais (28,5 mil para 100g) e ótimos (zero) para coliformes fecais. Mas o presidente da Associação do Bairro Santo Agostinho (Amagost), André Teixeira Gontijo, quer ver o espaço público comparado a outras praças do mundo – “bem limpa”. Ele diz que ainda há muito para ser feito na praça, onde não há banheiro público e guarda municipal de prontidão, tem mendigos, vive ocupada por movimentos sociais e se torna palco frequente de várias manifestações. “Pela localização da praça, a situação dela não é boa. Há um aumento da sujeira, devendo haver, portanto, restrições ao uso da areia pelas crianças”, acredita André.

Para melhorar a situação, a associação fez uma parceria com a Assembleia Legislativa, que resultará num projeto de requalificação do espaço. Em junho, milhares de pessoas participaram de uma consulta para apontar os melhoramentos urgentes, entre eles segurança, iluminação pública e retirada dos recipientes, instalados pela prefeitura, para recolhimento de lixo reciclável, já que, nos fins de semana, ele ficam cheios, transbordam e sujam o piso. “A nossa praça pode ser bem melhor”, espera André.

Coleta

No Bairro Sion, a Praça Nova York tomou bomba no quesito coliformes fecais (499 mil por 100g), mostrando-se regular em coliformes fecais (27,5 mil), conforme publicado na edição dessa sexta-feira . O EM entrou em contato com a Associação dos Moradores para avaliação, mas foi informada, pela secretária, de que os dirigentes estavam viajando. Já o Parque JK, no Mangabeiras, teve nota “boa” quanto aos coliformes totais (20 mil por 100g) e foi mal em coliformes fecais (6,1 mil). O Sindicato da Indústria da Construção Pesada de Minas Gerais (Sicepot/MG) é responsável pela adoção da unidade de conservação e uma funcionária informou, por telefone, que a entidade entrou nessa sexta-feira em férias coletivas.

A coleta das amostras foi feita em 13 de dezembro. A bióloga do Laboratório de Microbiologia da UFMG, Cíntia Dutra Leal, definiu um quadrante de um metro quadrado em cada uma das praças e juntou em frascos a camada superficial da areia (até 5 cm) de cinco pontos diferentes: das extremidades do espaço e do meio. O procedimento foi o mesmo adotado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) para uma avaliação da areia do litoral paulista em 2009. No laboratório, as amostras foram misturadas e incubadas por 24 horas numa estufa exposta à temperatura de 35°C, com condições para que as bactérias pudessem se desenvolver. As amostras também foram lavadas e filtradas, permitindo que o sedimento fosse analisado em microscópio, para verificar a presença de ovos e larvas de helmintos (vermes) nesses parques.

A Prefeitura de Belo Horizonte, informou nessa sexta-feira, por meio da assessoria de imprensa, que faz a limpeza da areia e manutenção das praças da capital, embora não haja projeto específico sobre coliformes e ovos de vermes.


Sem regulação

Não há legislação específica no Brasil que determine limites, parâmetros a serem analisados e ações de monitoramento e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) recomenda aos órgãos ambientais a avaliação da qualidade parasitológica e microbiológica da areia para futuras padronizações. Apenas o Rio de Janeiro tem uma resolução municipal que estabelece limites máximos para a classificação das areias das praias cariocas e, com base nela, o contato com a areia do Parque JK e das praças Ney Werneck e Nova York não é recomendado.


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