EUA e Europa atraem startups mineiras em busca de expansão

Empresas do estado abrem mercado no exterior. Internacionalização pode assegurar escala e investimentos


Gustavo Caetano: Samba Tech fez parceria com a Microsoft e vai abrir escritório nos EUA

Maiores oportunidades de investimento e possibilidade de escala estão aproximando as startups brasileiras do mercado internacional. Nos últimos anos, uma série de empresas de TI nascidas em Belo Horizonte – inclusive as que fazem parte da comunidade do San Pedro Valley – polo de tecnologia formado por jovens empreendedores e uma espécie de Vale do Silício mineiro –, começou a fincar um pé nos Estados Unidos e em países da Europa. A internacionalização ocorre em meio ao boom no setor – o estado já aparece na segunda posição em número de startups, atrás apenas de São Paulo.

“Minas está sendo visto como o novo Vale do Silício”, resume Pedro Augusto Costa, cônsul honorário do Brasil, em Seattle, nos Estados Unidos. Ele destaca a importância de se apoiar empresas com características globais. “Quando você oferece a ponte para os Estados Unidos, por exemplo, essas empresas deixam de pensar somente no mercado nacional e se tornam preparadas para exportar”, disse o executivo, que também é assessor internacional do MGTI, programa de aceleração de empresas de tecnologia, que já auxiliou 329 startups por meio do projeto Acelera-MGTI.

São companhias como a Samba Tech, plataforma de gestão e distribuição de vídeos corporativos. A startup firmou parceria com a Microsoft e acaba de abrir um escritório em solo norte-americano. “Nosso passo mais recente, que está se tornando realidade esse ano, é a ida para os Estados Unidos. Abrimos um escritório em Seattle e lançaremos um aplicativo para comunicação corporativa por lá”, conta Gustavo Caetano, CEO da Samba Tech.

O empreendedor afirma que o objetivo é ser referência global. “O mercado americano (EUA) é muito competitivo, lá estão as melhores e maiores empresas do mundo”, disse Gustavo, sem citar valores de investimentos. “Para entrar num mercado como esse é preciso estar muito maduro, ter um produto de ponta, contar com as pessoas e com a estratégia certa. No nosso caso, a Microsoft tem nos apoiado em tecnologia e negócios”, ressalta.

A também mineira Hotmart, líder de venda de produtos digitais na América Latina, expandiu, recentemente, seus negócios para Madri e Paris. “Consolidamos um modelo de negócio aplicável em todo mundo e esperamos colher histórias empolgantes na Europa. Temos todo potencial para ser a maior empresa de conteúdo digital do mundo”, afirma João Pedro Resende, cofundador e CEO da startup. Segundo ele, a audaciosa meta foi traçada com os dois pés no chão e baseada no próprio crescimento exponencial no Brasil: mais de 1 milhão de pessoas já compraram um produto digital através da plataforma, em mais de 140 países. “Até o fim deste ano, devemos chegar, pelo menos, até o México”, projeta.


Para Leonardo Dicker (foto), sócio da EAC Software e diretor de negócios internacionais da Fumsoft – instituição que integra o programa MGTI – as startups possuem a particularidade de conseguirem um crescimento rápido, a partir de uma grande ideia, equipe competente e normalmente poucos recursos financeiros. O executivo sublinha as vantagens de uma startup brasileira exportar, como a grande capacidade de financiamento fundos especializados e a sólida carteira de grandes empresas já instaladas. “Uma visão global de atuação é obviamente extremamente interessante, não só pela possibilidade de escala (o mercado passar a ser ‘o mundo tudo’) como também pelo aumento de interesse de investidores estrangeiros em startups que possam se tornar globais”, observa.

Bons resultados


Ainda que a instabilidade política tenha contribuído para levar o país a uma crise econômica nos últimos anos, o Brasil tem registrado um forte crescimento de startups, especialmente no setor de TI. Segundo o site especializado Techcrunch, somente no último quadrimestre, houve investimentos de US$ 150 milhões nas startups brasileiras, com um crescimento de e-commerce de 20%. Investimentos estrangeiros estão sendo atraídos, bem como os necessários empregos estão sendo criados.

COMENTÁRIOS