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Estado de Minas

Enem teve mais de 2 milhões de desistentes


postado em 28/10/2013 07:03 / atualizado em 28/10/2013 08:22

Mais de 2 milhões de candidatos desistiram do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o equivalente a 29% dos 7,1 milhões de inscritos. O índice, o segundo maior desde que o exame foi modificado, em 2009, foi considerado na média pelo ministro da Educação, Aloízio Mercadante. Ele lembrou que no ano passado o percentual de desistência chegou a 27,9% e que a taxa de abandono (37%) foi a de 2009, primeiro ano do exame já com as alterações adotadas pelo governo.


Em entrevista concedida ontem à noite, Mercadante considerou um “grande êxito o maior Enem da história”, com mais de 5 milhões de participantes, e relevou os poucos problemas ocorridos nos dois dias de prova. O ministro informou que mais 12 candidatos foram eliminados ontem por ter postado fotos dos cadernos de prova e dos cartões resposta nas redes sociais. Com os 24 desclassificados no sábado, chega a 36 o número de candidatos expulsos do exame.


Mercadante não comentou o conteúdo das provas, preferindo fazer uma análise mais macro do exame. A grande surpresa do Enem 2013 foi o tema da redação, “Os efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil”, que não chegou a ser cogitado por colégios, cursinhos, professores e estudantes ao longo do ano. De uma maneira geral, o assunto agradou aos candidatos, que puderam discorrer sobre uma questão mais próxima do seu cotidiano. Na lista de apostas dos temas mais prováveis para a redação, os estudantes foram orientados pelos professores a ler sobre a exploração do pré-sal, julgamento do mensalão e, principalmente, as manifestações que se espalharam pelo país em junho, durante a Copa das Confederações.


Mesmo dizendo de forma taxativa “que ninguém esperava o tema”, o estudante Fernando Pessoa, candidato a uma vaga no curso de engenharia aeroespacial da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), contou que não teve dificuldade em desenvolver o assunto e que no texto da redação argumentou “que o Brasil precisa melhorar a fiscalização nas estradas e a conscientização dos motoristas”. Com relação à prova de matemática, afirmou que foi fácil. Otimista, concluiu: “Era só prestar atenção”.

Depois de um ano intenso de cursinho, a estudante Gabriela Caroline Santos, de 18, também aguardava por um tema que tivesse obtido mais espaço neste ano na imprensa. “É um assunto sempre debatido, mas tivemos outros mais aprofundados”, disse a candidata ao curso de dança. Gabriela usou o acidente sofrido por um primo para desenvolver seu raciocínio. “Como são muitos adolescentes que fazem as provas, faz a gente pensar”, afirma. A candidata Dayane Mayara Barbosa, de 18, que quer cursar medicina veterinária, esperava algum tema mais complicado. “Achei que a redação seria um bicho de sete cabeças”, afirmou. Porém, gostou do assunto proposto pela prova. “A proposta ficou dentro de um contexto que é bastante atual e isso facilitou o trabalho”, afirma.


O técnico em mecatrônica Daivid Rafael Gomes de Jesus, de 27, também elogiou o assunto. “É um tema da atualidade que está gerando muita polêmica, pois todo mundo quer lazer e a maioria das opções envolve bebida alcoólica”, conta o candidato. Ele usou o argumento de que a Lei Seca não deve ser a única forma para frear o hábito de beber e dirigir. “A punição sozinha não resolve, também deve-se pensar em mais educação”, afirma.


O professor Delvani de Almeida, de 34, contou que o envolvimento dos jovens com bebidas e direção foi um argumento usado por ele em seu texto. “Esse assunto diz respeito a muitos jovens e afeta o país inteiro, por isso foi muito bom para ser discutido”, diz ele. A estudante Débora Cassiano, de 16, que fez a prova como treinamento para o ano que vem, achou o tema complicado, pois estava certa de que escreveria sobre as manifestações no Brasil. “Escrevi que se fazem campanhas para que as pessoas não bebam e dirijam, mas as pessoas nunca acham que um acidente pode acontecer com elas ou com alguém próximo e não respeitam.”

 

 

Palavra de especialista

 

Ana Carmelita e Rodrigo Fonseca 

Professores de português  do chromos pré-vestibulares

 

Tema fugiu da obviedade

Mais uma vez , o Inep surpreendeu positivamente ao estabelecer um tema de redação que fugiu das grandes apostas: manifestações, água e as influências políticas do futebol. Em 2013, os candidatos ao ingresso nas universidades brasileiras escreveram sobre os efeitos, no Brasil, da implantação da chamada Lei Seca. Essa lei, criada em 2008, e que recentemente sofreu algumas modificações para aumentar sua aplicabilidade, trouxe punições mais severas aos motoristas que são pegos dirigindo embriagados.


Coube ao candidato tratar a situação-problema de uma maneira politicamente correta, sendo inviável, por exemplo, que se colocasse uma postura contrária à lei. Resta ao candidato o aprimoramento na aplicação da lei quando ele estiver na conclusão, produzindo sua proposta de intervenção.


Se o tema não foi o mais comentado nos meses anteriores, não assustou quem acompanha o Enem e seus temas que têm abordado nos últimos anos de forma direta ou indireta uma reflexão sobre a legislação brasileira, logo a visão cidadã do candidato. O esquema argumentativo das causas e consequências é uma escolha muito interessante,  pois o próprio tema menciona efeitos (consequências) de maneira explícita.


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