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Estado de Minas

Nuclear sim, por que não?

Dez anos após Angra 2, obras da terceira unidade do complexo estão a pleno vapor. A previsão é que Angra 3 deve operar a partir de 2016 e gerar mais de 10 milhões de MWh


postado em 26/08/2012 07:00 / atualizado em 24/08/2012 13:48

A Usina Angra 3, em construção, é a terceira da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, na Praia de Itaorna, em Angra dos Reis (RJ)(foto: Divulgação / Arquivo Eletronuclear)
A Usina Angra 3, em construção, é a terceira da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, na Praia de Itaorna, em Angra dos Reis (RJ) (foto: Divulgação / Arquivo Eletronuclear)


Pouco utilizada no Brasil, a energia nuclear voltou a receber investimentos do governo federal a partir de 2010, com a construção da usina Angra 3, no litoral sul do Rio de Janeiro. A expectativa é de que a nova usina comece a produzir energia elétrica a partir de julho de 2016.

Se comparada às alternativas existentes no Brasil, a energia nuclear possui vantagens importantes para a produção de energia elétrica em grande quantidade. Pouco conhecido da maior parte da população, este lado bom inclui a independência de fatores climáticos, como chuva e vento - indispensáveis para hidrelétricas e geração eólica - e não polui o ar com resíduos, não contribuindo, portanto, para o efeito estufa. Além disso, é a fonte mais concentrada de geração de energia e não requer grandes espaços para instalação de uma usina. Em 30 anos a participação da fonte nuclear na produção de energia elétrica chegou a 17%, tornando-se a terceira mais utilizada do mundo.

Projeto definido

Angra 3 será a terceira usina da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), localizada na Praia de Itaorna, em Angra dos Reis. Quando entrar em operação, a nova unidade, com potência de 1.405MW, será capaz de gerar mais de 10 milhões de MWh por ano, energia suficiente para abastecer as cidades de Brasília (DF) e Belo Horizonte (MG) durante o mesmo período.

Como será similar a Angra 2, a maior parte do projeto de engenharia da nova usina já está disponível. "A experiência adquirida com a construção da segunda unidade, inaugurada em 2000, revelou a capacidade técnica das empresas brasileiras de atender as necessidades da indústria nuclear, um fator decisivo para os futuros empreendimentos", explica o assessor da Presidência da Eletrobras Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães.


Sobre rochas

A principal diferença entre Angra 2 e 3 é que esta terá um sistema de instrumentação e sala de controle digitais, em substituição à analógica do contrato existente. Além disso, Angra 3 será erguida sobre rochas, o que deixará o projeto mais barato que o de Angra 2, construída sobre estacas escavadas em virtude do tipo de solo do local.
Grande parte dos equipamentos (os principais componentes mecânicos da usina, a chamada "ilha nuclear") também já foi adquirida no mercado internacional e está pronta para a operação confiável e segura da nova usina. Trata-se dos mesmos materiais utilizados nas mais recentes unidades construídas na Alemanha (da série Konvoi, que têm apresentado o melhor desempenho operacional em todo o mundo).

Movimentação em Angra dos Reis

Angra 3 aquece a indústria nacional. Até 2011 foi investido R$ 1,4 bilhão no empreendimento, entre custos diretos e indiretos. A construção está em fase de obras civis, com cerca de 70 mil metros cúbicos de concreto estrutural já executado - o que representa aproximadamente um terço do progresso das obras civis até julho deste ano. O empreendimento demandará investimentos totais de aproximadamente R$ 10 bilhões, provenientes de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da holding Eletrobras.

A obra de Angra 3 também movimenta também o mercado de trabalho da região da Costa Verde - litoral sul do Rio de Janeiro -, onde está instalada a central nuclear. Atualmente, cerca de 3.500 profissionais estão no canteiro de obras, 80% constituídos por moradores da região. "Esse efetivo tende a aumentar agora no segundo semestre de 2012, tendo em vista a mobilização das empresas que executarão os serviços de montagem eletromecânica. Isso incrementará significativamente o ritmo do empreendimento", ressalta Guimarães.

No período de maior movimentação, a estimativa é de que sejam criadas cerca de nove mil vagas. A Eletronuclear avalia que esse contingente poderá ser ainda maior e gerar outras 15 mil vagas em empregos indiretos, incluindo os que serão criados pelas empresas fornecedoras de peças e equipamentos. Da mesma forma, é previsível o aumento da demanda por bens e serviços.

Alta qualificação

Guimarães informa ainda que, após concluída, Angra 3 deverá contar com aproximadamente 500 novos trabalhadores no seu quadro funcional, dos quais uma parte significativa de profissionais altamente especializados, atendendo as necessidades de mão de obra qualificada, uma das características do setor de geração de energia nuclear.

Por requerer um elevado grau de formação profissional, a criação de postos especializados já aponta para uma considerável elevação do capital intelectual no setor. Atenta a essa nova realidade, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) iniciou, em 2010, o primeiro curso de graduação em Engenharia nuclear do país. "A possibilidade de oferecer nessa área uma formação adequada, em nível superior, representa um grande avanço para enfrentar a atual carência de profissionais no país. Acompanhando o desenvolvimento do setor, a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) também pretende lançar um curso de graduação na área, o que deverá acontecer nos próximos anos", complementa o assessor da presidência.

Temos urânio

Dentro do cenário glo-bal, o Brasil está em uma condição muito favorável para a geração nuclear, pois possui uma grande reserva recuperável de urânio (principal insumo utilizado para produzir energia nuclear). Dados da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informam que, com apenas 30% de seu território prospectado, o país já alcança a sexta reserva do mundo, estimada em 309 mil toneladas, quantidade suficiente para alimentar 32 usinas nucleares, como Angra 3, durante toda sua vida útil.

Além disso, a proximidade da central nuclear com os maiores centros consumidores do país (Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte) evitou a construção de extensas linhas de transmissão, minimizando custos e perdas de energia.

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