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postado em 28/06/2014 07:00 / atualizado em 27/06/2014 14:09

Milton Marques

Monique Renne/Especial CB

As pesquisas eleitorais ganham visibilidade máxima durante as campanhas eleitorais. Por meio delas, os eleitores sabem quem está na frente e os candidatos procuram estabelecer estratégias de campanha para cada momento da disputa. Porém, as pesquisas também geram muita polêmica. Nem todos concordam com os resultados, principalmente os candidatos que estão perdendo. Boa parte dos eleitores também não sabem dos cuidados que precisam ter quando leem os resultados de uma pesquisa. Se tivessem, seriam menos influenciados e teriam um melhor conhecimento do cenário eleitoral. O cientista social Milton Marques trabalha com pesquisas há 28 anos. Ele é consultor de projetos da Innovare Pesquisa e explica que cuidados são esses.

Com a aproximação das eleições de 2014, os leitores, assim como a população em geral, serão bombardeados com publicações, quase semanais, sobre a corrida presidencial e para os governos estaduais. Vários institutos de pesquisa já estão contratados pelas estruturas das campanhas, e outros, contratados pela grande imprensa. Diante de tantas publicações de resultados, ora convergentes, ora conflitantes, é compreensível que o eleitor fique com dúvidas sobre a qualidade e correção dos resultados. Nesse conturbado mundo de interesses, dos números e das diferenças de metodologia utilizadas pelos institutos de pesquisa, quais os cuidados que os eleitores devem ter ao ler, ver ou ouvir um resultado de pesquisa? Quais são as perguntas mais frequentemente feitas a um pesquisador?

Maria Tereza Correia/EM/D.A.Press

Rigor da lei

O Brasil possui uma rígida lei que regula a publicação de resultados. Os institutos são obrigados, em tempo hábil, a registrar a pesquisa a ser publicada, indicando que tipo de metodologia de pesquisa será utilizado, tamanho da amostra, margem de erro, questionário a ser utilizado, período de campo, fatores de ponderação dos resultados, dentre outras exigências. Os resultados obtidos são depositados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ficam à disposição dos partidos, dos candidatos, da imprensa e da população interessada. Assim sendo, a lei consegue conferir um elevado grau de transparência na atividade. Veja sempre se a informação publicada tem origem em uma pesquisa devidamente registrada.

Reputação é valor
Todos os institutos de pesquisa que possuem como carro-chefe de sua atividade a pesquisa política vivem de reputação, principalmente de acertos em suas previsões eleitorais. É um suicídio empresarial ajustar resultados para acomodar os interesses de candidatos. Desse modo, é muito importante não desqualificar um resultado de pesquisa com argumentos de manipulação de dados por parte dos pesquisadores.

Atividade acessória
Não se preocupe, a publicação de resultados de pesquisa não influencia a tomada de decisão do eleitor. Raras são as circunstâncias em que um resultado de pesquisa pode alterar a conduta de intenção de voto. Elas acontecem principalmente quando o eleitor percebe a possibilidade de contribuir para a existência de um segundo turno. Essa crença geral não passa de um grande mito. Depois de quase 30 anos de trabalho nesse ofício, posso lhe garantir: pesquisa é uma atividade acessória em uma campanha. Quem vence ou perde uma eleição é o candidato.

Referência para candidatos

A publicação não muda o comportamento dos eleitores, no entanto é completamente impactante para os candidatos, para suas estruturas de campanha, para os partidos, para a militância política, para financiadores e para o mercado financeiro. Esses de fato são os afetados e beneficiados.

Interessados sempre há
Não existe pesquisa política sem interessados. Quando você se deparar com resultado de pesquisa que será publicado, devidamente registrado no TSE, com a utilização de recursos do próprio instituto de pesquisa, acredite: há interessados.

Cuidado com comparações
Tecnicamente falando, nem sempre é possível comparar resultados de pesquisa. A comparabilidade só é viável se dois institutos de pesquisa adotarem as mesmas técnicas, os mesmos métodos e o mesmo período de coleta de dados. Como isso não é muito possível, o máximo que se pode dizer é que dois institutos, no mesmo período de tempo, estão encontrando resultados convergentes ou divergentes. Assim sendo, tome cuidado com as comparações entre resultados.

