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Estado de Minas ATUALIDADES, HISTÓRIA

Brasil: maior produtor de café do mundo


postado em 15/07/2016 13:48 / atualizado em 15/07/2016 14:13

Plantação de café em Altinópolis
Plantação de café em Altinópolis
No final do ano passado, a Nestlé inaugurou no município de Montes Claros, no norte de Minas Gerais, a primeira fábrica para produção de cápsulas Nescafé Dolce Gusto fora da Europa. A unidade utiliza café 100% brasileiro, além de outras matérias-primas nacionais como leite, cacau e açúcar.

Entre outros motivos, a instalação da nova fábrica deve-se ao fato do Brasil ser o maior produtor e exportador mundial de café e o segundo maior consumidor do produto. Nosso parque cafeeiro atual é estimado em 2,25 milhões de hectares e são aproximadamente 287 mil produtores, em 1900 municípios, concentrados principalmente nos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Rondônia, Paraná e Goiás.

A relação do país com o café é antiga e essa matéria prima já foi a principal base da nossa economia, durante o período conhecido como economia cafeeira, que durou entre os anos de 1840 e 1930.

Quando chegou ao Brasil, no século XVIII, o café era somente um produto artesanal. No começo do século seguinte, ele passou a ser produzido para exportação e, principalmente a partir da década de 1830, passou a ser central em nossa economia.

Ensacamento para exportação, no auge do ciclo do café.
Ensacamento para exportação, no auge do ciclo do café.
A produção começou no Rio de Janeiro, que tinha boas condições de plantio, com pântanos e brejos, se expandindo pelo Vale do Paraíba, região situada entre o Rio de Janeiro e São Paulo. Posteriormente, chegou ao Oeste paulista, ao Sul de Minas Gerais e ao Norte do Paraná.

Além do solo e clima adequados, alguns fatores contribuíram para a proeminência do Brasil na produção e exportação de café. O Haiti, que até o começo do século XIX era o principal produtor mundial, passou por uma Guerra Civil, o que abriu espaço ao crescimento das exportações brasileiras. Além disso, tínhamos infraestrutura pronta, com portos e estradas da época da mineração, mão de obra escrava disponível e a atividade exigia um investimento de capital relativamente baixo.

O ciclo do café trouxe consequências imediatas ao país. A primeira delas foi o crescimento da mão de obra livre, estimulado principalmente pela assinatura, em 1850, da Lei Eusébio de Queiroz, que colocava fim ao tráfico negreiro, e pela atração de mão de obra imigrante em razão do dinheiro advindo da exportação do café.

Houve também a manutenção do sistema de plantation, modelo de produção agrícola baseado na monocultura, em grandes propriedades, na agroexportação e, ainda, no escravismo.

Trabalhadores na colheita durante o ciclo do café.
Trabalhadores na colheita durante o ciclo do café.
O café trouxe, ainda, uma modernização conservadora ao Brasil. Modernização, já que houve crescimento urbano e de atividades comerciais e de serviços, mas conservadora, uma vez que houve manutenção de latifúndios, da monarquia, da economia agroexportadora e da escravidão, ainda que decadente.

Neste período, houve um surto industrial no Brasil (conhecido como Era Mauá), protagonizado pelo político e industrial Barão de Mauá. Ele se aproveitou da circulação de dinheiro que havia no país por conta da exportação de café e de leis que estabeleciam uma política protecionista, taxando importações, para investir em bancos, ferrovias, indústria têxtil e, principalmente, siderurgia, com produção de barcos, pontes e tubulações de ferro.

Essas iniciativas de desenvolvimento industrial, no entanto, foram boicotadas pela elite agrária que governava o país e não tinha interesse em entrar em conflito com os parceiros comerciais europeus, principalmente a Inglaterra, que comprava produtos primários brasileiros em troca de nos vender produtos industrializados.

Como consequência desta mentalidade econômica conservadora, foi decretada a Lei Silva Ferraz, de 1860, que reorganizou a cobrança das tarifas alfandegárias, dificultando a competição com os produtos importados, cujas taxas para entrada no país foram reduzidas.

Apesar do Brasil possuir a maior parte da oferta do produto, podendo exercer algum controle sobre os preços, o crescimento da economia cafeeira dependia do crescimento populacional dos países para os quais exportava. Assim, a oferta começou a se tornar maior do que a demanda, levando a uma redução gradual dos preços. Com a crise de 1929 nos Estados Unidos, a demanda diminuiu ainda mais, o que causou uma quebra da economia cafeeira da época.

Artigo produzido por Percurso Pré-Vestibular e Enem

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