(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Distribuidoras e etanol barram queda da gasolina

Apesar da redução nas refinarias, preços nos postos de BH não foram alterados ontem. Donos alegam receber combustível com mesmo valor por causa do aumento do álcool


postado em 18/10/2016 06:00 / atualizado em 18/10/2016 13:54

Posto de combustível na via Expressa em dois tempos: no sábado (esq) exibia valores para os derivados do petróleo e da cana que eram praticados nessa segunda-feira (dir), depois de preço cair nas refinarias da Petrobras(foto: Ramon Lisboa e Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Posto de combustível na via Expressa em dois tempos: no sábado (esq) exibia valores para os derivados do petróleo e da cana que eram praticados nessa segunda-feira (dir), depois de preço cair nas refinarias da Petrobras (foto: Ramon Lisboa e Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

A redução de preços da gasolina e do diesel anunciada pela Petrobras na última sexta-feira e esperada para chegar às revendas ontem, ainda não foi sentida pelos consumidores. Na grande maioria dos postos de combustíveis da capital os preços continuam os mesmos e seguem pressionando o custo de vida e o bolso das famílias. Na cadeia do setor, formada por distribuidores, revendas e fabricantes do álcool anidro, que entra na composição da gasolina e portanto também pesa nos custos, ninguém quer ser apontado como responsável por segurar os preços.

Na sexta-feira, 14 de outubro, a Petrobras anunciou a redução do preço da gasolina em 3,2% nas refinarias e de 2,7% no diesel. A expectativa é que os postos começassem a repassar a diferença já a partir de ontem, de forma diferenciada, uma vez que os preços são livres, o que ainda não aconteceu. A reportagem do Estado de Minas percorreu alguns postos em diferentes regiões da capital no sábado e novamente ontem, constatando que os preços ficaram intactos.

A justificativa para os custos continuarem nas alturas vem em uma ciranda. Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro), até o momento não houve redução por parte das distribuidoras. Segundo o sindicato, o segmento responsável por levar o combustível da refinaria às revendas tem apontado o etanol anidro como um dos vilões. O etanol é adicionado na gasolina e encareceu nas últimas semanas. Os produtores de etanol, por sua vez, não querem arcar sozinhos com a responsabilidade pelo encarecimento da gasolina e apontam que apesar do início da entressafra, o peso do etanol não ultrapassa 20% do custo final do combustível.

Um empresário, dono de três postos de gasolina em Belo Horizonte e também no interior, ouvido pela reportagem, disse que o custo do seu pedido emitido na sexta-feira ficou exatamente igual ao de segunda. Segundo ele, as duas distribuidoras que atendem os seus postos apontaram que houve reajuste no valor do álcool anidro, que no último mês encareceu 14% na produção. Na composição da gasolina o álcool anidro representa 27%. Sem maiores justificativas, o preço do diesel também permaneceu o mesmo. “Esperamos que nos próximos dias as distribuidoras reduzam o valor, pelo menos do diesel. Não vejo justificativa para o preço do combustível não cair. Esse é um momento em que a redução pode incentivar o consumo.”

Mistura


O presidente do Sindicato do Açúcar e do Álcool de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, aponta que o peso do álcool anidro na mistura com a gasolina fica entre 15% e 20% do custo total do produto. “Essa é uma conta difícil de se fazer. O mercado ´é livre e a queda de preços vai depender da competição entre a cadeia.” Segundo Campos, o consumo da mistura gasolina e etanol caiu em média 1,5% este ano no país o que afetou as margens do segmento. No entanto, ele defende que o produto não pode ser responsável sozinho por segurar os preços da gasolina. “A alta do etanol já vem acontecendo há algumas semanas, porque só agora a questão está sendo considerada?” questionou.

No início da entressafra, a expectativa do setor é que esse ano a produção total de álcool fique entre 2% e 4% menor, o que de agora até o maio do ano que vem não sinaliza para queda de preços do produto. Nos últimos 12 meses, até setembro, a gasolina acumula alta de 9,77% frente uma inflação, Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medida pelo IBGE de 8,48% no mesmo período. Segundo levantamento da Agência Nacional de Petróleo (ANP) o preço médio do litro da gasolina em Minas Gerais é de R$ 3,70 e em Belo Horizonte de R$ 3,53.

O Minaspetro aponta que de fato o anúncio da Petrobras coincidiu com o início da entressafra que encareceu o preço do etanol anidro, no entanto o presidente do Sindicato Carlos Guimarães Jr, em nota enviada à impressa ressaltou que os empresários do setor não querem ser os vilões e empurra a bola para a distribuição. “Como revendedor, fico indignado de, mais uma vez, pagar a conta perante ao consumidor em virtude dos altos preços praticados pelas distribuidoras”, disparou. Segundo Guimarães, os anúncios de redução de preços da gasolina costumam vir acompanhados de alta de impostos ou de encarecimento do etanol, o que anula a redução de preços para o consumidor.


Sem comentário


Procurada pela reportagem a BR Distribuidora, que detém a maior fatia do mercado, com 37% do mercado de combustíveis e 28,6%, considerando a gasolina, disse que não comenta o preço final do produto que é livre e nem o aumento do preço do álcool anidro que entra com 27% na composição da gasolina. A BR Distribuidora não respondeu se está praticando preços menores para os postos, desde a redução nas refinarias.

A reportagem entrou em contato com Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), mas por meio de sua assessoria, o sindicato respondeu que não comenta preços praticados por suas afiliadas.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)