Atenção às datas

Quando estiver diante de um resultado de pesquisa, fique atento a algumas datas importantes: a) data de realização da coleta de dados - revela o quanto o resultado é de fato um bom retrato da situação política e eleitoral. O tempo necessário para uma boa coleta de dados, em âmbito nacional, não deve exceder a cinco dias. Longos períodos de coleta de dados podem estar captando momentos diferentes; b) data do registro da pesquisa no TSE - a data do registro deve estar de acordo com o intervalo de tempo necessário para a coleta de dados e o processamento dos resultados. Registros de publicação feitos posteriormente à realização da pesquisa sempre geraram grandes polêmicas; c) data da publicação - comparada com a data de realização do campo, indica o quanto o resultado é recente; diferenças acima de 10 dias geram desconfiança, sinalizando que são resultados requentados.

Atenção à margem de erro

O eleitor brasileiro já está acostumado com a discussão sobre margem de erro. Sabe que todo resultado de pesquisa está situado em um intervalo e não deve ser lido como um número fixo. Desse modo, fique atento ao tamanho da margem de erro de cada pesquisa. Nas eleições de 2014, os institutos de pesquisa, em quase sua totalidade, estão usando amostras com cerca de 2% de margem de erro.

Especificações metodológicas

Existem fortes diferenças entre os métodos amostrais utilizados pelos institutos de pesquisa. Alguns utilizam amostra probabilística, outros institutos, amostra por cotas com sorteio de setores censitários, e outros, amostra por cotas com entrevistas realizadas em pontos de fluxo. A rigor, os institutos que utilizam amostras por cotas nem mesmo deveriam indicar a margem de erro da pesquisa, simplesmente porque ela não pode ser calculada, ela não garante a todos os elementos do mesmo universo a mesma chance de serem sorteados. Dessa maneira, ao ler as especificações metodológicas, atribua maior precisão para as pesquisas com amostras probabilísticas.

Atenção ao voto espontâneo
Confira maior importância aos resultados de intenção de voto espontânea. Somente eles determinam o estado atual da eleição. Vejamos um exemplo: nas últimas medições realizadas para a eleição em Minas Gerais, Aécio Neves tem sido o nome mais bem posicionado - tem cerca de 4% de intenção de votos -, e não é candidato. Dos possíveis candidatos, aquele que apresenta o melhor desempenho tem 3% de intenção de votos. Significa que a eleição ainda não começou, que o eleitor se encontra absolutamente desinteressado e que para ele ainda falta uma eternidade para o pleito. De fato, ainda não temos eleição.

Vanderlei Almeida/AFP

Relativize o voto estimulado

A pergunta de intenção de votos estimulada é um mecanismo metodológico para antecipar a eleição, trazê-la para o presente e compreender a tendência de voto do eleitor. Apresenta-se um cartão circular com os nomes dos candidatos para que ele indique a sua escolha se a eleição fosse hoje. Não estamos diante de um voto cristalizado, em que a possibilidade de mudança é praticamente nula. Em muito dos casos, a pesquisa é favorável ao candidato mais conhecido, e a intenção de voto estimulada não passa de uma resposta com base em lembranças. Um exemplo: em algumas eleições para o governo de Minas Gerais, o então candidato Hélio Costa largou na disputa com uma intenção de voto estimulada em torno de 40% e era sempre o nome mais conhecido e repertoriado; com o desenvolvimento das campanhas, os números foram mudando - e ele perdeu todas.

Pré-teste ajuda a evitar distorções
A formulação das perguntas do questionário e a sua ordenação podem criar algum tipo de influência na resposta do entrevistado? Sim, podem. Isso só acontecerá se for uma ação deliberada do pesquisador. Existe um conjunto de perguntas consagradas mundialmente como as mais adequadas para serem utilizadas em uma pesquisa eleitoral. Em casos em que a pesquisa demanda uma formulação de perguntas mais originais, o pesquisador sempre terá à sua disposição o pré-teste do questionário como um procedimento que elimine qualquer tipo de viés do instrumento.

Fraudes podem ocorrer
Pode haver fraude gerada pelo trabalho do entrevistador? Sim, pode. Para evitar esse tipo de problema, as empresas de pesquisas, além de trabalharem com vários supervisores de campo, verificam a qualidade do trabalho de cada um dos entrevistadores. Para cada um deles são verificados cerca de 20% a 30% das entrevistas realizadas.

Cuidado com cruzamentos
Finalmente, um alerta. É comum a publicação de resultados com cruzamentos de perguntas, como a intenção de votos por escolaridade, faixas de renda, dentre outras. São publicados somente os percentuais, e não o número absoluto de respondentes, o que inviabiliza a determinação da margem de erro. Você pode estar dando grande importância a um resultado com uma margem de erro tecnicamente inaceitável.

Milton Marques é graduado em ciências sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Trabalha com pesquisas há 28 anos, tendo atuado em mais de 2 mil projetos. Atualmente é consultor de projetos na Innovare Pesquisas
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