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Estado de Minas

Com disciplina militar, 323 cavalos ajudam PMs na vigília das ruas de BH


04/04/2011 07:14

Cavalos da raça Brasileira de Hipismo, tida como dócil e calma, ajudam PMs
Cavalos da raça Brasileira de Hipismo, tida como dócil e calma, ajudam PMs (foto: Euler Junior/EM/D.A Press. Brasil.)

Hoje e amanhã a rotina é voltada para o exercício das funções. No restante da semana, eles se revezam em atividades de vigília na Savassi, na região hospitalar e no Centro de Belo Horizonte. A exemplo dos conceitos militares, a disciplina também integra a rotina desses trabalhadores, que como o ser humano, têm crises de estresse. Pacientes e obedientes ao comando, percorrem ruas e avenidas movimentadas da capital sem se incomodar com o trânsito ou ruídos, em sua missão mais importante: a prevenção de crimes. Os 323 cavalos do Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes, da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), são tratados pela corporação como dedicados funcionários. Todos têm nome, número e muito trabalho.

Mas não é qualquer um que pode ostentar o distintivo da PM na sela. O animal tem que preencher uma série de requisitos, como explica o tenente Henrique Garcia, do regimento. “Ele deve ser dócil e tranquilo. Por isso, optamos pela raça Brasileira de Hipismo, que, além do bom temperamento, é ágil, tem grande porte, mas não é pesado”. Antes de entrar para o plantel da PM, o cavalo faz treinamento, que envolve simulações de bombas e episódios de conflito. “Ele tem de se acostumar ao barulho e outras situações, pois nas ruas vai conviver com buzinas, motores de carros, multidões etc”.

E ele tem companheiro fixo no batalhão: cada policial recebe um cavalo emprestado quando entra para o regimento. “Isso facilita o entrosamento entre eles. Vão formar o que chamamos de conjunto cavalo-homem, um trabalho em equipe. E, em nenhuma situação, é aconselhável que o policial abandone o animal, nem para correr atrás de um suspeito. Isso pode causar algum acidente”, diz o tenente. Nesses casos, o militar deve chamar reforço. Além da vigília do dia a dia, eles participam do policiamento especial. “São os eventos, como shows, jogos de futebol e exposições agropecuárias no interior do estado, e também as manifestações, greves ou situações fora da rotina”, explica Garcia.

A cada três meses, os cavalos passam por uma consulta de rotina, em que são avaliados, vacinados e vermifugados. “Quando estressados, alguns balançam de um lado para o outro na cocheira, uns têm gastrite, outros manifestam doenças de pele. A rotina deles é estressante, pois a maior parte do tempo ficam nos estábulos e, quando saem, vão trabalhar em um ambiente totalmente diferente”, explica a veterinária tenente Laura Esquário. Para tentar minimizar o estresse, a alimentação é reforçada. “Usamos uma ração especial com base no feno”, diz Laura.

Equoterapia Além da inspeção nas ruas, os cavalos da PM têm outro trabalho muito especial: a equoterapia, tratamento no qual são usados para ajudar a reabilitar portadores de necessidades especiais, método reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina. Por meio de um convênio com a Secretaria de Estado de Saúde e a Fhemig, uma equipe multidisciplinar, formada por fisioterapeutas, ortopedistas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, médicos e psicólogos, atende cerca de 300 pacientes por mês no Centro de Equoterapia Alferes Tiradentes.

Segundo a fisioterapeuta Cinthia Magalhães, o animal permite avanço significativo no tratamento dos pacientes. “É o único instrumento que nos permite fazer o movimento tridimensional, que é de cima para baixo, de um lado para o outro e de trás para frente”, diz. Bianca Azevedo, de 7 anos, portadora de paralisia cerebral, iniciou o tratamento há pouco mais de um ano. O pai, Audálio Alves, já nota os resultados: “Melhorou o equilíbrio, a postura e, principalmente, a autoestima. Ela adora vir aqui”. O centro funciona de segunda a sexta-feira e é aberto à comunidade. O atendimento é gratuito, mas, para ter acesso, é preciso entrar na lista de espera, onde há 500 inscritos.

Depois de tanto trabalho e anos de dedicação, eles se aposentam. Aos 25 anos de vida ou quando a saúde está debilitada, são levados ao Pelotão de Polícia Montada na Região Nordeste de BH. “Lá, são soltos no pasto e recebem a visita de um veterinário toda semana. O objetivo é deixá-los descansar, depois de uma vida inteira de serviços prestados”, revela Laura.

História

Com 235 anos, a PMMG é a mais antiga das corporações policiais do Brasil. Segundo registros históricos, sua origem se deu com o Regimento Regular de Cavalaria de Minas, em 9 de junho de 1775, em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, na Região Central. A cavalaria tinha a missão de guardar as riquezas extraídas das minas de ouro na região de Vila Rica. Considerado o patrono da cavalaria, o alferes José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, herói da Conjuração Mineira, deu nome ao primeiro regimento. Por isso, anualmente em junho, aniversário de sua fundação, a PMMG concede a Medalha Alferes Tiradentes, sua mais alta comenda, a autoridades civis e militares que se destacaram na sociedade. Além do Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes, cuja sede é no Bairro Prado, Oeste de BH, a corporação conta com outras sete unidades de polícia montada na capital e região metropolitana.


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