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Estado de Minas QUANDO A TEORIA ENTRA EM PRÁTICA

Novo ensino médio: recursos tecnológicos são diferencial

Quem já vive as mudanças na prática conta como está sendo a experiência


postado em 09/12/2012 06:00 / atualizado em 09/12/2012 07:54

 

Os estudantes perceberam que a escola inteira se envolveu para mudar e acrescentar, sair da estrutura tradicional e inovar nas nossas práticas - Alessandra Carla Umbelino,diretora E. E. Professor Hilton Rocha(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Os estudantes perceberam que a escola inteira se envolveu para mudar e acrescentar, sair da estrutura tradicional e inovar nas nossas práticas - Alessandra Carla Umbelino,diretora E. E. Professor Hilton Rocha (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Quem já vive na prática a proposta do Reinventando o ensino médio conta como são as mudanças. Na Escola Estadual Professor Hilton Rocha, no Bairro 1º de Maio, na Região Norte de Belo Horizonte, o uso de recurso tecnológico se tornou o diferencial das aulas, segundo a diretora Alessandra Carla Umbelino. Ela conta que o histórico de desistências é assustador. Das cinco turmas que formam o primeiro ano, apenas três concluem o nível médio. Este ano, os resultados foram surpreendentes: ninguém abandonou as salas de aula no período diurno, e, no noturno, houve queda significativa na quantidade de alunos que deixaram de frequentar as aulas.


O projeto piloto foi aplicado às nove turmas do primeiro ano. “Há um interesse maior, pois os estudantes perceberam que a escola inteira se envolveu para mudar e acrescentar, sair da estrutura tradicional e inovar nas nossas práticas”, ressalta. Alessandra menciona um dos pontos mais complicados desse método: “É um desafio para o professor, porque mescla outros conteúdos e os educadores têm muita dificuldade para usar novas disciplinas e tecnologias”.

Na semana passada, os alunos mostraram em uma feira do conhecimento o que produziram ao longo de todo este ano. As estudantes Gabriele Guedes e Francielle Cecília Ferreira Silva, ambas de 15 anos, apresentaram com orgulho seus trabalhos. Francielle, que aprendeu a valorizar os pontos turísticos e conheceu as opções de curso superior e de mercado, aposta na novidade para se dar bem no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Com essa nova forma de ensino, aprendemos mais e vemos detalhes de outras matérias no meio de determinada disciplina. É muito mais interessante”, afirma. Gabriele sentiu a diferença em relação ao ensino fundamental e diz que os colegas ficam entusiasmados. A garota já conseguiu até um trabalho temporário numa agência de turismo. “No começo, não gostava muito, porque era teórico demais. Mas agora está muito mais interessante”, conta.

Na Escola Estadual Donato Werneck de Freitas, no Bairro Minaslândia, também na Região Norte de BH, as alunas Ana Maria de Oliveira Lopes, de 15, e Bruna Carolina Marques de Sousa, de 17, escolheram comunicação aplicada. Ana aposta no que está estudando para desenvolver a comunicação pessoal e, assim, ser melhor na profissão que pretende seguir: a de médica.

“Não é um curso profissionalizante, mas conta ponto. É mais atrativo, por causa dos benefícios que vai trazer ao currículo”, afirma. Segundo ela, o que ainda está desanimando muitos alunos é o sexto horário, mas ela acredita que isso é uma questão de tempo: “É ruim ver os colegas das outras séries indo embora e a gente ficando. Mas, quando estiver inserido em todas as turmas, será melhor e os alunos que entrarem já farão parte desse novo sistema”. Bruna, que quer fazer faculdade de direito, foi reprovada no ano passado e faz a comparação entre os dois modelos: “No começo, achei chato, mas depois gostei e me apaixonei pela comunicação. Eu brincava muito em sala, e, agora, me vi diante de mais um obstáculo para passar e vencer na vida”, conta.


Palavra de especialista

Mozart Neves Ramos
, integrante do Conselho de Governança do Todos Pela Educação, do Conselho Nacional de Educação e professor da Universidade Federal de Pernambuco

É necessário mudar o currículo chato

“Priorizar as áreas não é acabar com as disciplinas, mas integrá-las para dar mais sentido ao que está sendo estudado. Para dar certo, é muito importante ter as escolas em tempo integral: manhãs com aulas regulares e as tardes para que os professores possam trabalhar entre si para planejar a aula da semana seguinte. Mas só isso não resolve. Um dos problemas do ensino médio é o currículo chato, por meio do qual os jovens não conseguem ver a relação das disciplinas que estudam com o mundo em que vivem. Outra questão grave é a falta de bons professores. No Brasil, 61% dos que dão aulas de física não têm formação nessa licenciatura nem em área correlata. O jovem começa a não ter mais gosto nem satisfação, pois se depara com um ensino chato, sem conteúdo, sem aulas experimentais. Sem bons professores, não há ensino que se sustente, não tem futuro. As diretrizes do ensino médio são pilares que apontam o caminho. Cada rede de ensino constrói o seu, pois não podemos ter um modelo único para um país que é tão grande e diferente. O que está aí não resolve. Mas se houver aula em tempo integral, com reforma de currículo e professores formados, supervisão e avaliação como estrutura de carreira, aí, sim, resolve.”


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