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Estado de Minas

Maioria dos consumidores de BH não faz poupança, diz pesquisa

De­sem­pre­go e au­men­to do cus­to de vi­da são prin­ci­pais cau­sas


postado em 10/05/2017 06:00 / atualizado em 10/05/2017 09:01

(foto: Arte/Quinho)
(foto: Arte/Quinho)

Pes­qui­sa re­a­li­za­da pe­la Câ­ma­ra de Di­ri­gen­tes Lo­gis­tas de Be­lo Ho­ri­zon­te (CDL/BH) mos­tra que mais da me­ta­de da po­pu­la­ção na­da con­se­gue eco­no­mi­zar de seus sa­lá­ri­os mensalmente. Pa­ra ser mais pre­ci­so, 51,4% dos que res­pon­de­ram ao le­van­ta­men­to não pos­su­em re­ser­va e gas­tam in­te­gral­men­te seus rendimentos.

A con­se­quên­cia dis­so é que, em ca­so de even­tu­al de­sem­pre­go, fi­cam com o cré­di­to blo­que­a­do e pre­ci­sam re­cor­rer a pa­ren­tes pa­ra qui­tar des­pe­sas mais urgentes. Fo­ram en­tre­vis­ta­dos 200 con­su­mi­do­res na ca­pi­tal e re­gi­ão me­tro­po­li­ta­na no mês de abril. A mai­o­ria dos que se dis­se­ram en­di­vi­da­dos é de clas­ses mais baixas.

As di­fi­cul­da­des, no en­tan­to, se­ri­am con­se­quên­cia da cri­se fi­nan­cei­ra que re­du­ziu a ren­da e dei­xou um nú­me­ro ex­pres­si­vo de desempregados. A ta­xa de de­so­cu­pa­ção no Bra­sil fi­cou em 13,7% no tri­mes­tre en­cer­ra­do em mar­ço de 2017, de acor­do com os da­dos da Pes­qui­sa Na­ci­o­nal por Amos­tra de Do­mi­cí­li­os Con­tí­nua (Pnad Con­tí­nua). E foi exa­ta­men­te o de­sem­pre­go a prin­ci­pal cau­sa das di­fi­cul­da­des financeiras. Ele foi apon­ta­do por 38,3% dos consumidores.

A in­fla­ção al­ta e o au­men­to do cus­to de vi­da se­ri­am o mo­ti­vo pa­ra 37,1%. Ou­tros con­di­ci­o­nan­tes tam­bém fo­ram des­ta­ca­dos pe­los entrevistados. Pa­ra 5,1%, o bai­xo sa­lá­rio e do­en­ça na fa­mí­lia; 4,6% acham que é o con­su­mo des­con­tro­la­do e 3,4% di­zem ser o pa­ga­men­to de aluguel. Já 2,9% não dis­se­ram ter pro­ble­mas financeiros.

Pa­ra Ana Pau­la Bas­tos, eco­no­mis­ta da CDL/BH, o qua­dro ve­ri­fi­ca­do na pes­qui­sa é um “re­fle­xo” do ce­ná­rio ma­cro­e­co­nô­mi­co adverso. Os fa­to­res co­mo o de­sem­pre­go e o au­men­to do cus­to de vi­da dei­xam ex­pos­ta a fal­ta de edu­ca­ção fi­nan­cei­ra dos consumidores. “As pes­so­as es­tão apren­den­do ago­ra que fi­car inadim­plen­te não é bom. O la­do po­si­ti­vo é que, per­ce­ben­do is­so, elas vão ter mais planejamento. A ques­tão não é dei­xar de con­su­mir, mas fa­zer is­so de for­ma consciente. É is­so que es­tá fal­tan­do”, disse.

