Uma das donas da mineradora Samarco, a BHP Billiton, contratou estudo para mensurar as perdas econômicas causadas pela paralisação da companhia, sem operar desde a tragédia de Mariana, em novembro de 2015. De acordo com o estudo, 19.182 vagas diretas e indiretas estão ameaçadas e o poder público deixará de arrecadar perto de R$ 1 bilhão em impostos apenas este ano. O levantamento produzido pela consultoria paulista Tendências será anexado a processos pelos quais responde a mineradora, que pleiteia retomar suas atividades no segundo semestre deste ano.
O estudo foi apresentado ontem pela Tendências na sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Apesar de o trabalho ter sido encomendado por uma das detentoras da Samarco, nenhum diretor das duas empresas compareceu para falar sobre o assunto. Em maio, o Ministério Público Federal (MPF) ajuizou ação em que cobra R$ 155 bilhões pelos prejuízos causados pelo rompimento da barragem de rejeitos da Samarco. A tragédia matou 19 pessoas e devastou a bacia do Rio Doce.
“O estudo não entra na questão do acidente. Ele mostra a importância da Samarco na economia nacional como provedora de arrecadação muito forte”, ressalta um dos fundadores da consultoria, o ex-ministro da Fazenda do governo Sarney Maílson da Nóbrega. A consultoria projetou os impactos diretos e indiretos na economia provocados pelo período de paralisação de produção da Samarco, que era a segunda maior exportadora do mundo de pelotas de minério de ferro.
Segundo o levantamento, a empresa deixará de ter R$ 4,4 bilhões de receita apenas em 2017, o que representa 1% do PIB de Minas ou 4% do PIB do Espírito Santo. A perda em exportações é estimada em US$ 766 milhões neste ano. Em relação aos postos de trabalho, no Brasil, 19.182 vagas estão ligadas à operação da Samarco, direta ou indiretamente.
Um total de 14.531 delas, o equivalente a 75%, são em Minas Gerais, sendo 3,2 mil postos diretos de trabalho. O número de postos ameaçados em Minas representa mais da totalidade dos empregos formais de Mariana, segundo o levantamento. Ainda de acordo com o estudo, R$ 1,2 bilhão deixam de ser pagos a trabalhadores com a empresa fora de operação. No período de 10 anos, esse montante chegaria a R$ 12,7 bilhões.
“A nossa preocupação é em relação à retomada da empresa. Lembrando que tivemos acidente de engenharia e quem conserta acidente de engenharia é engenheiro”, afirma o presidente da Fiemg, Olavo Machado Junior. “Temos as preocupações todas (sociais e ambientais). Os riscos sempre existirão, mas podem ser minimizados. Estamos preocupados com a geração de riquezas e empregos”, completa.
Licenças
Atualmente, a Samarco, que teve suas licenças de operação suspensas, tenta junto à Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais (Semad) obter o licenciamento ambiental para retomar a operação. O ministro das Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, chegou a dizer que a mina estaria em condições de operar em março.
A Semad informou que não é possível precisar quanto tempo a análise do licenciamento vai demorar. O processo é tratado como “prioritário” na secretaria. De acordo com a assessoria de imprensa da Samarco, a empresa prevê retomar as operações nos segundo semestre.