(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Depois do sucesso da cachaça, 'Região de Salinas' agora é marca

Capital da bebida artesanal vai emprestar sua fama a produtos e serviços de cinco municípios, que receberão selo de qualidade


postado em 28/07/2016 06:00 / atualizado em 28/07/2016 10:41

Alambiques legalizados estão entre as exigências do novo selo (foto: Sebrae/Divulgação )
Alambiques legalizados estão entre as exigências do novo selo (foto: Sebrae/Divulgação )
 Hoje é um dia especial em Salinas, a capital mundial da cachaça artesanal, no Norte de Minas Gerais, a 660 quilômetros de Belo Horizonte. A fama conquistada pela bebida – o preço de algumas marcas supera o de tradicionais uísques escoceses – será “emprestada” a outros produtos e serviços daquelas bandas, com o lançamento da marca “Região de Salinas”. A novidade promete ampliar o mercado nacional e abrir novas portas no exterior.

A estratégia, na prática, se resume à aplicação de um selo idêntico tanto nos rótulos das cachaças quanto nos de outros produtos, desde que também fabricados na região e atestados como de boa qualidade. É como se as caninhas de Salinas avalizassem mercadorias de outros gêneros na cidade.

O selo, por exemplo, poderá constar em embalagens dos requeijões, da mesma forma que prestadoras de serviços, como hotéis, também poderão explorá-lo. A empresa que desejar usar o selo será avaliada por técnicos da Associação dos Produtores Artesanais de Cachaça de Salinas (Apacs), detentora da marca, elaborada em parceria com o Sebrae Minas.

Produtores associados já têm o selo garantido. As empresas de outros gêneros, contudo, só o receberão se aprovadas pelos técnicos da Apacs e seguirem um regulamento que será elaborado para esse fim. Para os envolvidos no processo, o selo ajudará a combater a falsificação e abrirá o mercado.

A empresa que desejar usar o selo será avaliada por técnicos da Associação dos Produtores Artesanais de Cachaça de Salinas (Apacs)(foto: Sebrae/Divulgação )
A empresa que desejar usar o selo será avaliada por técnicos da Associação dos Produtores Artesanais de Cachaça de Salinas (Apacs) (foto: Sebrae/Divulgação )
“Isso dá segurança ao consumidor de que o produto foi feito em nossa região. Ainda ajuda a combater a falsificação, além de nos fortalecer no mercado externo e interno”, avalia Aldeir Xavier, presidente da entidade e dono da cachaça Sabiá. O analista do Sebrae Filomeno Bida destaca que a marca “Região de Salinas” fortalece o associativismo. “Será elaborado um regulamento para as empresas que não produzem cachaça artesanal e desejam participar da marca”, informa. “A partir da organização dos produtores, trabalharemos sua identidade com foco em novos mercados. O objetivo é fortalecer marca e origem junto aos compradores e consumidores”, acrescentou o também analista da entidade Ricardo Boscaro.

BOA VIZINHANÇA A marca “Região de Salinas” alcançará também produtores e prestadores de serviço de mais cinco municípios vizinhos à capital mundial da cachaça artesanal: Fruta de Leite, Novorizonte, Rubelita, Santa Cruz de Salinas e Taiobeiras. Todos foram emancipados de Salinas, herdando o chamado modo de fazer a caninha.

As seis cidades reúnem cerca de 100 fabricantes de aguardente, responsáveis por uma produção anual em torno de 15 milhões de litros. A fama da bebida se deve, sobretudo, ao clima e à terra da região, que garantem boas lavouras de cana-de-açúcar e contribuem para a qualidade da bebida.

A forma de preparo da bebida também ajuda. Tanto que, no fim de 2012, a região formada pelos seis municípios conseguiu o registro no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) como Indicação Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência (IP).

O modo de preparo exige condições como a fermentação caipira (à base de milho). O processo não pode ser acelerado. Outra imposição é a origem da cana, necessariamente do território. O alambique também precisa ser legalizado. “Esses foram alguns dos requisitos exigidos pelo INPI para que, agora, possamos comemorar a conquista da marca 'Região de Salinas'”, disse Boscaro.

Lucas Mendes, produtor da cachaça Tábua, está animado com o selo: “O consumidor terá a garantia de adquirir produtos que preservam as características da região. Também seremos favorecidos no combate à falsificação”.


A partir da organização dos produtores, a identidade será trabalhada com foco em novos mercados(foto: Sebrae/Divulgação )
A partir da organização dos produtores, a identidade será trabalhada com foco em novos mercados (foto: Sebrae/Divulgação )


Memória

Havana, o mito
Uma das cachaças artesanais mais famosas do mundo, a Havana começou a ser produzida em 1946 por Anísio Santiago (1912-2002). Muitas histórias rodeiam tanto o fabricante quanto a bebida, cuja garrafa de 600ml pode ser encontrada acima dos R$ 400. Os mais antigos contam que houve uma época em que Anísio pagava funcionários com garrafas da caninha. Outros destacam que compradores que foram à fazenda na tentativa de adquirir toda a produção perderam tempo. A marca criada por Anísio foi alvo de uma das batalhas judiciais mais longas enfrentadas pelo país. Em 2001, a família não conseguiu registrar o nome da Havana nos órgãos competentes por causa de uma notificação da produtora de rum Havana Club. A bebida, então, começou a ser comercializada com o rótulo Anísio Santiago. Dez anos depois, a Justiça Federal deu ganho de causa aos descendentes do produtor. Hoje, a fazenda fabrica os dois rótulos.

 

Acordo internacional
O Brasil assinou com o México o Acordo para o Reconhecimento Mútuo da Cachaça e da Tequila. Enquanto a bebida mexicana é protegida em mais de 46 países, incluindo a União Europeia, o México é o terceiro país a reconhecer a cachaça como um destilado exclusivo do Brasil. Antes, apenas Estados Unidos e a Colômbia reconheciam a bebida como destilado genuinamente brasileiro. As negociações entre os dois países estavam em andamento há alguns anos, mas foi a partir de junho de 2014, com a renovação de um convênio firmado entre o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac) e o Conselho Regulador de Tequila (CRT), que a movimentação em torno do processo de reconhecimento recíproco recebeu maior atenção do governo. Enquanto em 2015 o México exportou mais de 180 milhões de litros para mais de 120 países, o Brasil exportou pouco mais de 7 milhões de litros para 61 países.

 

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)