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Estado de Minas

Kazuhiro Egawa diz que Nippon não tem planos de deixar Usiminas

O grupo japonês, sócio da Usiminas, completa 60 anos atuando em Minas Gerais


postado em 21/06/2017 06:00 / atualizado em 21/06/2017 07:47

Responsável pelos negócios da Nippon nas Américas, Kazuhiro Egawa, está tratando da retomada do controle da Usiminas(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Responsável pelos negócios da Nippon nas Américas, Kazuhiro Egawa, está tratando da retomada do controle da Usiminas (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

Em meio às comemorações dos 60 anos de atuação em Minas Gerais, o grupo japonês Nippon Steel & Sumitomo Metal Corporation (NSSMC), um dos acionistas da Usiminas, aguarda posição da Justiça mineira em relação ao comando da empresa. Desde o fim de 2014, os japoneses disputam com o conglomerado ítalo-argentino Ternium/Techint a presidência da siderúrgica.

Atualmente, quem ocupa o cargo é o executivo de carreira Sérgio Leite, nome preferido da Ternium. Desde abril no Brasil, o novo dirigente da empresa responsável pelos negócios nas Américas, Kazuhiro Egawa, está à frente das negociações para a retomada do controle da Usiminas. Em entrevista ao Estado de Minas, ele afirma que a Nippon espera decisão judicial e acredita que o correto seria uma alternância das empresas na nomeação do CEO e do presidente do Conselho de Administração.

Apesar da crise na empresa, Egawa reforça que a Nippon afasta planos do grupo de deixar a siderúrgica e aposta na reestruturação da Usiminas, a partir da maior competitividade no mercado e de novas tecnologias. “Consideramos que a Usiminas voltará a se tornar uma empresa forte, fortalecendo Ipatinga e Minas Gerais. E, como acionistas, teremos também maior retorno. Queremos deixar claro nosso sentimento de agradecimento por todos esses anos e nossa intenção é continuar fortemente junto com a Usiminas para melhorar a empresa”, disse.

 

ACORDO JUDICIAL
Estamos aguardando uma decisão judicial justa. Ainda não houve acordo. Estamos continuando as conversas, mas tanto a Nippon Steel quanto a Ternium/Techint não estamos satisfeitos com esses processos judiciais e gostaríamos de resolver isso o mais rápido possível para colocar a empresa no caminho. Queremos que a Usiminas volte a brilhar com o mesmo brilho que já teve. Baseado nisso, conversaremos entre os acionistas para a implementação de regras claras, para evitar que ocorra o mesmo tipo de divergência no futuro. Mas a operação da empresa não está sendo prejudicada pelas mudanças de presidentes.

SOLUÇÃO NEGOCIADA
Achamos que o correto seria ambos os acionistas terem o mesmo tipo de direito. E, para isso, consideramos que o melhor formato é a alternância da nomeação do CEO e do presidente do Conselho de Administração. O importante é deixar claro quais as atribuições do presidente, da diretoria e do Conselho de Administração, evitando problemas futuros. Pode até parecer preocupante alternar o CEO em poucos anos. O presidente da Nippon Steel, por exemplo, é trocado de cinco em cinco anos.

OBJETIVO
A Nippon está na Usiminas nos últimos 60 anos e gostaria de continuar transferindo tecnologias avançadas, ensinando os brasileiros a usar essas tecnologias, para que a empresa volte a ser a melhor siderúrgica do Brasil. Infelizmente, não é mais considerada a melhor. Tanto a economia de Ipatinga quanto a mineira melhorará e esse é o nosso maior interesse.

PLANOS
Só a Nippon Steel não consegue definir planos para a Usiminas. É preciso saber junto aos clientes brasileiros quais demandas eles têm. A indústria automobilística, por exemplo, qual o tipo de aço ela precisa? E a indústria de óleo e gás? Que tipo de chapa grossa ela deseja? Vendo a necessidade dos clientes, a diretoria da Usiminas vai analisar a demanda e ver qual a tecnologia a empresa tem hoje e qual tecnologia precisa ser implementada. Se a diretoria da Usiminas e o Conselho de Administração aprovam o investimento, nós temos a tecnologia. Sem haver esse processo da decisão interna, poderia ser uma tecnologia que não seria utilizada, um investimento não tão proveitoso. Essa decisão é interna e, por isso, estamos discutindo essa alternância. Para ter essa tecnologia número 1 do mundo, precisamos ter ambiente interno mais eficiente nas tomadas de decisões. Temos tecnologia para fazer produtos bons e baratos, a preços competitivos.


DEMISSÕES
Houve várias reestruturações da Nippon Steel no Japão, mas nenhuma vez demitimos funcionários. É algo bastante diferente da cultura brasileira. Quando não há necessidade de tantos empregados na empresa controladora, eles são remanejados para outras empresas do grupo. Infelizmente, na Usiminas, está havendo um processo de demissão de pessoas de maior nível. É importante formar pessoas e perceber como essas pessoas vão transmitir o conhecimento para seu sucessor. Simplesmente demitir prejudica o conhecimento.

PREÇO DO AÇO
O preço do minério de ferro é praticamente o mesmo no mundo inteiro. A questão é como aumentar a produtividade dos equipamentos e diminuir o tempo necessário para manutenções. O importante é o departamento de vendas da empresa mostrar ao cliente que está produzindo um produto de alta qualidade e, por isso, terá que pagar um pouco mais. Para produzir produtos de alta qualidade, tem que pensar a longo prazo, no plano de investimentos na empresa. Os equipamentos vão se tornando obsoletos e, se agora, não olhar a longo prazo, no futuro os equipamentos não vão servir. Grandes empresas não se preocuparam com essas questões, ao final, foram compradas pela ArcelorMittal.

NIPPON STEEL
Houve uma reestruturação do mercado siderúrgico mundial. A Nippon Steel produzia 33 milhões de toneladas de aço ao ano e era a maior produtora de aço do mundo. Agora, produzimos 50 milhões de toneladas ao ano e já não somos mais a maior em produção. Outras empresas se fundiram e se tornaram maiores. Somos mais ou menos a terceira siderúrgica no mundo. Em questão de produtos de alta tecnologia, somos a número um do mundo, como, por exemplo, nos aços especiais para automóveis e para a indústria naval. Gostaríamos de usar nossa tecnologia e conhecimento para melhorar a Usiminas e torná-la cada vez mais forte.

DEMANDA MUNDIAL
A demanda pelo aço cresceu bastante, mas a produção de aço no mundo todo aumentou muito. Há uma demanda anual de, aproximadamente, 1,5 bilhão de toneladas. Mas a capacidade de produção já supera os 2 bilhões de toneladas. Há produção de 500 milhões de toneladas a mais do que a demanda. E, como a competitividade aumentou bastante, o importante é fazer aços de qualidade com preços competitivos.


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