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Estado de Minas NEM PREÇO MAIS BAIXO SALVA

Maioria de bares tradicionais de BH reduz tabelas de cervejas para manter clientela

Pesquisa mostra que política foi insuficiente para conter os efeitos da crise e o aumento da concorrência


postado em 17/08/2016 06:00 / atualizado em 17/08/2016 07:55

Acostumados aos reajustes altos nos preços dos aperitivos e das cervejas, os consumidores da capital dos botecos estão, atualmente, diante de um cardápio incomum: as bebidas populares estão mais baratas em boa parte dos estabelecimentos e os petiscos não encareceram com se poderia esperar. Por causa da queda de cerca de 30% no movimento e do hábito cada vez mais comum de beber em casa, os bares de Belo Horizonte traçam a estratégia para sobreviver à crise, mas, na ponta do lápis, nem com redução dos preços a conta fecha para muitas empresas do ramo. De acordo com pesquisa realizada pelo site Mercado Mineiro, divulgada ontem, entre 41 locais tradicionais no ramo ouvidos na capital, 58,54% notaram que os clientes estão sumidos.

A pesquisa feita dos dias 5 a 10 deste mês mostrou que, na comparação com abril último, as cervejas Brahma Extra e Skol baratearam 0,69% e 0,68%, respectivamente. Na prática, a bebida ficou R$ 0,05 mais barata para o consumidor: a garrafa

(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
que custava R$ 8,67 passou a ser vendida a R$ 8,61 (Brahma Extra) e a de R$ 7,33 agora custa  R$7,28 (Skol). “Isso é inédito, porque o costume seria reajustar”, comenta o diretor-executivo do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu.


Já as cervejas conhecidas por terem preços mais elevados sofreram reajustes, como é o caso da Heineken que custava, em média, R$ 8,53 e encareceu para R$ 8,67. O preço da Serramalte, de acordo com a pesquisa, passou de R$ 8, 96 para R$ 9,02. A Original, que custava, em média, R$8,96 sofreu aumento de 0,45%, e atualmente custa também, em média, R$9. Abreu considera a elevação de preços pequena diante do “aperto” que os donos de bares estão vivenciando e diz que o cenário é preocupante para o título que a capital ganhou. De acordo com o site, dos 41 locais pesquisados, 58,54% disseram ter observado queda no movimento. Segundo Abreu, muitos dos empreendedores ouvidos disseram aos pesquisadores que a clientela já não consome como antes.


“A pesquisa foi feita em locais tradicionais da cidade, que fazem a economia girar na capital. Observamos que, com as promoções dos supermercados para os preços das bebidas, muitas pessoas estão bebendo em casa. Além disso, os consumidores perderam seu poder de compra”, analisa o diretor do site. Alguns proprietários reclamam da conta de luz e do aluguel a pagar.


ATRÁS DE DESCONTOS


“O movimento caiu cerca até 40%. As pessoas estão deixando de sair de casa até mesmo aos sábados”, comenta uma das sócias do Bar Tonho, no Bairro Vera Cruz, na Região Leste de BH, Eliane Carvalho. Ela conta que no estabelecimento, instalado há 11 anos na capital, os preços das cervejas e das porções foram mantidos desde o ano passado. “Não está dando para reajustar”, afirma.


No Buteco da Carne, no Bairro de Lourdes, na Região Centro-Sul, o dono Rômulo César conta que o movimento não caiu no estabelecimento graças ao preço dos produtos. Todas as cervejas baratearam, de acordo com o proprietário, passando de R$ 9,80 para R$ 8 (Brahma e Skol) ou R$ 9 (Original). “Estamos o tempo todo negociando com os fornecedores e conseguindo descontos”, revela.


O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em Minas Gerais, Ricardo Almeida, diz que a expectativa para o fim do ano não é das melhores. “Um em cada três estabelecimentos vai fechar as portas. Isso não ameaça o título da capital dos botecos, mas haverá menos bares pela cidade”, prevê. Ele ressalta que os preços mais baixos podem ser um caminho perigoso para os comerciantes, porque a estratégia mexe na margens de lucro. “A indústria não diminuiu o preço e, por isso, redução nos valores pode ou não funcionar”, alerta.

PETISCOS


A pesquisa do site Mercado Mineiro mostrou também que a porção de picanha encareceu 2,18%, comparando-se o custo em abril, de R$59,19 e o pesquisado neste mês, de R$60,48. A porção de lombo na chapa ou na brasa que custava, em média, R$38,78, sofreu aumento de 1,75%, passando a ser vendida por R$ 39,46. A remarcação é justificada, para Abreu, em razão da alta no preço da carne nos últimos meses. Em BH, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a carne foi reajustada em 6,79% nos últimos 12 meses. No Brasil, o aumento foi de 5,84% nos preços.

TURBULÊNCIA
58,54%
É o percentual de bares que notaram queda no movimento em BH

Principais motivos

» Redução no poder de compra do consumidor
» Clientela prefere beber em casa a ir ao bar
» Promoções de supermercados para as cervejas


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