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Estado de Minas

Meninos tentam "salvar" o ídolo Bruno


postado em 15/08/2010 13:33

A dramática trama relatada pela polícia envolvendo o goleiro famoso gera angústia nos meninos que sonham em seguir carreira no futebol. “Eles sofrem. Um fala: ‘Benfeito’. Outro fala: ‘Benfeito, não. Ele não teve ninguém para orientar’”, diz Maria Célia Pereira. “Eles ficam muito tristes, abalados. Uns pensam que é baixaria, outros não acreditam. É uma surpresa, porque eles se identificam com o ídolo e gostariam de estar na posição dele”, emenda a psicóloga Paula de Paula, professora da PUC Minas e responsável pela orientação psicológica das divisões de base do Atlético Mineiro.

A identificação, explica a psicóloga, leva muitos desses meninos a procurar explicações e até justificativas para a atitude do goleiro. “É a dor da identificação. Para muitos, ele é a vítima, da mulher ou do amigo. Tentar salvar Bruno é uma forma de garantir a integridade de sua identificação”, avalia. Segundo ela, se o garoto consegue “salvar” Bruno, ele pode continuar a amar o ídolo.

Entre eles, são recorrentes as falas nesse sentido. “As influências é que levaram para o mau caminho”, diz Gustavo Henrique. “Ele pensou errado. Isso é má companhia”, supõe o xará, Bruno. “É porque ele não teve uma infância feliz. A mãe e o pai dele não criaram ele direito. Foi falta de carinho”, avalia Ariel, de 11. José Luiz, de 14, que também quer ser goleiro, concorda: “Ele foi na ideia dos amigos. Andava em más companhias”.

Para José Luiz, o “exemplo” que a situação deixa é que “as companhias só andavam com ele por causa do dinheiro”. Para eles, pesou também a suposição de que, com a fama e o prestígio, Bruno poderia superar tudo. “As más companhias falaram que ia dar tudo certo e sobrou para todo mundo”, diz José Luiz. O menino revela que, se ficasse frente a frente com o jogador, daria o recado: “Bruno, seu futebol é excelente, mas sua atitude de ir na ideia dos outros é muito errada”.

A tese da impunidade apareceu também entre os meninos do projeto De Olho no Futuro. O técnico Fernando interveio: “Surgiram boatos de que, como ele era famoso, não ia acontecer nada. Mostrei para eles que já tinha acontecido. Era só olhar o uniforme da penitenciária, os chinelos de dedo, as algemas e a censura da sociedade”. O técnico usou a situação para tentar convencer os meninos de que é preciso valorizar “o pouquinho” que eles têm em casa. “O pouco que eles têm é o muito do Bruno agora. Mostrei a riqueza que eles têm e que não é para ficarem sonhando tão alto, sem valorizar o presente”, ensina Fernando Mateus.

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