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Estado de Minas

Demissões na indústria automotiva reforçam a falta de luz no fim do túnel

Mercedes-Benz insiste em corte de 2 mil e não prevê retomada do setor automotivo no país. Com a produção suspensa, metalúrgicos protestam


postado em 19/08/2016 00:12 / atualizado em 19/08/2016 07:48

Porto Alegre e São Paulo – Com a produção suspensa desde o início da semana e a necessidade de demitir cerca de 2 mil trabalhadores da unidade de caminhões e ônibus em São Bernardo do Campo, o CEO da Mercedes-Benz no Brasil, Phillip Scheimer, afirmou ontem que ainda não é possível prever uma recuperação do setor automotivo brasileiro. Para ele, a mudança de cenário não ocorrerá nos próximos meses, pois deverá obrigatoriamente ser precedida de uma diminuição nos juros e de uma melhora nas perspectivas gerais da economia nacional. “Tendo financiamento mais barato e acessível para as empresas, aí a gente pode ter um crescimento”, disse ao chegar a um evento da Câmara Brasil-Alemanha em Porto Alegre.

Scheimer evitou comentar os problemas enfrentados pela unidade, no ABC Paulista. Questionado, ele disse que não falaria sobre o assunto porque a empresa está em meio a uma negociação sindical. De acordo com o Sindicato de Metalúrgicos do ABC, a Mercedes insiste na necessidade de cortar 2 mil funcionários que considera excedentes.

O executivo da montadora alemã afirmou ainda que tanto o mercado de caminhões como o de ônibus vão amargar, este ano, uma queda que pode chegar a 40%. “Todo mundo sabe que o Brasil está passando por um momento difícil e o nosso setor é um dos que mais sofreu. Nós não achamos que isso vai se modificar nos próximos meses.

Hoje, principalmente, os juros altos estão afetando muito os negócios. Se a gente não tiver melhora no financiamento e no crédito, vai ser difícil ter uma melhora sensível de mercado”, avaliou. Ele também reclamou da volatilidade do câmbio. De acordo com o executivo, o problema não é a recente valorização do real, mas a falta de previsibilidade. “Qualquer câmbio tem vantagens e desvantagens. O que a indústria precisa é de uma estabilidade”, disse.

Segundo Scheimer, a boa notícia é que a queda do setor parece ter estacionado. “Agora achamos um piso. A gente talvez tenha chegado ao fundo do poço. Mas por enquanto não sentimos uma recuperação”, reforçou, dizendo que não arriscaria prever quando os dias melhores virão. “Isso depende de reformas que estão se discutindo (no país), que por enquanto não foram aprovadas. A gente torce para que isso aconteça, mas infelizmente não podemos dar nenhuma previsão.”

Scheimer salientou que o mercado de ônibus está sofrendo bastante. Segundo ele, o segmento de ônibus urbanos, que foi “razoavelmente bem” no primeiro semestre, agora está parando por causa das eleições municipais, e o segmento rodoviário está “sem uma grande movimentação há muito tempo”. Além disso, ele citou que o segmento de ônibus escolares, que era promissor, acabou desaparecendo. “O mercado de ônibus este ano deve ficar em 11 mil unidades aproximadamente, e três anos atrás ele era de 30 mil unidades”, disse. “Melhorando o ambiente econômico, acredito que o mercado de caminhões deve reagir primeiro”, finalizou.

 

Manifestação


Com a perspectiva de corte de 1.870, os metalúrgicos da fábrica da Mercedes-Bens em São Bernardo do Campo realizaram na manhã de ontem um ato de protesto contra as demissões anunciadas pela empresa e que podem atingir até 1.870 trabalhadores das linhas de caminhões e ônibus. O ato reuniu cerca de 7 mil operários, segundo o sindicato. Eles saíram da frente da fábrica e caminharam pela Anchieta, rodovia que liga a capital paulista ao litoral.

Na sexta-feira passada, a montadora anunciou a suspensão da produção e a licença remunerada para todos os 9,8 mil funcionários. Na segunda-feira, alguns trabalhadores já receberam um telegrama informando a rescisão do contrato de trabalho a partir de setembro, quando se encerra o período de estabilidade dos metalúrgicos na fábrica, assegurada pela adesão da empresa ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE), informou o sindicato.


Na quarta-feira, a montadora chamou os sindicalistas novamente para conversar. O convite ocorreu depois do anúncio do sindicato de que haveria protesto em frente a fábrica. O sindicato informou que a empresa está irredutível na reversão do corte de empregados e atribui à matriz a determinação de demissão. “Ontem (quarta-feira) tivemos uma conversa com a direção da fábrica, mas não tem havido espaço para negociar nada, pois eles partem da premissa de que o corte do excedente tem de ser efetivado e de que essa é, inclusive, a determinação da matriz na Alemanha.

Vamos continuar conversando com a empresa para tentar convencê-los de ampliar o diálogo. Estamos abertos, mas, para nós, só existe negociação com a reversão das demissões e busca conjunta de alternativas”, disse o diretor-executivo do sindicato e trabalhador na Mercedes-Benz, Moisés Selerges.

 

Contra o PDV

Trabalhadores da Embraer reunidos em assembleia do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos aprovaram ontem um plano contra as demissões programadas pela empresa. A companhia anunciou na semana passada um plano de demissões voluntárias (PDV) para os empregados de todas as unidades no Brasil e na quarta-feira o detalhou, determinando o prazo entre 23 de agosto e 14 de setembro para a adesão, com desligamento previsto para a primeira semana de outubro. A companhia pretende economizar cerca de US$ 200 milhões com essa e outras medidas de redução de custos. A proposta aprovada pelo sindicato e pelos trabalhadores exige o cancelamento imediato do plano de demissões. Do contrário, a ordem será “demitiu, parou”. Como alternativa aos cortes, o sindicato propôs que a Embraer “pare com o processo de transferência de parte da produção para o exterior”.


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