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Estado de Minas

Brasileiros empreendem com produtos típicos nacionais e fazem sucesso no exterior

O empreendedorismo brasileiro no exterior, entretanto, vai além dos limites da saudade e inclui franquias de alimentação, empresas de tecnologia e indústria de cosméticos, entre outros setores


postado em 23/07/2017 12:00 / atualizado em 23/07/2017 12:09

Saudade é palavra brasileira para dizer do sofrimento causado pela falta de algo ou alguém. Mas a saudade também tem virado um mercado internacional promissor, com o comércio de produtos e serviços tipicamente brasileiros no exterior. Segundo levantamento inédito do Ministério das Relações Exteriores, há cerca de 20 mil micro e pequenos empreendimentos formais de brasileiros no mundo. A maior parte deles está ligada ao chamado “mercado da saudade”, que vai desde açaí, tapioca e feijão a salões de beleza e academias de capoeira e jiu-jítsu. Os Estados Unidos concentram quase a metade deles, com 9 mil. Em seguida estão o Japão, com 1,5 mil, e a França, com 1.320.


O empreendedorismo brasileiro no exterior, entretanto, vai além dos limites da saudade e inclui franquias de alimentação, empresas de tecnologia e indústria de cosméticos, entre outros setores. “Normalmente, eles começam fornecendo produtos e serviços para a própria comunidade brasileira: biquínis, havaianas etc. Começamos com mercados seguros dos produtos brasileiros e depois fomos expandindo bastante”, afirma a diretora do Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior, ministra Luiza Lopes da Silva.

O levantamento do Itamaraty levou em conta os micro e pequenos empreendedores formais, mas há muitos outros que não entraram na estatística. Apenas nos EUA, a estimativa é que 48,3 mil brasileiros desenvolvam atividades autônomas informais. Antes desse estudo, as áreas consulares não ofereciam apoio aos micro e pequenos empreendedores. A intenção agora é que os cerca de 200 postos consulares sejam uma referência para quem quer empreender lá fora, dando informações sobre o que é necessário para abrir um negócio no exterior. “Quando se falava em comércio internacional, só se pensava em exportação. O microempreendedor no exterior estava navegando em mares desconhecidos. Procuramos ser um ponto de apoio para eles”, diz a ministra.

Mineiro de Belo Horizonte, o professor de jiu-jítsu Rodrigo Mendanha resolveu navegar por essas águas desconhecidas. Há cinco anos, ele se mudou com a esposa, Fernanda, e os dois filhos, Gabriela e André, para o Canadá. A ida foi motivada por uma reportagem sobre o processo de imigração na província do Québec. “O que procuravam éramos nós, a nossa família”, conta Mendanha, que está à frente da academia Gracie Barra Brossard, na Grande Montreal.

Sempre ligado ao esporte, Rodrigo, publicitário de formação, tinha uma agência em BH, e fez do jiu-jítsu uma profissão no Canadá, incentivado por colegas brasileiros. “É muito simples e muito menos burocrático. As regras aqui são mais claras. As oscilações no mercado são infinitamente menores, o que te dá confiança para fazer planejamentos a longo prazo”, afirma Mendanha, destacando que, no Canadá, não há espaço para ilegalidades ou o famoso “jeitinho brasileiro”.

O professor destaca que a Gracie Barra Brossard, em quatro anos, já formou vários campeões e conta, atualmente, com alunos de 20 nacionalidades. Os brasileiros representam apenas 15% desse total. “Sentimo-nos embaixadores do nosso país. Temos a bandeira do Brasil na parede, açaí à venda, promovemos churrascos de confraternização com um legítimo gaúcho comandando a churrasqueira e samba de raiz de fundo, e um jiu-jítsu brasileiro de alto nível”, reforça o professor.

AÇAÍ

A Peg Açaí, fábrica do fruto brasileiro em São Paulo, já nasceu com vocação internacional. Logo quando foi lançada, a marca participou de um teste cego de açaís para a escolha do creme que seria fornecido para os Jogos Olímpicos no Rio, no ano passado. A novata ganhou dos concorrentes e a aprovação no evento internacional acabou credenciando a empresa para voos mais altos. Sem nenhuma loja no Brasil e fornecendo produtos somente para redes de supermercados, em janeiro, a Peg Açaí desembarcou em Miami, na Flórida.

O aluguel do escritório, no badalado Biscayne Boulevard, conta com incentivo do governo brasileiro e fica no mesmo espaço da Agência Brasileira de Promoção a Exportações e Investimentos (Apex). “Nos EUA, é onde tem mais dinheiro circulante. O mercado da saudade representa apenas 10% do nosso público. Estamos mais associados à cultura do comer bem e de forma nutritiva e saborosa. Queremos ser o novo ‘iogurte grego’”, afirma o diretor de marketing da empresa, Evandro Macedo, em referência ao iogurte que virou febre no mundo.

No último sábado, a empresa enviou seu primeiro contêiner para os EUA, que vai para uma rede de supermercados no Texas que atende muitos latinos, entre outros destinos. “Ainda somos pequenos, mas estamos estimando um faturamento mensal de R$ 5 milhões”, diz.


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