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Estado de Minas

Estudantes da rede estadual reclamam da forma como é feita reposição das aulas

Mês de aulas e reclamações - No Instituto de Educação, fusão de turmas, divisão de disciplinas e frequência de professores são as principais queixas


postado em 08/01/2012 07:12

No Iemg, 32 turmas com 900 alunos de ensino médio ficaram em casa por causa da greve e tiveram que abrir mão das férias de janeiro para ficar em dia com as matérias. Muitos não escondem a insatisfação(foto: Paulo Filgueiras/EM DA Press)
No Iemg, 32 turmas com 900 alunos de ensino médio ficaram em casa por causa da greve e tiveram que abrir mão das férias de janeiro para ficar em dia com as matérias. Muitos não escondem a insatisfação (foto: Paulo Filgueiras/EM DA Press)
Alunos de Belo Horizonte reclamam que as aulas programadas para janeiro para repor os mais de 110 dias de greve na rede estadual de ensino estão prejudicadas e que há casos em que o calendário escolar não é respeitado. No Instituto de Educação de Minas Gerais (Iemg), no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul da capital, as principais queixas são contra a fusão de turmas que, segundo os estudantes, têm deixado salas superlotadas, e contra o projeto pedagógico que divide as disciplinas em três etapas de aulas para que os professores possam ter dias de descanso neste mês destinado à reposição. Em Minas, 460 escolas restituem aulas em janeiro, sendo 182 delas na região metropolitana.

As reclamações sobre a reposição fazem parte das conversas e dos burburinhos na entrada e nos corredores do Iemg, onde 32 turmas de ensino médio, com mais de 900 alunos, foram prejudicadas pela paralisação dos professores de junho a setembro do ano passado. “Juntaram as turmas C, D e E do 1º ano e temos tido aula com até 70 alunos na mesma sala. Muitos professores estão faltando e, quando vêm, dão apenas um trabalho e dispensam os estudantes sem dar aulas”, reclamou a jovem Ellen Rochido, de 18 anos, aluna do 1º ano do nível médio.

Para as estudantes Roberta Andrade, de 16, e Letícia Guedes, de 15, os principais problemas são o projeto que concentra várias aulas da mesma disciplina ao longo de uma única semana e a demora na divulgação do boletim com as notas. “Até 11 de janeiro, teremos aulas apenas de português, biologia, história, filosofia e artes. Depois, do dia 12 ao dia 21, será a vez de matemática, geografia, química e educação física, e assim por diante, até 7 de fevereiro. Com isso, os professores conseguirão ter vários dias de férias em janeiro, enquanto nós, alunos, ficamos ‘presos’ na escola. Já tentamos reclamar, mas os diretores não aceitam diálogo”, disse Roberta.

A direção do colégio garantiu que não há prejuízo para os alunos, pois a carga horária e o conteúdo estão sendo cumpridos. Segundo a professora de português e literatura Alexandra Morais, o Iemg desenvolveu um projeto pedagógico interdisciplinar para tornar as aulas em janeiro mais atrativas e, com isso, tentar garantir a boa frequência. “É difícil trazer os alunos para a escola no mês tradicionalmente das férias. Mas todos precisam ter pelo menos 80% de presença e, por isso, fizemos um projeto para tornar as aulas menos massantes. Dividimos as mesmas em três etapas para que, até 23 de fevereiro, as atividades do ano letivo de 2011 sejam encerradas”, explicou Alexandra. Sobre a fusão de turmas, a direção informou que ela só ocorre se houver poucos alunos em cada sala.

A Secretaria de Estado de Educação (SEE) informou que as escolas têm autonomia para planejar a reposição de acordo com a realidade de cada uma e que a única orientação oficial a respeito do assunto trata da carga horária e dos dias letivos que devem ser repostos. O órgão ainda acrescentou que orientou as escolas a encerrarem o ano letivo até 27 de janeiro para o início das atividades escolares de 2012 em 6 de fevereiro. Quanto à fiscalização da reposição nas 460 escolas, a secretaria alegou que as superintendências regionais de ensino estão encarregadas das inspeções escolares e que, em caso de irregularidade, os profissionais estão sujeitos a medidas administrativas.

Pais também preocupados

As reclamações sobre a reposição de aulas se acumulam na Federação das Associações de Pais e Alunos das Escolas Públicas de Minas Gerais (Fapaemg). O presidente da entidade, Mário de Assis, alerta para os prejuízos no aprendizado dos estudantes e cobra providências da Secretaria de Estado de Educação. O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-Ute/MG) informou que não há registro de problemas na reposição de aulas e alegou que devem haver apenas casos isolados, em função de divergências sobre o pagamento das atividades repostas.

Segundo a Fapaemg, os pais devem denunciar os problemas à Secretaria de Estado de Educação. “Temos recebido muitas reclamações sobre a falta de compromisso de alguns profissionais, que apenas entregam trabalhos e dispensam as turmas, e também de ausências aos sábados”, lamentou Mário de Assis.

A diretora do Sind-Ute/MG, Idalina Franco de Oliveira, informou os problemas na reposição podem estar relacionados à “insatisfação dos professores”. “Muitos estão fazendo o trabalho com compromisso e afinco, mas não estão recebendo pela reposição”, disse. A Secretaria de Estado de Educação informou que o pagamento está em dia e que apenas os profissionais que não cumprem corretamente o calendário de reposição estão sofrendo cortes na remuneração. O órgão informou que, a partir do dia 20, a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) vai enviar carta aos servidores da educação com orientações sobre o novo modelo de remuneração, aprovado pela Assembléia Legislativa em novembro.


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