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Estado de Minas CABO DE GUERRA PELA PENA

Veja qual a pena máxima ou mínima que o goleiro Bruno pode pegar

Enquanto MP entende que goleiro se complicou no tribunal e deve ser condenado com todos os agravantes previstos, defensores tentarão conseguir punição menor que a de Macarrão


postado em 07/03/2013 07:09 / atualizado em 07/03/2013 07:18

O promotor Henry Wagner Vasconcelos pretende pedir hoje a condenação do goleiro Bruno por todos os crimes dos quais ele é acusado: homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado do bebê Bruninho e ocultação de cadáver de Eliza Samudio. Segundo ele, Bruno não confessou, embora tenha delatado o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. O representante do Ministério Público já adiantou que vai recorrer caso o réu receba algum benefício de redução de pena, como ocorreu com Luiz Henrique Romão, o Macarrão, que confessou sua participação no crime e acusou o ex-chefe de ser o mandante. Já a defesa aposta em pena menor que a do ex-braço direito do goleiro.


Henri Wagner diz esperar uma “condenação exemplar, tangenciando 30 anos de prisão”. “Vou pedir por todos os crimes e acho que ele terá como base os 20 anos de homicídio qualificado de Macarrão, mas, enquanto este teve atenuantes, Bruno terá agravante pelo mando. Com relação ao sequestro, Macarrão pegou três anos, mas pelo fato de Bruninho ser filho do réu também há o agravante. Macarrão não foi condenado pela ocultação, mas havia o prenúncio deste crime, quando Eliza gravou um vídeo lembrando que Bruno disse: 'Se eu matar você e jogar seu corpo em qualquer lugar, ninguém vai ficar sabendo’.”

O promotor pretende trabalhar ainda com a presença de Bruno na cena do crime, apresentando elementos que comprovem que ele acompanhava seu primo Jorge e Macarrão, quando eles levaram Eliza para a morte. Segundo o promotor, um controle da portaria do condomínio onde fica o sítio mostra que o goleiro chegou cinco minutos antes de Macarrão à propriedade, em um New Beetle amarelo. Na Pampulha, há ainda o registro de uma ligação do celular de Jorge para o telefone de Dayanne. “Era Bruno, convencendo-a de cuidar da criança”, sustenta.

Henry Wagner destacou que em carta enviada a Macarrão, citando um “plano B”, Bruno pediu perdão por duas vezes ao amigo. Ontem, porém, durante pergunta de uma jurada, ele respondeu que perdoava Macarrão por tudo.

A carta, apreendida na Penitenciária Nelson Hungria, foi objeto de uma das perguntas da juíza Marixa Fabiane ao réu. Ela leu o texto, em que o goleiro diz que não teria coragem de pedir isso ao “irmão”, mas que conversou com advogados e gostaria que Macarrão pensasse em assumir o crime e cumprir a pena, como os dois já haviam conversado anteriormente. Em uma resposta atrapalhada à juíza, Bruno disse: “Eu esperava que Luiz assumisse o que ele fez”, tentou explicar. “Eu não sabia, eu não mandei, mas eu aceitei”, acrescentou.

Depois de responder à juíza, Bruno se calou diante das questões da promotoria, e foi retirado do salão quando o advogado Ércio Quaresma, que defende Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, começou a apresentar perguntas, que o réu optou por não responder. A postura de Bruno e de Lúcio Adolfo, defensor do goleiro, irritou Quaresma, que chamou o colega de desleal, por ter entregue “a cabeça” do ex-policial.

O promotor também criticou o silêncio de Bruno diante do Ministério Público, o que para ele representa um tiro no pé. “A defesa errou, porque Bruno não estava diante de uma corte de Justiça com sete desembargadores, mas sim de cidadãos leigos, que não entendem que o silêncio não pode prejudicar ninguém, mas que têm a concepção de que quem cala consente.”

Enquanto a promotoria pede pena máxima para o réu, os defensores de Bruno dizem que vão trabalhar para derrubar as qualificadoras e os crimes de sequestro e cárcere de Bruninho, além de ocultação de cadáver de Eliza. "Se caem as qualificadoras, ele responde por homicídio simples, que não é crime hediondo, e, com isso, ele tem direito a progressão do regime com um sexto da pena", explicou o advogado Lúcio Adolfo. Para o também defensor Tiago Lenoir, a pena do goleiro não poderia ultrapassar a de Macarrão “porque Bruno deu muito mais detalhes” sobre o crime.

Cenários possíveis

NO MÁXIMO: Se for condenado por homicídio qualificado, Bruno pode ser condenado a detenção de 12 a 30 anos. O réu se beneficia se os jurados considerarem que confessou ou delatou, mas cabe à juíza avaliar o peso do que ele falou. Pelo crime de sequestro e cárcere privado, o goleiro pode ser condenado à pena máxima de oito anos, caso a vítima tenha padecido grave sofrimento. Pelo crime de ocultação de cadáver, o ex-atleta pode pegar de um a três anos de prisão. Somadas, as punições máximas somariam 41 anos.
NO MÍNIMO: Se for condenado por homicídio simples, Bruno pega de seis a 20 anos de prisão, tendo de cumprir ao menos um sexto da pena. Caso seja condenado por homicídio qualificado, Bruno tem que cumprir pelo menos dois quintos da pena. Caso seja absolvido, é solto imediatamente.

EM RESUMO:
Ontem – No terceiro dia de julgamento, o goleiro Bruno Fernandes depõe durante a sessão iniciada às 14h04 e encerrada às 20h14. Responde perguntas da juíza Marixa Fabiane e dos advogados de defesa, mas se nega a esclarecer indagações do promotor Henry Wagner e do advogado de Bola, Ércio Quaresma. Por fim, se dispõe a responder a 20 dúvidas dos jurados.
Hoje – Está previsto para as 9h o início dos trabalhos do último dia do julgamento, com a fase de debates. O promotor terá duas horas e meia para falar, mesmo tempo destinado a cada advogado de defesa. Se houver réplica de duas horas, cada defesa pode fazer a tréplica no mesmo tempo. Em seguida, o conselho de sentença se reúne em sala secreta para responder aos quesitos formulados pela juíza. De posse do veredito dos jurados, a juíza dosa a pena no caso de condenação ou absolve os réus.

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