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Estado de Minas FAVELA VAI VOANDO

Venda de passagens aéreas para as classes C, D e E chega em janeiro a Minas

Encabeçado pela Central Única das Favelas (CUFA), o projeto da agência Favela Vai Voando (FVV) nasceu há 3 anos no Rio de Janeiro e vai se expandir para o estado no ano que vem


postado em 05/12/2016 06:00 / atualizado em 05/12/2016 12:40

Francislei Henrique diz que projeto-piloto em 30 aglomerados da capital alcançará R$ 500 mil mensais(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Francislei Henrique diz que projeto-piloto em 30 aglomerados da capital alcançará R$ 500 mil mensais (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Na contramão da crise, uma agência de passagens áreas para as classes C, D e E vem expandindo seus negócios com proposta diferente: vender bilhetes para moradores de favelas e aglomerados, sem burocracia, sem consultas ao SPC e sem exigência de cartão de crédito. Tudo pode ser feito por meio de carnês, com pagamento parcelado em até 12 vezes e sem juros. Os revendedores são moradores dos próprios aglomerados que, muitas vezes, nunca haviam colocado o pé num aeroporto, mas que, agora, têm seu próprio negócio. As passagens são pagas antes da viagem e, caso haja desistência, o dinheiro é devolvido.


Encabeçado pela Central Única das Favelas (CUFA), – organização não governamental reconhecida internacionalmente e parceira da Organização das Nações Unidas (ONU) para ações de empreendedorismo social –, o projeto da agência Favela Vai Voando (FVV) nasceu há 3 anos no Rio de Janeiro e já embarcou cerca de 13 mil moradores de favelas e periferias, tendo como destinos mais procurados as praias do Nordeste.


A FVV deverá encerrar o ano com crescimento de 26%, percentual que contrasta com a tímida estimativa de expansão de 1% do mercado geral de venda de passagens no país, e planos de levar a iniciativa a outros estados. A partir de janeiro, Minas Gerais, segundo maior estado em população moradora de favelas, é um dos principais focos para ampliação da experiência, que não ficará mais restrita ao Rio de Janeiro. A expectativa é de transformar Minas no terceiro maior nicho da FVV no Brasil. Atualmente, há 174 agências abertas pelo projeto em 100 favelas e aglomerados do Rio de Janeiro e 16 em São Paulo, mas ainda em fase de teste.


Celso Athayde, ativista das favelas e fundador da Cufa, é o responsável pela FVV, que faz parte de uma holding de negócios voltados exclusivamente para moradores de baixa renda. Ele diz que a ideia surgiu a partir de pesquisas sobre o poder aquisitivo e o desejo de consumo dos moradores das favelas. “As favelas no Brasil abrigam 15 milhões de pessoas, que consomem R$ 68 bilhões por ano e não apenas em comida, como muitos pensam”, afirma.


A proposta, segundo ele, é baseada nos princípios da Cufa de levar bem-estar e empreendedorismo para moradores das favelas. Ele lembra também que agências tradicionais de vendas de passagens são dirigidas a um público formado por brancos e de classe média/alta, o que cria uma barreira social e não econômica, como muita gente pensa, para o morador das favelas. “Aquela loja com cartaz mostrando uma aeromoça branca e um casal branco viajando afasta o morador da favela, que acha que não tem condições de viajar de avião, mas tem”, assegura.


No caso da FVV, as lojas funcionam exclusivamente dentro das favelas, muitas vezes nas casas dos moradores, que são os próprios revendedores, ou em paralelo com pequenos negócios locais, e atuam em parceria com agências de viagem de grande porte e companhias áreas, responsáveis por fornecer as passagens por valores menores.


A intenção, de acordo com Athayde, além de estimular o consumo nas periferias, é transformar os moradores em donos dos seus próprios negócios, gerando emprego e renda dentro das comunidades. Em Minas Gerais quem vai implantar o projeto é a Cufa-MG, por meio do presidente nacional da entidade, Francislei Henrique, que assumiu ano passado o comando da central e mora no Alto Vera Cruz, aglomerado da capital mineira.

Projeto-piloto


Segundo ele, a FVV começa a operar em BH no mês que vem. “Será feito um projeto-piloto com empreendedores de 30 favelas da capital, com perspectiva de alcançar teto de 500 mil mensais em seis meses de operação”, conta Francislei, que esteva semana passada no Rio de Janeiro participando de um encontro para debater o projeto.


Aline Passos dos Santos, 34 anos, é uma das revendedoras da FVV na Cidade de Deus, favela da Zona Oeste da capital fluminense. Ela conta que há três anos conheceu a agência por meio de um amigo e comprou passagens para ela, a irmã e a mãe viajarem a Salvador. “A gente tem família lá e nunca tinha andado de avião. Na hora já fiz o carnê, parcelei de seis vezes e depois que pagamos fomos para Salvador. Deu tudo tão certo, foi tão bom que resolvi ser revendedora também”, conta Aline, que antes mantinha uma papelaria na Cidade de Deus, local onde nasceu e mora até hoje. A papelaria cedeu espaço para a FVV e Aline vive, hoje, exclusivamente da renda obtida com o empreendimento. Sua agência, conta ela, vende cerca de 60 passagens por mês. “A gente não viajava antes porque achava que era muito caro, que não ia saber se comportar no aeroporto, mas não tem nada disso”.


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