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Estado de Minas

Samarco quer licença para voltar a produzir em 2017

Trabalhos interrompidos por causa de tragédia devem ser retomados no segundo semestre do ano que vem


postado em 08/12/2016 06:00 / atualizado em 08/12/2016 14:54

Pouco mais de um ano depois de ter suas atividades interrompidas pela maior tragédia ambiental do país, a Samarco dá os primeiros passos para voltar a produzir pelotas de minério de ferro no segundo semestre do ano que vem. A expectativa da empresa, cuja barragem de rejeitos do Fundão, em Mariana, se rompeu em novembro do ano passado, deixando 19 mortos, é voltar a produzir com 60% de sua capacidade, o que equivale a 18 milhões de toneladas por ano. Com esse volume e considerando os preços atuais de US$ 110 por tonelada, a Samarco prevê uma receita da ordem de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 3,4 bilhões), segundo informou ontem o diretor-presidente da companhia, Roberto Carvalho.


Para voltar a produzir, a Samarco quer utilizar a cava da mina de Alegria Sul, em Mariana, para deposição dos rejeitos do processo de concentração do minério de ferro (veja esquema). A proposta já recebeu aval do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM) e está em fase de licenciamento na Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). “Nós estamos conversando para retomar com toda a segurança. Essa área não tem nada a ver com Fundão”, afirmou Carvalho. Na semana que vem, o projeto será discutido em audiências públicas em Ouro Preto (quarta-feira) e Mariana (quinta-feira).

A expectativa da Samarco é ter a licença prévia, o que vai permitir retirar minério e construir um dique de contenção na cava para que Alegria Sul receba os rejeitos de duas unidades de concentração de minério de ferro pelo período de dois anos, num volume total de 17 milhões de metros cúbicos. O dique, que vai elevar a capacidade da cava, será construído com a mesma tecnologia usada nas barragens das hidrelétricas. A preparação da cava e a construção de um duto ligando os concentradores à área vão demandar cerca de seis meses.

Além disso, a Samarco pode vir a utilizar a cava da mina de Timbopeba, da Vale, que está exaurida e fica na mesma região. A BHP está negociando com a Vale (ambas sócias da Samarco), o uso de Timbopeba. “Havendo sucesso nessa negociação, nós vamos ter uma solução de médio prazo, o que vai nos permitir discutir uma outra opção”, afirmou Carvalho. Timbopeba pode receber rejeitos por 10 anos.

Roberto Carvalho lembrou que, por ser uma área confinada, a cava da mina é o local que oferece maior segurança e maior agilidade para a retomada da produção da companhia. Além do licenciamento da nova área de deposição de rejeitos, a Samarco apresenta até o fim deste mês os estudos de impacto ambiental de todas as suas unidades no estado previstos no pedido de licenciamento integrado feito pela mineradora à Semad. Com o rompimento da barragem, todas as licenças da Samarco foram suspensas. “Havia muitas licenças agrupadas por data e agora vai ter um processo de maneira mais organizada”, afirma Carvalho.

MERCADO
Segundo o diretor comercial e de planejamento da Samarco, Leonardo Sarlo Wilken, são necessários o licenciamento integrado e as licenças prévia e de operação de Alegria Sul para que a produção seja retomada. “A expectativa é de que consigamos a licença de Alegria no primeiro trimestre”, afirmou Wilken. Ainda de acordo com ele, com a retomada da produção a Samarco volta a atender os clientes tradicionais, cujos contratos de longo prazo foram interrompidos por motivo de força maior. “A Samarco fornece para 35 plantas siderúrgicas e elas dependem da qualidade da pelota de minério de ferro da empresa porque elas estão operando com queda de produtividade”, observa Wilken.

Para voltar a produzir, segundo Roberto Carvalho, estão sendo feitas manutenções nas unidades de pelotização, no Espírito Santo, e nas de lavra e concentração, em Minas. “Essas equipes de manutenção hoje no Espírito Santo estão por conta de rodar o equipamento”, informa Carvalho. Hoje, a Samarco tem cerca de 1,8 mil empregados, com corte de 1,2 mil postos em relação aos 3 mil contratados antes do rompimento da barragem do Fundão. Com um programa de demissão voluntária (PDV), a empresa está concluindo até o fim deste mês o desligamento de 943 funcionários que aderiram e de outros 150 que foram demitidos. “Hoje, esse quadro é o necessário para tocar a empresa”, afirmou o diretor-presidente da Samarco.

Memória

Destruição sem precedentes

A barragem do Fundão da Samarco se rompeu em 5 de novembro do ano passado, despejando 32,6 milhões de metros cúbicos de rejeitos que mataram 19 pessoas e destruíram os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo e uma parte da localidade de Gesteira. Centenas de famílias perderam tudo. A lama espalhou um rastro de destruição ao longo da Bacia do Rio Doce, deixando sem água as cidades de Governador Valadares, em Minas, e Colatina, no Espírito Santo, entre outras, até atingir o mar. Até outubro, a empresa destinou R$ 1,1 bilhão para atender às medidas emergenciais para reparar e amenizar os impactos da tragédia. Ainda assim, as marcas da tragédia ainda podem ser vistas no local. Até do fim do ano, a empresa vai destinar  R$ 2,05 bi para a Fundação Renova, criada em agosto para gerenciar os 41 projetos do Termo de Transação de Ajustamento de Conduta (TTAG) assinado pela empresa com os governos federal e estadual. A estimativa é de que, ao longo de 10 anos, essas ações exijam, no mínimo, R$ 11,5 bi.


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