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Estado de Minas BIOLOGIA

Cazuza e a luta contra a Aids


postado em 04/04/2016 16:24 / atualizado em 04/04/2016 17:44

Seja falando sobre amor, a rebeldia ou o Brasil, sem dúvidas um dos maiores cantores que este país já conheceu foi Cazuza. Se estivesse vivo, o cantor faria hoje 58 anos. Cazuza foi uma notória vítima assolada por uma das doenças que mais assustaram o mundo: a Aids.

O cantor é um dos ícones da luta contra a Aids no Brasil (foto: Reprodução - Internet)(foto: cazuza_aids)
O cantor é um dos ícones da luta contra a Aids no Brasil (foto: Reprodução - Internet) (foto: cazuza_aids)

Com suspeitas de possuir a doença desde 1985, apenas a confirmando em 87, foi somente em 1989 que Cazuza declarou para o Brasil que era soropositivo, sendo a primeira personalidade nacional a fazer tal declaração que na época (e ainda hoje) era tão polêmica. Mesmo sabendo que lhe restava pouco tempo de vida, o cantor não deixou a doença tomar conta de seu corpo e de sua mente e decidiu continuar seu trabalho, ao mesmo tempo em que passava temporadas em Boston para realizar seu tratamento de AZT, a única droga existente na época para combater o vírus HIV. Nesse período lançou algumas de suas músicas e álbuns mais aclamados, como o “Ideologia”, pelo qual ainda fez um tour no brasil e recebeu o Prêmio Sharp de Música, e o “Burguesia”, que gravou em cadeira de rodas e com a voz notadamente fraca. A doença ainda foi grande forma de inspiração para suas músicas, quando diz, por exemplo, que “Meu prazer agora é risco de vida”.

Ao dizer publicamente ser portador da doença, Cazuza ajudou a criar consciência em relação à Aids e aos efeitos dela. Depois de sua morte em 1990, sua mãe Lucinha criou a ONG Viva Cazuza, que até hoje direciona as vendas do cantor em recursos para proporcionar uma vida de qualidade para crianças e adolescentes soropositivos por meio de assistência à saúde, educação e lazer, e também para suas famílias, em especial as que fazem parte de uma população carente e/ou com menor acesso a informações sobre os meios de prevenção da doença.

 

Cazuza e sua mãe Lucinha, fundadora da Viva Cazuza que luta pela vida de jovens e crianças soropositivas (foto: Reprodução - Internet)(foto: cazuza e lucinha)
Cazuza e sua mãe Lucinha, fundadora da Viva Cazuza que luta pela vida de jovens e crianças soropositivas (foto: Reprodução - Internet) (foto: cazuza e lucinha)

Sobre o HIV

O HIV foi considerada na década de 80 a epidemia do século XX. Segundo o último relatório anual da Unaids, programa das Nações Unidas, atualmente estima-se que 36,9 milhões de pessoas no mundo vivam com o vírus, mas apenas 54% delas sabem. No Brasil, a estimativa é que 734 mil pessoas estejam contaminadas. Ao fazer 25 anos de doença, em 2006, a Aids já havia matado 25 milhões de pessoas, tornando-se a segunda doença infecciosa que mais faz vítimas no mundo, apenas atrás da tuberculose – a qual possui cura, ao contrário da doença contraída por Cazuza.

 

HIV na corrente sanguínea (foto: American Pregnancy Association)(foto: célula hiv)
HIV na corrente sanguínea (foto: American Pregnancy Association) (foto: célula hiv)

A Aids ganhou esse nome por ser a sigla em inglês de “Síndrome da Imunodeficiência Humana” – também conhecida em português como Sida. É uma doença que se transmite de uma pessoa a outra através do sexo, seja por atos de penetração, oral, vaginal ou anal, ou pela transfusão e contato sanguíneo. É importante saber que a Aids e o HIV são duas coisas diferentes: enquanto a primeira é a doença em si, o HIV é um retrovírus, isto é, um RNA de nome Vírus da Imunodeficiência Humana. A grande pandemia causada pelo HIV ocorreu graças ao fato de um RNA ter a capacidade de se reproduzir e disseminar por meio da transcriptase reversa – uma enzima que codifica o RNA viral em DNA e depois em proteína, em uma transcrição invertida, já que normalmente em uma síntese proteica ou um processo de transcrição qualquer o que ocorre é o DNA sendo copiado em RNA.

A principal característica do HIV que o torna tão grave é o fato de o DNA gerado pelo vírus ser incorporado por outras células do nosso corpo, em especial nas do sistema imunológico, os glóbulos brancos, fazendo com que elas entrem em um processo de autodestruição e, consequentemente, deixem o corpo sem proteção para corpos estranhos e ameaças. Assim, em um estágio mais avançado, a Aids faz com que qualquer infecção normalmente considerada insignificante possa ser fatal. É importante notar, então, que a Aids não é uma doença que mata seus portadores diretamente, mas que retira a proteção imunológica do corpo de forma que ele perca a capacidade de se proteger de outros corpos.

Integração do DNA do HIV às células (foto: HIVE Center)(foto: integração dna hiv)
Integração do DNA do HIV às células (foto: HIVE Center) (foto: integração dna hiv)

Profilaxia

Os tratamentos disponíveis atualmente para combater a Aids são medicamentos que tendem a retardar o seu aparecimento em soropositivos (lembrando que uma vez que a pessoa possui HIV, nem sempre possui a Aids ativa) e possibilitar a maior qualidade de vida ao portador. Os medicamentos anti-retrovirais agem na redução da carga viral e na reconstituição do sistema imunológico do portador, já que impede o processo de transcriptase reversa do retrovírus, não conseguindo produzir DNA e codificar suas proteínas.

No Brasil, o tratamento já virou referência mundial. Desde 1996, todos os remédios anti-virais são disponibilizados para os portadores de forma gratuita pelo Ministério da Saúde e desde então a distribuição dos medicamentos vem aumentando. Enquanto a média global de pessoas em tratamento é de 41%, no Brasil o valor se encontra em 61%, sendo que o esforço do governo encontra-se em alcançar os 90% antes de 2020.

 

A luta contra a Aids ainda tem um grande caminho a percorrer (foto: Reprodução - Internet)(foto: luta hiv)
A luta contra a Aids ainda tem um grande caminho a percorrer (foto: Reprodução - Internet) (foto: luta hiv)

Entretanto, a notícia ruim encontra-se no fato de que, apesar da diminuição de pessoas sendo infectadas pela doença no cenário mundial, com queda de 35% entre os anos 2000 e 2014, no Brasil o número de portadores vem crescendo entre os jovens, em especial garotos de 15 a 19 anos – o número de casos nessa faixa etária aumentou 53% entre 2004 e 2013. Muitos acreditam que isso se deve ao fato de tal geração considerar-se imune e distante da doença, não se preocupando com a mesma, juntamente a questões estruturais, como a homofobia e a transfobia tão recorrentes no Brasil.

Artigo do Percurso Pré-vestibular e Enem.

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