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Estado de Minas

Em baixa, varejo antecipa o Natal

Papai Noel chegou mais cedo às lojas, como aposta dos comerciantes para atrair cliente e exorcizar pessimismo


postado em 13/10/2016 06:00 / atualizado em 13/10/2016 07:27

Decoração na Galeria do Ouvidor, no Centro de BH: longe da euforia de 2012, expectativa agora é de reviravolta nas vendas(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Decoração na Galeria do Ouvidor, no Centro de BH: longe da euforia de 2012, expectativa agora é de reviravolta nas vendas (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

Neste ano, o Natal chegou mais cedo para o comércio. Os enfeites e a decoração que
antes ganhavam as ruas em novembro e dezembro não esperaram nem o Dia das Crianças, comemorado ontem. Eles deram o ar da graça no fim do mês passado, para, agora, começar a ganhar as vitrines. Diversas lojas de várias regiões da cidade, os shoppings centers e o varejo de portas para a rua já estão decoradas com os temas e as cores da festa típica do fim de ano, tentativa de trazer o consumidor mais rápido para o clima das comemorações e afastar o pessimismo. Alguns segmentos do setor, que enfrentaram dois anos ruins, contam com tímida retomada do otimismo e esperam leve alta de vendas no Natal de 2016, entre 5% e 10% em relação ao ano passado.

Esse é o caso dos lojistas do Hipercentro da capital, que já estão decorando as vitrines com os temas natalinos e demonstram humor mais otimista do que o registrado em maio, quando a maioria fez suas compras para o Natal. “É possível que neste ano alguns comerciantes tenham que reforçar o estoque. Acho que o Natal vai ser um pouco melhor do que prevemos no primeiro semestre”, arrisca Flávio Assunção, presidente da Associação dos Comerciantes do Hipercentro. Segundo ele, um bom termômetro foi o Dia das Crianças, que alcançou resultado de última hora acima do esperado. “Tivemos alta entre 8% e 9% nas vendas frente ao ano passado.”

Para o lojista, o Dia das Crianças pode sinalizar em dois sentidos: “Ou estamos tendo um início de retomada do otimismo ou os consumidores estão à procura de itens mais baratos, o que beneficia o
Com larga experiência no segmento de enfeites típicos da festa de fim de ano, Alexandre Maia reforçou estoque de itens para todo bolso(foto: Casa Maia/Divulgação)
Com larga experiência no segmento de enfeites típicos da festa de fim de ano, Alexandre Maia reforçou estoque de itens para todo bolso (foto: Casa Maia/Divulgação)
comércio popular.” Seja qual for a explicação, Flávio Assunção diz que o comércio do Hipercentro, na média, deve vender entre 5% e 6% mais que em 2015, que é uma base de comparação baixa. “O ideal seria um crescimento de 10% para repor a inflação, mas qualquer alta, mesmo que leve, já é uma boa notícia.”

Instalada nos bairros de Lourdes e Santo Agostinho, e com 24 anos de tradição na decoração de Natal, a Casa Maia já exibe as vitrines prontas e abertas para o público. Quem visita a loja mergulha em um mundo de enfeites, cores, árvores de neve, anjos e presépios dourados, estrelas brilhantes, presépios iluminados que invadem o imaginário e são capazes de transportar o consumidor para uma época de otimismo e fantasia. E a intenção é essa, explica o proprietário Alexandre Maia. Neste ano, a loja, que começou a importar na década de 1980, aposta na tendência europeia, que traz o branco como uma das principais cores da decoração.

PELA TRADIÇÃO Especialista no tema, Maia está animado e acredita que neste Natal o consumidor vai espantar um pouco a aversão aos gastos. “Já começamos a fazer decorações em shoppings e no setor corporativo. Esperamos crescer 10% nesse segmento na comparação com o ano passado.” Ele conta que seus investimentos em estoques aumentaram nessa proporção, confiante que está no resultado. Para o consumidor comum, Alexandre também espera superar as vendas do ano passado. “Temos desde árvores pequenas e simples até as maiores e mais sofisticadas. Investimos em produtos para todos os bolsos”, garante.

Montar uma mesma árvore de Natal é tradição repetida pelas famílias, que costumam manter a decoração básica, variando um ou outro enfeite. Atento a todos os públicos, Alexandre Maia diz que tem opções também de aluguel de árvore e decoração para quem vai fazer uma festa especial em casa ou deseja uma árvore para um único ano.

• Na gangorra, risco de calote e inflação

Na Savassi, zona nobre de Belo Horizonte, o diretor do conselho da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL-BH) para a região, Alessandro Runcini, diz que os lojistas que ainda não enfeitaram suas lojas aguardavam a passagem do Dia das Crianças e devem começar nos próximos dias a trazer as cores da festa para as vitrines. “Já percebemos que começou a haver uma leve volta da esperança, o que pode ser o início de uma reviravolta para o comércio.” Embora ainda com expectativas contidas, longe da euforia que tomou conta do setor em 2012, Runcini diz que os lojistas estão cautelosos, comprando aos poucos, mas esperam alta das vendas entre 5% e 10% neste Natal, percentual próximo à inflação do período. “Este Natal pode ser um marco para a retomada do otimismo”.

No Mercado Central de BH, Antônio Sérgio Tavares, que está à frente da delicatéssen Império dos Cocos, tradicional na venda de produtos típicos do Natal, como frutas importadas, castanhas, nozes, amêndoas, avelãs e tâmaras, mostra otimismo ainda contido e um pouco desconfiado. Para ele, o alto índice de endividamento da população poderá manter o freio no consumo. Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) indicou que 58,2% das famílias brasileiras estão inadimplentes.

O que pesa a favor, na análise do comerciante, é a perspectiva de uma inflação menor no segundo semestre e uma estabilidade do dólar que favorece os preços dos importados para o consumidor. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), inflação oficial do país, subiu apenas 0,08% em setembro, ante a variação de 0,44% em agosto, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Estou projetando para este Natal movimento igual ao do ano passado. O consumidor deve perceber uma estabilidade nos preços dos produtos natalinos, já que os estoques estão altos”, comenta Antonio Sérgio Tavares. (MC)


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