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Estado de Minas

Promotoria descarta possibilidade de Bola confessar execução de Eliza Samudio

Defesa afirma que o acusado alega inocência e o promotor responsável pela acusação garante que as provas serão suficientes para condená-lo


postado em 23/04/2013 00:52 / atualizado em 23/04/2013 09:48

No primeiro dia do julgamento, Bola se manteve o tempo todo com o semblante triste, como se fosse chorar a qualquer momento(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
No primeiro dia do julgamento, Bola se manteve o tempo todo com o semblante triste, como se fosse chorar a qualquer momento (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Depois de um interrogatório de mais de seis horas com a delegada Ana Maria Santos, terminou o primeiro dia de julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de matar Eliza Samudio e ocultar o corpo. A previsão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) é de três dias de júri. Mas ele pode se alongar mais. Os advogados de defesa prometem extensos interrogatórios de todas as testemunhas. Há pelo menos mais quatro para serem ouvidas. O depoimento mais esperado, sem dúvida, é o do acusado. Mas, para a promotoria, não há a menor expectativa de qualquer confissão da parte dele.

Promotor garante que provas são suficientes para condenar Bola(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Promotor garante que provas são suficientes para condenar Bola (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
“Imagina se um sujeito que é um matador profissional iria, em algum caso concreto, se assumir como tal”, indagou o promotor Henry Vasconcelos ao final dos trabalhos. Ele sugeriu que Bola não assumiria o assassinato de Eliza, pois isso deixaria pessoas que eventualmente o contrataram para outros crimes em situação de insegurança, já que se sentiriam ameaçadas por novas possíveis confissões.

Acompanhe no blog a cobertura completa do julgamento

A defesa do acusado também rechaça qualquer possibilidade de que detalhes da morte de Eliza sejam revelados neste julgamento. “Ele declara inocência”, garante o advogado Fernando Magalhães. Para o defensor, a delegada Ana Maria Santos contribuiu sobremaneira com a defesa ao afirmar que nenhum vestígio da vítima foi encontrado na casa do ex-policial. Ele reafirmou que os esforços dele e do advogado Ércio Quaresma estão direcionados para desqualificar a investigação policial.

Embora a delegada tenha afirmado que não foi encontrada prova concreta de que Eliza foi morta na casa de Bola, em Vespasiano, ela voltou a legitimar o depoimento do primo do goleiro Bruno, Jorge Luiz Lisboa Rosa, à época adolescente, que narrou com riqueza de detalhes os momentos finais da vítima. Ana Maria foi a responsável por ouvir o depoimento do menor. Ela ressaltou, durante o interrogatório, que Jorge foi acertivo ao conduzir a equipe policial até a casa do acusado e descreveu com clareza o interior do ambiente. Ela lembrou ainda ter ouvido dos delegados que o acompanharam na diligência que o adolescente urinou na roupa ao entrar no imóvel, se dizendo amedrontado.

Já o promotor considera que a delegada colaborou muito mais com a acusação e avaliou que a defesa deu “um tiro no pé” ao repetir perguntas e alongar o depoimento da autoridade policial, pois ela acabou dando ainda mais detalhes que reforçam a tese da promotoria. Ele ponderou ainda que a postura dos advogados de defesa tende a despertar a antipatia dos jurados.

Investigação paralela


O principal ponto de argumentação da defesa de Bola para desqualificar o inquérito policial que subsidiou o indiciamento dos oito réus é a existência de uma investigação paralela, desencadeada após a condenação dos dois primeiros acusados, envolvendo dois policiais civis, um deles já aposentado. José Laureano de Assis, o Zezé, e Gilson Costa, este ainda na ativa, têm ligação direta com Bola. Gilson, inclusive, é corréu no processo do acusado sobre o desaparecimento de duas pessoas em Esmeraldas.

Defesa trabalha com a tese da negativa de autoria e busca desqualificar a investigação policial(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Defesa trabalha com a tese da negativa de autoria e busca desqualificar a investigação policial (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
O advogado Ércio Quaresma se esforçou em ressaltar ao Conselho de Sentença que a polícia ignorou os dois policiais, sugerindo que houve fraude na colheita de provas e que foram estabelecidos critérios “qualitativos na escolha dos indiciados”. A delegada Ana Maria afirmou que não houve mais indiciamentos devido a ausência de provas suficientes para incriminar outros possíveis envolvidos. “Ou a polícia não sabe o que diz, ou o Ministério Público não sabe o que faz”, desdenhou o advogado Fernando Magalhães.

Questionado se a polícia foi negligente ou omissa, o promotor Henry Vasconcelos disse não poder opinar, uma vez que não estava à frente do caso na época das investigações. No entanto, disse observar que os investigadores fizeram tudo o que estava ao alcance deles para elucidar o crime. “Mas com o passar do tempo o entendimento sobre os fatos tende a se ampliar”, disse. Ele ressaltou que a investigação a cerca de Gilson e Zezé são mantidas e adiantou que há outras pessoas sendo investigadas além dos dois. Como as apurações são mantidas em sigilo, o promotor não revelou mais detalhes.

O promotor fez questão de destacar, ainda, que o trabalho da polícia foi bem elaborado, uma vez que auxiliou a promotoria a alcançar a condenação de três dos acusados julgados até hoje, quais sejam o próprio goleiro Bruno Fernandes, apontado como mentor da trama, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, que teria articulado todo o crime, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do jogador, que contribuiu com o sequestro e cárcere de Eliza e Bruninho. Para o representante do Ministério Público, será fácil buscar a condenação de Bola.

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