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Estado de Minas

Juros e PIB testam novas apostas dos investidores

Analistas de bancos e corretoras revisam projeções esta semana de corte na taxa Selic, base para os empréstimos, e de expansão do país, num cenário carregado de incerteza


postado em 28/05/2017 06:00 / atualizado em 28/05/2017 08:34

Expectativa amanhã é de como vão reagir as operações na bolsa de valores à troca de comando, anunciada na sexta-feira, do BNDES (foto: Hugo Arce/Fotos Públicas)
Expectativa amanhã é de como vão reagir as operações na bolsa de valores à troca de comando, anunciada na sexta-feira, do BNDES (foto: Hugo Arce/Fotos Públicas)

Brasília – A semana começa com apostas em novo corte nos juros e em taxa positiva para o Produto Interno Bruto (PIB, a soma da produção de bens e serviços do país) relativo ao primeiro trimestre do ano, mas também com dúvidas sobre como o mercado financeiro vai reagir à troca de comando no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

A instituição passará a ser presidida pelo economista Paulo Rabello de Castro, em substituição a Maria Silvia Bastos Marques, que pediu demissão na sexta-feira, antecipando-se, segundo os próprios aliados do governo, a um processo de fritura no Palácio do Planalto. Ela alegou “razões pessoais”, embora a versão extraoficial de sua saída tenha sido a insatisfação de políticos e empresários com a gestão austera como vinha conduzindo os recursos do banco de fomento.


O anúncio da substituição no BNDES ocorreu apenas uma hora antes do fechamento da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), agora batizada de B3, em meio à crise política do governo de Michel Temer. Analistas de bancos e corretoras ouvidos pelo Estado de Minas acreditam que as oscilações continuarão fortes ao longo dos próximos dias.


As operações na bolsa e de câmbio ficaram mais voláteis devido ao aumento das incertezas em relação à aprovação das reformas trabalhista e previdenciária depois do terremoto provocado no último dia 17, quando foi divulgada a delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, que abalaram os alicerces políticos do presidente Michel Temer.

No dia seguinte, a Bovespa despencou mais de 10% e o circuit breaker (mecanismo que paralisa o pregão) foi acionado por 30 minutos pela primeira vez desde outubro de 2008.


Diante dessa nova crise, especialistas ficaram no compasso de espera e não mexeram nas previsões do último boletim semanal Focus, do Banco Central (BC), divulgado no dia 22, que reúne as taxas projetadas por analistas de bancos de corretoras para o comportamento dos principais indicadores da economia.

No entanto, o relatório a ser divulgado amanhã já deve mostrar as primeiras revisões contabilizando a piora do cenário político depois do acirramento da crise política.


São esperados aumentos na projeção da taxa Selic, aquela que remunera os títulos do governo no mercado financeiro e serve de referência para as operações nos bancos e no comércio, para o fim do ano e de alta do dólar.

É possível, também, uma queda na mediana das estimativas de expansão do PIB, atualmente em 0,5%. Um consenso entre os especialistas ouvidos pelo EM é de que o presidente Temer deverá ser substituído por nome que conseguirá manter a agenda de reformas, o que poderá ajudar a diminuir a forte oscilação dos últimos dias no mercado de ações e no câmbio.


As instituições financeiras mais otimistas previam redução de juros de 1,25 ponto percentual na Selic, atualmente em 11,25% ao ano, mas já refizeram as contas. Agora esperam que o Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central anuncie diminuição de, no máximo, um ponto percentual nos juros nesta quarta-feira, mas há quem espere menos, como é o caso do economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito. Ele aposta em corte de 0,75 ponto percentual, ante 1,25 ponto anteriormente.


O Itaú Unibanco também cortou de 1,25 para um ponto a previsão de corte para a Selic e reduziu de 1,4% para 1,1% a previsão de crescimento do PIB no primeiro trimestre deste ano. A mediana das estimativas do mercado é de 0,9%.

“O governo Temer acabou. Ele virou uma rainha da Inglaterra, mas os parlamentares da base estão convencidos de que é preciso tentar avançar a agenda de reformas. E é nisso que o mercado acredita e por isso  não entrou em parafuso porque o Congresso Nacional está funcionando, aos trancos e barrancos”, afirma o economista Simão David Silber, professor da Universidade de São Paulo (USP).

Reação Adiada 

Silber entende que um possível substituto de Temer precisará vir do Congresso Nacional para que a agenda de reformas não fique para o ano que vem. O desempenho positivo do PIB de janeiro a março deste ano, que será divulgado na quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), deverá interromper oito trimestres seguidos de retração da economia.

Contudo, esse bom desempenho não deverá se repetir no segundo semestre, avisam os especialistas, dificultando a saída do país da recessão.


Os indicadores medidos em abril foram ruins porque o mês teve poucos dias úteis e maio começava a dar sinais mais positivos na primeira quinzena, mas que foram interrompidos na segunda metade do período. A economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, por enquanto, manteve as projeções, mas reconhece que elas estão com “viés negativo”. Prevê corte de um ponto percentual nos juros e Selic de 8% ao ano em dezembro.


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