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Estado de Minas

Após 15 meses da tragédia de Mariana, complexo recebe contenção e sirenes

Especialistas e sobreviventes acreditam que mortes seriam evitadas se o local contasse com os equipamentos na tarde da maior tragédia socioambiental do Brasil


postado em 07/02/2017 06:00 / atualizado em 07/02/2017 07:56

Quinze meses depois do rompimento da Barragem do Fundão, a Samarco informou ontem que concluiu as obras de contenção de rejeitos e instalou 22 sirenes de alerta sonoro tanto no complexo em Mariana quanto num trecho de 70 quilômetros entre a cidade histórica e a vizinha colonial Barra Longa, também devastada pelo mar de lama. Especialistas e sobreviventes acreditam que mortes seriam evitadas se o local contasse com os equipamentos na tarde da maior tragédia socioambiental do Brasil, em 5 de novembro de 2015, quando 19 pessoas perderam a vida. O superintendente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (I bama) em Minas, Marcelo Belisário, confirma que os rejeitos estão contidos dentro do Completo de Germano, mas pontua que cerca de 115 quilômetros ainda continuam prejudicados pelos sendimentos.

Cinco vítimas (quatro moradores e um visitante) estavam no subdistrito de Bento Rodrigues, fundado no século 18 e erguido a poucos quilômetros de Fundão. “As sirenes são boas daqui para frente. Deveriam ter sido instaladas antes do desastre”, lamentou José do Nascimento de Jesus, o Zezinho do Bento, uma das lideranças do povoado.

Aproximadamente 620 moradores, segundo Zezinho, moravam no lugarejo quando do rompimento. Sobreviventes acreditam que o número de mortes no povoado só não foi maior por milagre. Também porque trabalhadores da Samarco que tinham parentes em Bento telefonaram avisando sobre o rompimento.

Os equipamentos sonoros, agora, fazem parte do sistema de segurança da mineradora. “Foram colocados em todas as regiões e ao longo dos rios Gualaxo e Doce. São testadas periodicamente por nós e pela Defesa Civil. O sistema é monitorado de uma sala”, disse Rodrigo Vilela, diretor de Operações e Infraestrutura da joint-venture entre a brasileira Vale e anglo-australiana BHP Billiton.

A Samarco garantiu ter concluído as obras de contenção de rejeitos, aumentando a capacidade de retenção de sedimentos remanescentes do rompimento  em cerca de 6 milhões de metros cúbicos. As últimas estruturas finalizadas foram a Barragem de Nova Santarém,parte do complexo, e o dique S4, perto de  Bento Rodrigues.

“As duas obras complementam as estruturas já construídas na fase emergencial, como o dique S3 e as barreiras de contenção. Elas fortalecem e dão mais robustez e segurança ao sistema de contenção de rejeitos construído durante o ano de 2016”, disse o diretor da mineradora. Ele não trabalhava na empresa na época do desastre. Questionado se houve erro na época, optou por concentrar as declarações na conclusão das obras. Assegurou, por exemplo, que não há risco de novo rompimento no complexo. “Não há mais nada para fazer para a contenção de rejeitos. Completamos todo o sistema e não há risco depois dos trabalhos extensivos”, afirmou Vilela.
(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)

RUÍNAS Na prática, as obras de contenção consistiram no reforço dos diques já existentes e na construção de Nova Santarém e do dique S4 (veja mapa). Bento Rodrigues está entre os diques S3 e S4. A Samarco informou que a área a ser alagada com a nova estrutura não vai afetar as ruínas e edificações que não atingidas pelos rejeitos, como a capela e o cemitério.

Ainda de acordo com a mineradora, no caso do S4, o dique tem caráter temporário. Erguido com a missão de impedir carreamento de sólidos da área impactada de Bento Rodrigues para o Rio Gualaxo, a contenção será desativada na época de recuperação final da área.

DEGRADAÇÃO O superintendente do Ibama em Minas, Marcelo Belisário, considerou a finalização das obras de contenção no complexo como “um marco”, mas ressaltou elas abarcam apenas o controle interno dos rejeitos, faltando ainda fazer o mesmo com o material depositado em 115 quilômetros fora dessa área. De acordo com ele, mais da metade da lama que vazou de Fundão ainda está ao longo desse trecho, provocando degradação ambiental. Nos próximos dias, uma equipe do Ibama fará monitoramento na região. (Com Larissa Ricci)

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