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Estado de Minas

Chico Xavier - Uma vida dedicada ao próximo

Filme de Daniel Filho conta a história do maior médium brasileiro


postado em 01/04/2010 15:43 / atualizado em 01/04/2010 15:54

(foto: Downtown Filmes | Divulgação )
(foto: Downtown Filmes | Divulgação )

Numa época em que documentários e cinebiografias dominam o cinema nacional, o filme Chico Xavier se destaca por retratar a vida do mais famoso médium brasileiro com emoção e bom humor. Se durante a infância, Chico sofre com a morte da mãe e da madrasta, os maus-tratos da madrinha e a incompreensão do dom que o faria famoso, na juventude e maturidade, o médium não deixa o sucesso afetar a sua personalidade bondosa e humilde, apesar de alguns traços de vaidade, como quando opta por usar peruca para disfarçar a careca.

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Ao fugir do tom de militância em prol do espiritismo, o objetivo do filme é retratar, antes de tudo, a vida de um homem que pregou a caridade e o amor, se dedicando a ajudar os mais necessitados e levando conforto para aqueles que sofriam com a perda de algum ente querido. Através de seu maior dom, a psicografia, Chico Xavier escreveu milhares de cartas para famílias que buscavam respostas para o seu sofrimento, e sem cobrar nada por isso. Ele afirmava que não poderia creditar a si a autoria daquelas mensagens e dos mais de 400 livros, pois estes eram escritos pelos "espíritos amigos". Os direitos autorais dos livros por ele psicografados, traduzidos em diversas línguas e vendidos em várias partes do mundo, foram sempre revertidos para a Federação Espírita Brasileira, que doava o dinheiro para instituições de caridade.

Apesar de contar a história de uma personalidade admirada por muitos brasileiros, o filme poderia se tornar chato não fosse o tom e o tratamento recebido pelo roteiro, que opta pelas elipses, como nos filmes de Almodóvar, para surpreender o espectador a todo momento, fugindo da estrutura cronológica dos fatos. A emoção vem a tona em dois momentos primordias: a infância sofrida, com a perda da mãe e da madrasta e o apoio do padre, que tenta encontrar explicações divinas para todas as histórias relatadas por "Chiquinho", e também ao fim do programa "Pinga-fogo", quando o médium psicografa uma carta de um adolescente que morreu com um tiro. Além de trazer conforto para os pais, a mensagem inocenta o amigo da vítima que era apontado como assassino, num dos casos reais mais famosos do médium em que uma de suas mensagens foi aceita como prova por um juiz.

Mas o filme também tem passagens engraçadas que fazem os espectadores rirem, como a história do avião. Chico Xavier presencia uma pane num voo entre Uberaba e Belo Horizonte em 1959 e, como os outros passageiros, também se desespera. Nesse momento, o espírito Emmanuel aparece e pede para o médium parar de fazer escândalo e dar seu testemunho de fé e de crença na vida eterna. Mas a turbulência era tão forte, que Chico ficou com muito medo de morrer, e Emmanuel pede então para que ele "morra com educação".

Chico Xavier e o espírito Emmanuel(foto: Downtown Filmes | Divulgação )
Chico Xavier e o espírito Emmanuel (foto: Downtown Filmes | Divulgação )
Apesar de não ficar tão explícito, o filme está repleto de efeitos especiais. Técnicas de computação gráfica rejuveneceram o ator Ângelo Antônio, que interpreta Chico com vinte e poucos anos; nuvens dão um ar mais intimista para a cena do cemitério; e a igreja de Pedro Leopoldo teve que ser criada virtualmente. As cenas foram gravadas numa igreja em Tiradentes, mas o padre, ao ficar sabendo que o filme seria sobre Chico Xavier, proibiu a reprodução das imagens. A solução foi modificar todo o cenário, recortando os atores e criando uma nova igreja por trás.

Para terminar um elogio especial ao elenco, cheio de grandes estrelas, e, em especial, aos três intérpretes de Chico Xavier. Ao observar fotos antigas do médium, tem-se a dimensão do qual próximo fisicamente ficaram as caracterizações de Ângelo Antônio e Nelson Xavier, esse último ainda em especial. Em entrevista, na pré-estreia em Pedro Leopoldo, ele contou que se identificou tanto com a história que pediu, pela primeira vez, para fazer um personagem. Nelson revela ainda que esta experiência mudou sua vida. Filho de mãe espírita, o ator debochava da crença, mas resgatou suas origens e aprendeu a respeitar a religião com este filme.

CHICO XAVIER NA MÍDIA

Durante sua vida, Chico Xavier foi personagem de muitas reportagens e programas de TV. Alguns jornalistas descrentes, desafiavam o médium em suas perguntas, e dois exemplos famosos são reproduzidos no filme dirigido por Daniel Filho. O primeiro deles é uma reportagem assinada por David Nasser e Jean Manzon para a revista O Cruzeiro em 1944. Os repórteres viajaram para Pedro Leopoldo e fingiram ser norte-americanos, sem revelarem sua verdadeira identidade. Desafiando a mediunidade de Chico e questionando a autoria das mensagens e livros, eles pediram para Chico psicografar em várias línguas, que o fez. De presente, ganharam um livro, mas não deram muita atenção. Depois de fecharem e publicarem a reportagem na capa da revista, Jean Manzon se assustou com a dedicatória do presente, que tinha o nome verdadeiro deles escrito e assinado por Emmanuel.

O segundo exemplo é o programa "Pinga-fogo", exibido em julho 1971 pela TV Tupi. Com a previsão inicial de durar apenas uma hora, o programa foi um sucesso de audiência e durou três horas. Ao vivo, Chico Xavier psicografou uma mensagem para todos os espectadores e encarou as perguntas dos jornalistas, que questionavam seus dons, e também queriam saber qual seria a explicação espírita para temas como a viagem à Lua, a vida extraterrestre, o homossexualismo. O programa fez tanto sucesso que ganhou uma seguna edição em dezembro do mesmo ano, com duração de mais quatro horas.

Assista ao making of do filme Chico Xavier

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