São Paulo – Em menos de um dia, a estudante catarinense Isadora Faber, de 13 anos , viu a página que criou no Facebook para mostrar os problemas de sua escola ganhar mais de 100 mil seguidores e precisou faltar à aula para atender a todos os pedidos de entrevistas. O motivo é o Diário de Classe, uma espécie de comunidade virtual criada por Isadora para apontar e buscar soluções para os problemas da Escola Básica Municipal Maria Tomázia Coelho, em Florianópolis, onde ela cursa o 7º ano.
A página virtual criada em 13 de julho apresenta textos, vídeos e fotos sobre professores e aulas consideradas ruins por ela, além de danos estruturais, como bancos quebrados, portas estragadas e fiação elétrica precária. A aluna disse os colegas reclamavam dos problemas constantemente, por isso, teve a ideia de criar a página.
A primeira denúncia foi sobre a porta do banheiro feminino, que não tinha fechadura. Depois, ela publicou uma foto de um interruptor aberto e escreveu que os alunos juntavam os fios para que o ventilador funcionasse. Em seguida, vieram bancos quebrados no refeitório, problemas no portão de entrada da escola e até um vídeo gravado de uma aula de matemática, que mostra uma bagunça na sala.
Além de alterar a rotina da aluna, a repercussão do caso motivou ontem, uma reunião entre a diretoria, educadores e membros da Secretaria de Educação de Florianópolis. Segundo a diretora Liziane Diaz Farias, parte dos problemas de infraestrutura mostrados na página – como fios desencapados e janelas quebradas – foram corrigidos. O restante, segundo ela, deve ser solucionado nos próximos dias.
Em nota, a Secretaria de Educação diz que determinou uma reforma na escola. Também afirma que fará campanhas para preservação do patrimônio e estuda substituir um dos professores. Segundo a aluna, a turma tem dificuldade de aprender com ele. A nota diz ainda que a diretora da escola “assume publicamente a fragilidade na administração” da escola.
A diretora negou que tenha pedido para retirar a página do ar. “Em nenhum momento fomos contra, só tivemos cuidado para que ela e outras pessoas tivessem a imagem preservada”, garantiu. A diretora afirmou que a equipe pedagógica achou a iniciativa positiva: “Nosso objetivo, que é formar uma pessoa crítica, conseguimos”. A mãe de Isadora, Mel Faber, conta que a família apoia a menina. Depois da repercussão, Isadora diz que tem três planos: voltar à aula, continuar a fazer o Diário de Classe e, no futuro, tornar-se jornalista.