Pesquisador utiliza tecnologia de radiometria para monitorar cardumes

Professor do Cefet MG, Thiago Cotta acompanha os deslocamentos de peixes no Rio Paraíba do Sul para detectar suas necessidades reprodutivas


Furnas/Divulgação
Projeto de extensão desenvolvido há cerca de dois anos pelo Cefet MG, sob coordenação do professor Thiago Cotta, do Departamento de Ciência e Tecnologia Ambiental (DCTA), tem como alvo o sistema de transposição de peixes da barragem da usina hidrelétrica no Rio Paraíba do Sul e busca monitorar, por radiotelemetria, as espécies migradoras na área de influência da usina. Segundo o professor, esse sistema permite que os cardumes tenham acesso à parte alta do rio para se reproduzir. Com o trabalho, ter-se-á conhecimento desses movimentos migratórios e das áreas onde determinadas espécies utilizam para se reproduzir. “Assim sendo, é possível delinear a necessidade, ou não, da implementação desse sistema”, diz Thiago.

O modelo desenvolvido pelo professor traduz-se em monitorar os peixes por meio da radiotelemetria, modelo tecnológico que estuda o comportamento e a mobilidade dos peixes por meio das ondas de rádio. Os equipamentos são conectados a uma antena capaz de captar os sinais dos radiotransmissores, implantados na região abdominal dos peixes, que são devidamente anestesiados antes do procedimento. Os rastreamentos são feitos por meio de seis estações de radiotelemetria automáticas, espalhadas pelo rio. As regiões que fogem do alcance das estações foram acompanhadas de barco ou de carro.

A hidrelétrica do Rio Paraíba do Sul tem duas usinas – a UHE-Anta e a AHE-Simplício. “Já trabalhei com vários projetos de radiotelemetria e este, em especial, foi um pedido do pessoal de Furnas, para monitorar e verificar a eficácia do sistema de transposição. Marcamos 179 peixes de cinco diferentes espécies e, nesses dois anos de acompanhamento, já encontramos de tudo”, conta Thiago. Ele, inclusive, fez questão de registrar que aqueles peixes que não conseguiam subir a barragem agora já conseguem, e que são muitos os modelos do sistema de transposição implantado. “Os dados alcançados são satisfatórios e há interesse na continuidade do trabalho. Existem muitos modelos de sistemas de transposição dos peixes, como elevadores, simuladores de rios naturais e os tanques, que diminuem a corrente e permitem que o peixe a atravesse, além, é claro, de ser chamativa e interessante para o cardume”, explica.

CIRCULAÇÃO O professor dá ênfase à necessidade de migração dos peixes que habitam o Rio Paraíba do Sul. Segundo ele, a migração resulta no sucesso reprodutivo das espécies, já que a livre circulação permite que os peixes encontrem ambientes favoráveis para a fertilização dos ovos, e a continuidade da atividade de pesca na parte alta da barragem.

A expectativa, segundo o professor, é de que os dados alcançados possam contribuir para as decisões futuras. “Quando soltamos os peixes na parte de baixo, queríamos saber quais áreas eles costumavam frequentar. Reformulamos algumas perguntas para complementar o sucesso do trabalho. Queremos saber se os peixes vão conseguir reconhecer o sistema de transposição – e se vão conseguir utilizá-lo – e se conseguirão transpor o reservatório, além do aproveitamento hidrelétrico das usinas de Anta e de Simplício”, completa Thiago.

* Estagiário sob supervisão da subeditora Elizabeth Colares

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