Ain­da de acor­do com a pes­qui­sa, ape­nas 24,6% pou­pam até 10% da ren­da; 14,3% re­ser­vam de 10% a 20%; ou­tros 6,9% de 20% a 40%; e 2,3% guar­dam mais de 40% dos rendimentos. A eco­no­mis­ta res­sal­ta que é mui­to im­por­tan­te planejar. Ela re­co­men­da que os con­su­mi­do­res eco­no­mi­zem pe­lo me­nos 10% da sua ren­da lí­qui­da mensalmente. Ou­tra me­di­da é não com­pro­me­ter mais de 30% do or­ça­men­to com en­di­vi­da­men­tos e financiamentos. A mai­o­ria dos que eco­no­mi­zam al­gum va­lor men­sal tem a pou­pan­ça co­mo destino.

A si­tu­a­ção fi­ca ain­da mais dra­má­ti­ca por­que pa­ra 33,7% dos con­su­mi­do­res, em ca­so de de­sem­pre­go, per­da to­tal da ren­da ou pro­ble­mas de saú­de, eles con­se­gui­ri­am man­ter o pa­drão de vi­da atu­al por ape­nas três meses. Pa­ra 16%, se­ria pos­sí­vel man­ter a con­di­ção en­tre qua­tro e seis me­ses, en­quan­to 4% en­tre se­te e no­ve me­ses e 3,4% en­tre 10 e 12 meses. Quem tem saú­de fi­nan­cei­ra pa­ra se man­ter por mais de um ano so­mou 18,9%. Mas quem tem ren­da mais bai­xa, sem dú­vi­das, aca­ba sen­do mais afetado. O le­van­ta­men­to mos­trou que 18,8%, re­pre­sen­ta­dos pe­la clas­se E, não con­se­gui­ria se man­ter nem por um mês.

Pa­ren­tes


A pes­qui­sa mos­trou ain­da que a mai­o­ria tem a fa­mí­lia co­mo o pon­to de apoio pa­ra se sa­far do drama. De acor­do com o le­van­ta­men­to, 34,3% dis­se­ram que re­cor­re­ri­am a pa­ren­tes, ami­gos e co­nhe­ci­dos pa­ra empréstimos. Ou­tros 26,3% pre­fe­rem me­xer na poupança. Em­prés­ti­mos com ban­cos ou fi­nan­cei­ras (16%), res­ga­te de apli­ca­çõ­es fi­nan­cei­ras (12,6%) e pen­são (0,6%). Pa­ra Ana Pau­la Bas­tos, re­cor­rer aos fa­mi­li­a­res mui­tas ve­zes é, na ver­da­de, re­fle­xo da di­fi­cul­da­de de crédito. “Co­mo a pes­soa já não tem con­di­çõ­es de re­cor­rer às ins­ti­tui­çõ­es fi­nan­cei­ras os pa­ren­tes aca­bam sen­do a úni­ca so­lu­ção”, analisa.

O car­tão de cré­di­to apa­re­ce co­mo sen­do uma es­pé­cie de “sal­va­dor da pá­tria”, prin­ci­pal­men­te, pa­ra quem não con­se­gue ter di­nhei­ro pa­ra che­gar até o fi­nal do mês. 35,3% dos en­tre­vis­ta­dos afir­mam que, nun­ca ou ra­ra­men­te, con­se­guem che­gar ao fi­nal do mês sem ul­tra­pas­sar o li­mi­te do car­tão de cré­di­to; 30,1% dis­se­ram que sem­pre che­gam ao fim do mês sem ul­tra­pas­sar es­se limite. Às ve­zes e qua­se sem­pre, re­pre­sen­tam 16% ca­da e 2,6% não responderam.

So­bre a fai­xa etá­ria, os adul­tos e ido­sos – 32,3 e 31,3% da amos­tra, res­pec­ti­va­men­te – não têm di­nhei­ro pa­ra che­gar ao fim do mês sem ul­tra­pas­sar o li­mi­te do car­tão de crédito. So­bre a fre­quên­cia com que usam es­se meio de pa­ga­men­to, 34,6% dis­se­ram que sem­pre, 25,6% às ve­zes e 22,4% qua­se sempre. Nun­ca e ra­ra­men­te (7,7% ca­da) e não res­pon­de­ram (1,9%).


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