Profissional atual deve saber lidar com ferramentas de tecnologia

Não existe sobrevivência no mercado de trabalho para o profissional que não souber lidar ou não se interessar em dominar ferramentas da tecnologia. É competência competitiva


Arquivo pessoal
Era digital. Revolução tecnológica. Novas profissões. Carreiras extintas. Demandas, habilidades e competências surgem a todo momento em velocidade impressionante. Como lidar com o atual cenário do mercado de trabalho? É preciso ser ágil, estar atento, focado e, acima de tudo, conectado para não se tornar desatualizado e defasado.

Victor Magnum, coordenador de recursos humanos da Gerdau Mineração, explica que estamos em constante transformação e precisamos entender que “ser digital” não se resume a usar tecnologia ou fazer parte de um determinado departamento mais moderninho na empresa. “Precisamos pensar de forma digital. Buscar novas maneiras de resolver velhos problemas. Estabelecer conexões mais horizontais, simples, rápidas e em rede, sem se preocupar com a formatação-padrão que o modelo tradicional, marcado pela revolução industrial, instituiu.”


O alerta de Victor Magnum é que a tão falada revolução digital, marcada pela difusão da internet, já chegou faz um tempo e já está passando. “Temos ouvido cada vez mais sobre revolução genética, nanotecnologia, inteligência artificial, e por aí vai. Este é o mundo que estamos vivendo e, como disse Alvin Toffler, precisamos aprender, desaprender e reaprender.”

Já Thiago Sampaio, gerente de recursos humanos da LafargeHolcim, afirma que, apesar de a era digital ser algo que já vem sendo adotado há algum tempo, sua visão é de que nos últimos dois anos a velocidade da mudança cresce exponencialmente. “Com isso, o desafio das empresas e seus profissionais em promover essa transformação em produtos, processos etc. e, principalmente nas pessoas, é ainda maior”, ressalta.

O gerente conta que na LafargeHolcim não é diferente. O grupo em nível global tem a digitalização como um de seus pilares estratégicos. “Hoje, por exemplo, a maioria de nossas reuniões é feita por plataformas digitais. Estamos lançando um aplicativo para nos comunicar com nossos empregados, abolindo os tradicionais murais de comunicação interna por TV corporativas, em que gerenciamos todo o conteúdo on-line e remotamente.” Para Thiago Sampaio, ser digital deixou de ser moda, é questão de sobrevivência para as empresas e empregados.

STARTUP Os criadores de startup são os profissionais mais desejados hoje pelas empresas, são os mais procurados e disputados, já que têm a inovação no DNA. São criativos, correm riscos e, claro, são digitais. Ao mesmo tempo, eles têm no sangue a independência e a liberdade como pilares. Wescley Pugliese, fundador da startup Marque.me, é formado em ciência da computação pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e atuou por três anos na Falconi, uma respeitada consultoria gerencial. Ele conta que na empresa teve a liberdade de conversar com renomados executivos e presidentes para criticar seus processos e ações. “Todavia, nunca me vi totalmente satisfeito com essa posição e com a falta de flexibilidade que o cargo me proporcionava. Isso acabou por gerar uma enorme frustração com o meu futuro, não queria passar uma vida analisando processos e propondo soluções para empresas tradicionais. Larguei a consultoria e comecei a frequentar o mundo das startups.”

Ao definir e planejar outro rumo para a carreira, Wescley Pugliese, conta que foi em busca de algo no qual pudesse produzir soluções para os próprios problemas, tudo de maneira bem simples e objetiva. “Queria trabalhar a qualquer hora do dia e fora da rotina imposta por um regime CLT, pois sabia que meu processo criativo não se restringia somente às oito horas diárias impostas”, diz.

Como um bom hiperativo que é, Wescley Pugliese revela que se via com a cabeça cheia de ideias e soluções normalmente fora do seu horário de trabalho, durante uma corrida ou em encontro com os amigos. “Tinha a vontade de agir mais, e não apenas identificar problemas. Comecei criando soluções para meus problemas e acabei descobrindo que existe uma gama enorme de pessoas passando pelos mesmos problemas e sedentas por soluções. Foi assim que surgiu meu primeiro aplicativo para solicitar serviços mecânicos e logo em seguida minha atual startup para facilitar o agendamento de serviços, o Marque.Me. A partir daí não parei mais, sem me incomodar de trabalhar por mais de 16 horas por dia, de segunda a segunda-feira, em busca de uma solução para o mercado. Sinto-me muito mais comprometido em saber que preciso resolver o problema, mas logo depois coloco uma mochila nas costas e vou fazer o que mais gosto, que é colocar o pé na estrada em busca de novas experiências.”

