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Estado de Minas

Motoristas voltam aos bancos das autoescolas para enfrentar reciclagem


postado em 31/08/2011 06:00 / atualizado em 31/08/2011 06:06

Depois de dois anos, Adylson Siqueira não vê a hora de reaver carteira(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Depois de dois anos, Adylson Siqueira não vê a hora de reaver carteira (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Ele era motoboy e se sentia realizado ao percorrer Belo Horizonte inteira sobre duas rodas, profissão que lhe garantia R$ 1,6 mil por mês. A motocicleta também fazia Adylson Siqueira, de 29 anos, ficar ainda mais perto do filho Guilherme, de 11. Na garupa ele levava o menino para as partidas de futebol e os passeios nos fins de semana. Mas 20 pontos na carteira nacional de habilitação (CNH), sete deles pela infração de dirigir com sinais de embriaguez, levaram o motociclista para bem longe da direção, obrigaram-no a buscar sustento como vigilante (salário de
R$ 1 mil) e, principalmente, a aprender a recomeçar.

Integrante do batalhão de motoristas que tiveram a CNH suspensa – apenas em 2010 foram 1.821, aumento de 40% em relação a 2009 –, Adylson, há mais de dois anos sem pilotar, concluiu nessa terça-feira as 30 horas/aula do curso de reciclagem exigido para reaver a carteira. Agora, não vê a hora de fazer a prova no Detran-MG para voltar à direção. “A sensação é de dever cumprido. Pude refletir sobre meus erros. Durante esse tempo, deixei de crescer na profissão, tudo por uma falta de responsabilidade. Tirei carteira com 18 anos e de primeira. Como foi fácil, não dei tanto valor”, conta.

Apesar de ter sido impedido de dirigir por quatro meses, punição da Lei Seca anterior a 2008, Adylson ficou longe da moto por mais de dois anos, por imposição da nova rotina. “Como comecei a trabalhar à noite, diariamente, ficou difícil de ter horário para fazer o curso”, explica o motociclista, que pretende retomar a profissão de motoboy e não passar nem perto do contigente de 1.716 motoristas que, no ano passado, tiveram a carteira cassada, número 17,4% maior do que em 2009. “Não vou cometer o mesmo erro”, garante.

A cassação da carteira vale para quem continua dirigindo mesmo com a CNH suspensa ou quem, no período de um ano depois de ter de volta a CNH, comete o mesmo erro. Mas, em tempos de Lei Seca mais rigorosa, a expectativa dos donos de centro de formação de condutores (CFCs) é que as salas de aulas fiquem cheias de alunos que já tiveram habilitação. “Como o período de suspensão da carteira é de um ano, esperamos que daqui há uns oito meses o aumento do número de motoristas pegos se reflita na procura pelos cursos de reciclagem”, afirma o sócio-proprietário da Auto Escola Almada, Robson Soares de Oliveira.

Erros alheios

Segundo Robson, a maior demanda pelo curso de reciclagem vem de proprietários de vários carros, como o empresário Marcelo (nome fictício), de 60 anos, que soma 153 pontos na carteira, punido pelo erro de motoristas que dirigiam seus mais de 10 veículos. “Pagava a multa, mas não tirava do meu nome. Quando fui renovar minha carteira, descobri que não poderei mais dirigir até 11 de novembro de 2011”, conta Marcelo, que agora anda para todo lado de motorista. “Foi a melhor coisa. Mesmo depois de ter de volta a carteira, vou manter o motorista. Também passei todos os carros para o nome da empresa”, afirma.

Com três carros em seu nome, a piscóloga Márcia (nome fictício) também foi vítima de erros de terceiros e, por isso, teve que ficar distante do volante por 30 dias e fazer o curso de reciclagem, experiência que ela define como genial. “Não me sinto responsável pelo que não fiz, mas o curso foi muito legal. Levei a situação numa boa, pois acho que a cidade precisa ter menos veículos mesmo. Já faz algum tempo que resolvi não ter carro e já decidi morar mais perto do trabalho”, diz, ressaltando que responde agora por multas de mais de uma década. “Tinha até multa do interior. Cheguei a recorrer, mas não sou muito de esquentar a cabeça.”


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