Dicas úteis

Norberto Chadad, CEO da Thomas Case & Associados, engenheiro metalurgista, mestre em alumínio, economista pela FGV e master em business administration pela Los Angeles University, dá dicas de como se transformar em um profissional competitivo:

1 – Atualizar-se em relação às novas ferramentas em gestão de negócios. O segredo não está apenas em fazer o trabalho diário que é pedido, mas, também, em apurar exemplos e dados que possam ajudar a dar propostas interessantes para a organização.

2 – Ter uma visão moderna e digital é relevante. Quanto menos burocráticos forem os procedimentos, melhor para a fluidez dos fluxogramas das atividades. Usufrua de uma mente aberta a inovações para romper “papéis” e rotinas tradicionais e superadas. O fato de a política da empresa e da metodologia nos departamentos sempre terem dado certo não significa que não se possa inovar nas estratégias para minimizar custos e potencializar os benefícios: os seus colegas de empresa podem estar mais dinâmicos e disponíveis do que você a novos processos.

3 – Seja um profissional diferenciado. Procure agregar valor ao trabalho que oferece e tenha flexibilidade para mudanças, estando apto a executar outros trabalhos de outros setores, além dos que já produz.

4 – Procure fomentar sua criatividade. Incertezas são habituais em época de crise. Aprenda a lidar com elas; tire proveito da crise para crescer profissionalmente. Seja um bom observador, procure conhecer bem os seus parceiros, e analise,
em caso de corte de pessoal, qual o perfil dos que foram demitidos.

5 – Adquira novas competências: a) A primeira é dedicar algum tempo no comportamento que envolve a inteligência emocional. Dedique tempo ao autoconhecimento e planejamento pessoal; b) Aprenda novas línguas, seja para fazer algum intercâmbio ou para usar no seu atual trabalho; c) Procure adquirir conhecimentos técnicos, como alguns softwares de gestão empresarial. O domínio dessas ferramentas pode tornar seu trabalho ou seu currículo eficiente, tornando-o um profissional mais versátil e competitivo.

ANÁLISE DA NOTÍCIA


Inovação em risco

Mais uma vez, o Brasil fica fora do ranking anual das 50 Empresas Mais Inovadoras, desenvolvido pelo The Boston Consulting Group (BCG) com base nas respostas de 1.500 executivos de todo o mundo. O ranking é apresentado no estudo The Most Innovative Companies 2016, que também mostra que, embora a inovação seja uma prioridade para 75% das empresas brasileiras, houve declínio de 12% em relação ao ano anterior (85%).

Apesar da queda e de não apresentar empresas em destaque desde 2010, quando a Petrobras foi incluída no ranking pela última vez, o Brasil acompanha algumas tendências globais de inovação, como o uso de ferramentas e fontes de dados para identificar oportunidades externas de inovação. De acordo com a pesquisa do BCG, enquanto a média global para uso de big data é de 55%, no Brasil, 63% das companhias utilizam grande escala de dados. Contudo, apenas 47% das empresas brasileiras usam esses dados para fornecer insumos para inovar, enquanto no mundo a média para o uso dessas informações é de 57%.

O estudo aponta ainda que as empresas daqui aumentarão só 56% dos investimentos em inovação, enquanto na China a taxa é de 81%, e de 94% na Índia. Ao redor do mundo, cerca de 45% das empresas fazem parcerias estratégicas com outras instituições, enquanto 54% das companhias brasileiras adotam essa estratégia. Já a inovação com apoio de fornecedores no Brasil mantém a média global de 40%. Com 34 companhias americanas, o ranking é composto por 68% de empresas da América do Norte. O restante é composto por 10 empresas da Europa e seis da Ásia. Apple, Google, Tesla e Microsoft mantêm os quatro primeiros lugares. Amazon é a quinta (subiu quatro posições), com Netflix e Facebook entrando pela primeira vez no top 10.

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